Um “nobel” para um neoshumpteriano!

Autor: Cédric Durand [1]

A abordagem neoschumpeteriana de Philippe Aghion – coautor de O Poder da Destruição Criativa (2021), entre muitos outros livros – teve uma influência significativa na política econômica europeia desde a virada do século. No mês de outubro, ele recebeu, com dois outros economistas, o Prêmio Sveriges Riksbank em memória de Alfred Nobel, o prêmio de maior prestígio na disciplina. O comitê que o escolheu para recebê-lo elogiou a sua suposta teoria sobre como a inovação fornece o ímpeto para o crescimento.

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Crises geradas pelos criptoativos virão

Autor: Simon Johnson [1] – Project Syndicate – 4/08/2025

Tendo adotado uma importante legislação sobre moeda digital (a Lei GENIUS e a Lei CLARITY foram ou estão sendo aprovadas na Câmara dos Representantes), os Estados Unidos estão prestes a se tornarem um importante centro de atividades relacionadas às criptomoedas. Tomando literalmente o que o presidente Donald Trump, os Estados Unidos da América do Norte estão se tornando a “capital mundial da criptomoeda”. Mas aqueles que apoiam a nova legislação deveriam ter mais cuidado com aquilo que desejam.

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O que vem depois da globalização?

Introdução IHU

O mundo está entrando em uma nova era. Os países ricos adotarão uma política dupla: abandonar a globalização neoliberal internacionalmente e promover um projeto neoliberal internamente

Depois de duas fases de globalização [1ª onda e 2ª + 3ª ondas no gráfico abaixo], “o mundo está entrando em uma nova era [indicada pela 2ª reversão no segundo gráfico em sequência] na qual os países ricos adotarão uma política dupla incomum: abandonar a globalização neoliberal internacionalmente e promover resolutamente um projeto neoliberal internamente”, afirma o economista Branko Milanovic.

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Do anarcocapitalismo à auteridade

Michael Roberts – The next recession blog – 15/04/2025

No dia 14 de abril, o FMI anunciou que concordou em emprestar ao governo argentino Milei mais US$ 20 bilhões (além das dívidas existentes contraídas no passado) para ajudar o governo a cumprir suas obrigações de dívida e restaurar as suas reservas cambiais em rápida queda. O acordo de empréstimo liberará US$ 12 bilhões iniciais, com mais US$ 3 bilhões chegando no final do ano.  

O governo diz que deve receber US$ 28 bilhões somente em 2025, incluindo US$ 15 bilhões de dinheiro do FMI, US$ 6 bilhões de outros credores multinacionais, US$ 2 bilhões de bancos globais e US$ 5 bilhões da extensão de um swap cambial com a China. Milei se gabou de que “o que o seu governo terá uma montanha de dólares“; eis que tema meta de dobrar as reservas cambiais brutas para US$ 50 bilhões.

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Economia do lado da oferta

Autor: Martijn Konings – Sidecar – 24 janeiro 2025

O renascimento da “economia do lado da oferta” keynesiana e uma política industrial proativa sob o governo Biden pareciam marcar uma mudança significativa. Os neoliberais há muito insistiam que os governos deixassem as forças da globalização do mercado se desdobrarem, acomodadas pela garantia de um ambiente não inflacionário por meio de uma política fiscal e monetária austera.

Mas a crise financeira global e o crescimento dramático do apoio governamental aos mercados financeiros que se seguiram sugeriram que os mercados não eram tão suavemente autorregulados ou “livres” da autoridade pública como se afirmava. As medidas de emergência implementadas durante a pandemia, que ampliaram a rede de segurança financeira muito além do setor bancário, impulsionaram essas ideias para o mainstream.

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Estagnação e gastos militares

Autor: Eleutério F. S. Prado[1]

Eis uma pergunta interessante feita por Michael Roberts: “podem os gastos militares despertar as economias que estão presas numa depressão tal como se encontram as economias europeias desde 2009?”[2] Muitos economistas acreditam que sim, em especial os keynesianos que raciocinam centralmente sobre o nível da atividade econômica a partir da demanda agregada. Para eles, um estado estagnação pode ser superado por meio de gastos deficitários do Estado.

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O plano mestre de Trump segundo Yanis Varoufakis

Publica-se em sequência um escrito de Yanis Varoufakis em que ele tenta encontrar uma racionalidade mais substantiva na política econômica de Donald Trump. Talvez seja apenas uma enormidade já que a sua tese não parece estar apoiada em documentos abalizados. Mesmo se provém de seu estilo altisonante, talvez ajude a compreender melhor essa política.

Autor: Yanis Varoufakis [1] – Sin Permiso [2] – 27/02/2025

Diante das medidas econômicas do presidente Trump, os seus críticos centristas oscilam entre o desespero e uma fé pungente de que seu frenesi tarifário desaparecerá. Eles assumem que Trump vai bufar até que a realidade revele a falsidade de seu raciocínio econômico. Eles não se deram conta do seguinte:  a imposição de tarifas feita por Trump faz parte de um plano econômico global sólido, mesmo que seja inerentemente arriscado.

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A tese de Pettis e a economia da China

As tarifas ajudarão a reequilibrar a economia global (e a economia chinesa)?

Noah Smith – Blogue Noahpinion – 16 de janeiro de 2025. Eis aqui o segundo artigo que examina a política econômica que se vale fundamentalmente de tarifas. 

Fonte: Brad Setser

Este post (…) versa sobre a economia da China e a situação do comércio internacional, em vez de tratar de guerra e conflito.

A China tem um enorme e crescente superávit comercial, como se pode ver no gráfico acima. Esse gráfico é de Brad Setser, um autor conhecido por ser um exército de um homem só em termos de rastreamento do comércio global e dos fluxos financeiros. (…) Curiosamente, é preciso ver que as exportações da China para o mundo em desenvolvimento são mais importantes do que suas exportações para os EUA e a UE, embora estas últimas tenham aumentado um pouco.

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Economia excepcional

Autor: MichaelRoberts – The next recession blog – 14/01/2025

Na próxima semana, o presidente dos EUA, Joe Biden, termina seu mandato, para ser substituído pelo Donald. Biden teria sido extremamente popular entre os norte-americano e provavelmente teria concorrido e conseguido um segundo mandato como presidente, se o PIB real dos EUA tivesse aumentado 4,5-5,0% em 2024, e se durante todo o seu mandato desde o final de 2020, o PIB real tivesse subido 23%; e se o PIB per capita real tivesse aumentado 26% nesses quatro anos. E ele teria sido parabenizado se a taxa de mortalidade por Covid durante a pandemia de 2020-21 tivesse sido uma das mais baixas do mundo e a economia evitasse a queda pandêmica na produção.

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A crise do capitalismo tardio e a banalidade do mal

Autor: Fernando Rosas [1] – 19/11/2024 – Portal Esquerda

A banalidade do mal fabricada pela alienação é o caminho aberto para o desastre que só a resistência contra hegemônica pode e deve travar.

O conceito de banalidade do mal foi adiantado por Hannah Arendt no livro publicado em Maio de 1963 sobre o julgamento de Adolf Eichmann em Jerusalém entre Abril de 1961 e Maio de 1962, data em que foi executado após confirmada a sua sentença de morte. Eichmann era o tenente-coronel das SS, destacado na Gestapo, a polícia política da Alemanha nazi, onde se tornara o principal “especialista” da “questão judaica”, vindo a ser responsável pela gigantesca operação logística que implicou o extermínio da população judia da Alemanha e de todos os países sob ocupação do III Reich.

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