Da teoria econômica do socialismo – III

Conclui-se hoje a publicação neste blog do artigo seminal de Fikret Adaman e Pat Devine que versa sobre as alternativas teóricas existentes que ousaram repensar o socialismo, agora como socialismo radicalmente democrático. Manteve-se o título escolhido por eles, mas, para evitar confusão, realça-se fortemente que o texto e os seus argumentos se encontram no campo da economia política.

Todos eles, como já se afirmou anteriormente, pretendem superar a tese de que o futuro do socialismo é uma impossibilidade prática. Ademais, todos eles mantêm uma premissa implícita; “os socialistas democráticos acreditam que a democracia capitalista é capitalista demais para ser totalmente democrática” (Joseph M. Schwartz em A crise do liberalismo é a promessa do socialismo, em Jacobin Brasil, 2019). Ademais, nunca desaparece totalmente o risco de que se torne um autoritarismo…

Em consequência, os novos socialistas realmente “novos” não pretendem abolir o liberalismo realmente existente, mas sim, conservá-lo e ampliá-lo para superar algumas de suas deficiências. Um verdadeiro “florescimento da individualidade humana” não pode acontecer quando os seres humanos estão ainda submetidos à relação de capital. Mas também é necessário que fiquem estritamente garantidos, de modo institucional, os direitos civis e políticos postos na época moderna.

As alternativas discutidas em Da teoria econômica do socialismo se encontram num campo de um debate secular sobre a possibilidade e sobre a fertilidade (eficácia e eficiência) de uma nova experiência de socialismo. Como se sabe, a escola austríaca moderna (Mises e Hayek são os seus principais autores) contestam com argumentos fortes não só o último predicado desejável do socialismo, mas também o primeiro.

A terceira parte do artigo se encontra aqui: Da teoria econômica do socialismo – Parte III

Da teoria econômica do socialismo – II

Continua-se hoje a publicação neste blog do artigo seminal de Fikret Adaman e Pat Devine que versa sobre as alternativas teóricas existentes que ousaram repensar o socialismo, agora como socialismo radicalmente democrático. Todos eles, mantendo-se no campo da economia política rigorosa, pretendem superar a tese de que o futuro do socialismo é uma impossibilidade prática.

Todos eles, por isso mesmo, partem de um fracasso: como dizem os autores do primeiro artigo, “o modelo marxista clássico, entendido como planejamento centralizado de todas as decisões de produção, foi desacreditado pela experiência soviética”. Ao mesmo tempo, persiste no tempo um debate secular sobre a possibilidade e sobre a fertilidade de uma nova experiência de socialismo. Essa questão tem sido abordada dentro do chamado “debate sobre o cálculo socialista”, o qual já tem mais de um século de existência.

Na segunda parte do artigo que agora vem a luz, os autores mencionados apresentam e discutem a alternativa que é usualmente chamada de “socialismo de mercado”. Trata-se este de um modelo de socialismo que abole a propriedade privada dos meios de produção, substituindo-a pela propriedade social ou comum dos próprios trabalhadores. No entanto, continua mantendo os mercados como fonte de articulação e de coordenação das unidades de produção entre si e entre elas e os consumidores.

A segunda parte do artigo se encontra aqui: Da teoria econômica do socialismo – Parte II

Da teoria econômica do socialismo – I

Inicia-se hoje neste blog a publicação de uma série de artigo teóricos que versam sobre o futuro (incerto) do socialismo. Na verdade, todos os textos a serem aqui ventilados guardam a característica de ficarem no campo da economia política rigorosa e, portanto, teórica. Eis que o socialismo, hoje, parece uma má utopia e não uma alternativa realista.

Como dizem os autores do primeiro artigo, Fikret Adaman e Pat Devine, com a queda do socialismo soviético “os socialistas de todos os tipos foram afetados por uma profunda perda de confiança e rebaixamento de expectativas (…) A razão subjacente para essa perda de confiança é que a conjuntura histórica coincide com uma profunda crise da teoria socialista, acima de tudo da teoria de uma economia socialista”.

Uma das consequências desse refluxo do socialismo é que ele só poderá se tornar viável como alternativa se puder se constituir como um socialismo radicalmente democrático. Existem, no entanto, várias tentativas de pensar o pós-capitalismo que pretendem preencher esse vácuo. E o primeiro artigo aqui publicado – em três partes – faz uma bela apresentação dessas tentativas.

A primeira parte do artigo se encontra aqui: Da teoria econômica do socialismo – Parte I