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Sobre Eleutério F S Prado

Professor da Universidade de São Paulo Área de pesquisa: Economia e Complexidade

Quem está vencendo a guerra comercial iniciada por Trump?

Ben Norton [1] – Blog do Substack – 02/11/2025

A economia dos EUA é vulnerável e muito mais dependente da China do que vice-versa. A prova disso é a trégua na guerra comercial de um ano que Donald Trump estabeleceu em sua reunião com o presidente Xi Jinping. Eis que Trump, como ficará demonstrado nessa postagem, está claramente perdendo a guerra comercial com a China

Trump realizou uma importante reunião com o presidente da China, Xi Jinping, na cidade sul-coreana de Busan, em 30 de outubro. Lá, eles chegaram a um novo acordo, que equivalia a uma trégua de um ano. O governo dos EUA concordou em suspender a maioria das medidas punitivas que havia imposto à China desde abril de 2025, essencialmente trazendo a situação de volta ao que era em janeiro, quando Trump assumiu o cargo para seu segundo mandato.

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História natural e natureza histórica

Autora: Susan Buck-Morss [1]

Adorno formulou sua concepção de história muito cedo; apresentou-a num discurso na Kantgesellschaft (Sociedade Kant), em julho de 1932, em Frankfurt. Como aconteceu com seu programa de filosofia de 1931, esse discurso nunca foi publicado por Adorno. Entretanto, manteve um significado duradouro em sua teoria, já que ele o incorporou ao seu argumento (e até mesmo o citou diretamente) em seu estudo de 1966, que ficou conhecido como Dialektik Negative (Dialética Negativa).

Embora a linguagem do documento mostre Adorno em sua forma mais obscura, isso não se constitui num obstáculo intransponível à compreensão, quanto se tem em conta os pontos que já foram esclarecidos. Na verdade, serve para ilustrar esses pontos por meio de um documento concreto.

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Um “nobel” para um neoshumpteriano!

Autor: Cédric Durand [1]

A abordagem neoschumpeteriana de Philippe Aghion – coautor de O Poder da Destruição Criativa (2021), entre muitos outros livros – teve uma influência significativa na política econômica europeia desde a virada do século. No mês de outubro, ele recebeu, com dois outros economistas, o Prêmio Sveriges Riksbank em memória de Alfred Nobel, o prêmio de maior prestígio na disciplina. O comitê que o escolheu para recebê-lo elogiou a sua suposta teoria sobre como a inovação fornece o ímpeto para o crescimento.

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Gerar informação gera mais-valor?

Autor: Eleutério F. S. Prado [1]

Introdução

Uma escrita enigmática, às vezes, costuma medrar no campo lacaniano. Os psicanalistas que aí lavram apreciam aparecer como defensores do esclarecimento; contudo, não deixam de se expressar por meio de um discurso de difícil acesso, recheado às vezes com fórmulas herméticas.

Aqui se vai comentar um tópico específico de um escrito de Jorge Alemán que prima pelo esforço de ser acessível e claro nos limites do possível. Contrariando a tendência obscurantista aludida, combina psicanálise e sociologia marxista para pensar o advento das “novas extremas-direitas” no capitalismo contemporâneo.  Para começar, cita-se um trecho de uma seção de seu livro recém-publicado[2] que ele achou por bem denominar de “mais-valia informacional e democracia refém”:

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Crítica à filosofia de Heidegger

Niilismo do sujeito moderno [1]

Autor: Matthew McManus

Heidegger ocupa uma posição curiosa como pensador de extrema-direita. Como Nietzsche, ele é inegavelmente um filósofo brilhante. O trabalho de Heidegger teve uma influência verdadeiramente surpreendente na cultura intelectual mais ampla, inclusive em todo o espectro político. Autores tão diversos como Jacques Derrida, Jordan Peterson, Richard Rorty e Alexander Dugin o descreveram como uma influência formativa. Por outro lado, porém, ao contrário de Nietzsche. Heidegger aderiu o seu nome e prestígio ao partido político mais sinistro de todos os tempos.

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O que é que a extrema direita é?

Autor: Eleutério F. S. Prado [1]

De Marx a Adorno

Muitos estudos do extremismo de direita, que genericamente chamam de fascismo, baseiam-se no escrito Teoria freudiana e o padrão de propaganda fascista [2] de Theodor Adorno, de 1951. Trata-se, como se sabe, de um texto superposto a dois outros: eis que discute o escrito Psicologia das massas e análise do eu [3] de Sigmund Freud, de 1921, o qual, por sua vez, discute o escrito Psicologia das massas de Gustav Le Bon, de 1895, e o escrito A mente dos grupos [4] de William McDougall, de 1920. Os últimos três, portanto, vieram à luz antes da ascensão do fascismo histórico. O primeiro, ao contrário, enfrentou a questão de compreender esse câncer social depois que ele foi derrotado na II Guerra Mundial.  

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A próxima crise financeira nos Estados Unidos

Autor: Şebnem Kalemli-Özcan [1] – Project Syndicate – 17 de outubro de 2025

Apesar da erosão sistemática da capacidade dos Estados Unidos de criar riqueza no longo prazo, os mercados de títulos e os investidores parecem ter adormecido ao volante. Mas sua complacência não é o resultado da ignorância. Trata-se de uma escolha altamente lucrativa – e extremamente arriscada. Contudo, os investidores financeiros, inebriados na atividade especulativa, não podem lucrar com a complacência para sempre

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“E Marx não conheceu a internet…”

Jorge Novoa [1] e Eleutério F. S. Prado [2]

Crítica ou alavanca?

Que não se assustem os eventuais leitores! A frase inesperada, que aparece aqui como título da presente nota – e que encerra um anacronismo espantoso –, encontra-se num artigo de Marcos Dantas. Com mais precisão, ela está presente em seu escrito, Uma mercadoria ‘sui generis[3], o qual foi publicado aqui no portal A terra é redonda. Por meio dele, esse autor buscou entrar numa pequena, mas necessária, controvérsia.  

Apareceu aí com o objetivo aparente de criticar outro artigo, Crítica da teoria do valor atenção,[4] que fora publicado nesse mesmo portal, assinalando os equívocos do protoprojeto teórico anunciado no escrito Em busca de uma teoria do valor-atenção. [5]  Aí tão somente se dedicou algum esforço para corrigir um erro crasso, mas muito difundido, sobre uma suposta formação de valor econômico na esfera da comunicação.

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A bolha de IA e a economia dos EUA

Autor: Michael Roberts

The next recession blog – 14 de outubro de 2025

O mercado de ações dos EUA continua a atingir novos recordes (vide gráfico); o preço do bitcoin também está alcançando níveis máximos e o preço do ouro disparou em relação aos seus valores históricos.

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Ouro: o que está por trás do boom?

Michael Roberts – The next recession blog – 9/10/ 2025

Esta semana, o preço do ouro em dólares americanos atingiu US $ 4.000 por onça-troy (que equivale a 24,3 gramas de ouro). Esta é uma alta histórica (pelo menos em dólares nominais). Mas mesmo essa alta parece destinada a ser superada. O banco de investimento Goldman Sachs prevê que chegará a um valor de US $ 4.900 por onça-troy até o final do ano. Note-se que preço do ouro em outras moedas importantes também tem se elevado.

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