Autor: Eleutério F. S. Prado[1]
O livro não é novo, mas a sua tese precisa ser recuperada, pois com o passar dos anos tornou-se ainda mais relevante. O homem sem gravidade – gozar a qualquer preço foi publicado, em 2003, na França e, em 2008, no Brasil. Ele contém uma longa conversa entre dois psicanalistas franceses, Charles Melman e Jean-Pierre Lebrun.
O primeiro deles alçara, nesse domínio do saber, uma questão associada à emergência e à difusão do neoliberalismo a partir do fim dos anos 1980. E ela, agora, na passagem do milênio, tornara-se motivo de um debate que buscava uma melhor compreensão do tema. O livro retrata, pois, essa discussão. Eis, pois, o núcleo da tese levantada: com a vitória do liberalismo, “passou-se de uma cultura fundada no recalque dos desejos e, portanto, da cultura da neurose, para uma outra que recomenda a sua livre expressão e que promove a perversão” (Melman, 2008, p. 15).
Essa mudança – é preciso mencionar neste momento – captura parte de todas as classes da sociedade, ainda que de diferentes modos. A burguesia se sente mais justificada para apertar a classe trabalhadora, a classe média embarca na aventura de se ver como capital humano, como uma empresa, os trabalhadores de mais baixa renda se sentem desamparados na luta pela sobrevivência e entram para as igrejas evangélicas e pentecostais.
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ntemporânea. Eis que faz referência a uma tendência bem evidente para muitos que ousam pensar criticamente: quase tudo na vida social, atualmente, tende a se subordinar aos imperativos do sistema econômico. Ademais, a lógica de comportamento humano vigorante nas relações mercantis estão cada vez mais se infiltrando em todos os domínios da sociedade.

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