Questionando a teoria da preferência revelada

Na vídeo-aula anterior foi feita uma crítica radical – ou seja, que toma das coisas pela raíz – da teoria da utilidade que embasa a teoria neoclássica ensinada nos cursos de graduação em Economia. Essa aula foi denominada de Questionando a noção de utilidade.

Agora, traz-se aqui uma nova vídeo-aula com o objetivo de criticar a teoria neoclássica mais “avançada” e que é ensinada nos melhores cursos de pós-graduação, inclusive empregando topologia real – ou análise matemática. Tais “avanços” pretendem ter superado os vícios lógicos da teoria da utilidade original. Critica-se, assim, a teoria da preferência revelada mostrando que ela padece também de vício lógicos.

Argumenta-se que a teoria neoclássica não é ciência, mas apenas um saber tecno-normativo que visa defender certo tipo de política econômica, mais do interesse das classes dominantes.

 

Questionando a noção de utilidade

Vídeo

Os livros de microeconomia tratam da “utilidade” como se esta fosse algo bem evidente. “Os economistas” – diz um deles – “conceituam “utilidade” como uma singularidade que torna uma mercadoria desejada. Trata-se de um fenômeno subjetivo, porque cada pessoa é diferente da outra”. “Qualquer bem ou serviço deliberadamente consumido proporciona utilidade”.

É mesmo? O que é afinal utilidade?

No vídeo apresentado em sequência, a noção de utilidade é questionada. Apresenta-se como diversos economistas importantes na História do Pensamento Econômico a compreenderam e se mostra, em sequência, que ela é vazia ou uma transfiguração subjetiva do dinheiro. Questiona-se, finalmente, se a teoria neoclássica é de fato uma teoria científica.

O discurso autoritário do economista mainstream

Os economistas de centro-direita tem se esforçado para criticar as políticas econômicas do PT. Em geral, com essa intenção, eles não fazem referência aos objetivos desse partido político na condução do governo. Como se sabe, as políticas do PT nessa área tinham uma certa coerência: procuraram melhorar a repartição da renda, elevar os ganhos dos mais pobres, sem mudar as instituições que balizam o funcionamento do sistema capitalista realmente existente.

O Partido dos Trabalhadores, como se sabe, apesar de alguma retórica, não é e nunca foi um partido socialista. Na verdade, a sua política econômica nunca deixou de manter e promover o capitalismo tal como o herdou dos governos do PSDB. Note-se que ele nunca quis enfrentar o problema da desindustrialização e da reprimarização. Ora, a economia capitalista no Brasil, após a década perdida dos anos 1980, tem se mantido num padrão de lento crescimento que deve ser classificado como (neo) liberal e dependente.

Alguns economistas de centro-direita sustentam mesmo que “as políticas equivocadas dos petistas, ignoradas por Lula e seu partido, produziram crise e alimentaram a ascensão da extrema direita”. Ora, essa acusação, em primeiro lugar, ignora que as crises são inerentes ao capitalismo. Na verdade, como crítica, é destemperada e mesmo falsa.

Note-se por isso, em segundo lugar, que ela ignora que a ascensão da extrema direita foi alimentada por uma operação anticorrupção levada a efeito pelo judiciário, mas orientada politicamente inclusive por interesses externos. Como se sabe, a corrupção é endêmica na política brasileira e dela participaram tanto o PT quanto o PSDB, assim como quase todos os outros partidos políticos existente no Brasil.

Este post encaminha uma nota que procura fazer uma crítica mais geral ao padrão de argumentação dos economistas em geral, em particular dos economistas que se pautam pela teoria neoclássica. Baseia-se fortemente na teoria dos discursos de Jacques Lacan, para dizer que os economistas do “mainstream” costumam fundar a sua arenga numa cientificidade impessoal e positiva, supostamente isenta de valores morais e políticos, que funciona como um “grande Outro”.

Desse modo – sustenta-se enfaticamente – eles se sentem fortes tanto para recusarem toda crítica que atinge o sistema enquanto tal, quanto para se desresponsabilizarem quanto às consequências funestas, socialmente desastrosas, das políticas de prescrevem ou ajudam a implementar.

Quando chegam ao poder, promovem sistematicamente a concentração da renda nos estratos mais altos sem se sentirem minimamente culpados pelo feito. Afinal, acham-se muito competentes numa cientificidade matemática (Economics) que, por ter esse caráter, é julgada implicitamente melhor do que aquelas que se sustentam no campo da Economia Política. A matemática é o grande Escudo e a grande Espada da teoria econômica vulgar, ou seja, aquela que apreende apenas os nexos externos entre os fenômenos.

O texto está aqui: O discurso autoritário do economista mainstream

O mau humor do “mercado”

Taxa de exploração no Brasil - 1990-2013 - IIIA eleição para o cargo de presidente da república se aproxima no Brasil. A disputa pela orientação de política econômica do futuro governo se acirra conforme se acirra a disputa política dos próprios candidatos. Sobem os tons das críticas à política econômica da presidente Dilma e do ministro Mantega. Mas, afinal, o que está centralmente em jogo nesse debate? Numa nota curta, procura-se mostrar que a questão central pendente entre os economistas diz respeito, em última análise, ao grau de exploração da força de trabalho e, assim, da taxa de lucro – mesmo se aqueles envolvidos na querela parecem tratar de outra coisa ou tratam dela de um modo indireto, encoberto, elusivo. Toma-se partido aqui, entretanto, por uma alternativa ao existente que não está sendo posta em pauta, mas que vem a ser a única saída racional para uma civilização em crise profunda.

Para ler o texto, clique aqui: O mau humor do mercado

Teoria espetáculo

Teoria econômica de mercado

Segue um trecho da nota. A imitação de mercado em que compete a produção acadêmica  foi criada propositadamente, não emergiu espontaneamente no curso da história. A transformação da produção científica em algo que tem a forma de mercadoria foi posta intencionalmente por meio da criação de todo um sistema de avaliação centrado na quantificação. Com essa invenção institucional se importou para a esfera da academia na sociedade atual – que nunca foi santa, mas que permitia e respeitava em certa medida o trabalho sério – não apenas a forma mercadoria, mas também o fetiche da mercadoria. Na esfera do saber econômico, a matemática e a estatística, que são saberes reais em si mesmos, se tornaram suportes de saberes irreais que se afirmam por meio da forma e não pelo conteúdo.

Ver o texto completo em Notas/Posição 6.

Microdinâmica

Desafios à teoria neoclássica

Nesse artigo busca-se examinar criticamente o suposto mais importante da teoria neoclássica, ou seja, aquele que afirma serem as preferências subjetivas os fundamentos dos preços. Questiona-se a plausibilidade dessa construção paradigmática elaborando modelos econômicos focados de sistemas adaptativos complexos. Estes divergem da microeconomia tradicional por permitirem a interação descentralizada de grandes coleções de agentes heterogêneos, em ambientes que também se encontram em permanente processo de mudança. Faz-se, portanto, exercícios de microeconomia sistêmica, não reducionista. O método aqui empregado costuma ser denominado de modelagem computacional baseada em múltiplos agentes, vindo a ser também, frequentemente, encarado como meio de investigação social baseado na construção de sociedades artificiais. O artigo se inspira fortemente no livro Growing artificial societies – social science from the bottom up, de Epstein e Axtell (1996), que o utilizou de modo ilustrativo e exemplar na investigação abstrata de processos de coevolução que combinavam sub-processos demográficos, econômicos, culturais, etc., os quais são em geral tratados separadamente em campos científicos pertinentes. Em particular, eles examinaram certos processos dinâmicos associados ao evolver de uma economia de troca, os quais serão aqui retomados.

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