Alta da inflação e risco financeiro

Michael Roberts – The next recession blog – 9/05/2021

A inflação está voltando nas principais economias capitalistas? À medida que a economia dos EUA (em particular) e outras grandes economias começam a se recuperar da queda produzida pela COVID-19, em 2020, a discussão entre os economistas mainstream vem a ser saber se a inflação nos preços de bens e serviços vai se acelerar nessas economias. E isso a ponto de os bancos centrais terem de apertar a política monetária, ou seja, parar de expandir a oferta de crédito no sistema bancário e aumentar as taxas de juros. Ora, se isso vier a acontecer, a contração poderia causar um colapso nos mercados de ações e de títulos, assim como a falência de muitas empresas mais fracas à medida que o custo do serviço da dívida corporativa aumente? 

A teoria dominante atual para explicar e medir a inflação apela às “expectativas de inflação”. Eis como uma publicação do mainstream em teoria econômica apresentou a situação nos EUA: “No longo prazo, um determinante chave das pressões de preços duradouras são as expectativas de inflação. Quando as empresas, por exemplo, esperam que os preços de longo prazo fiquem em torno da meta de inflação de 2% do Federal Reserve, é menos provável que ajustem preços e salários devido aos tipos de fatores temporários discutidos anteriormente. Se, no entanto, as expectativas inflacionárias se desvencilharem dessa meta, os preços podem subir de maneira mais duradoura”.   

Mas as expectativas devem estar fundadas em algo. As pessoas não são estúpidas. As expectativas das empresas e famílias sobre os preços, se eles vão subir ou não, isto depende de palpites ou estimativas de como e por quê os preços estão se movendo no presente. Além disso, as expectativas de aumentos de preços não podem explicar os próprios aumentos de preços. 

Continuar lendo

A economia norte-americana com Joe Biden

Michael Roberts[1]

Eis o dia da inauguração. Há, pois, um novo presidente nos Estados Unidos, país este que tem a economia e o estado capitalista mais poderosos do mundo. O mandato de quatro anos de Joe Biden começou quando Donald Trump fugiu para sua propriedade e campo de golfe na Flórida. Mas antes de ir, ele disse: “o meu movimento está apenas começando”.

Qual é a situação dos Estados Unidos no momento em que Biden assume o cargo? A pandemia COVID-19 causou enormes danos às vidas e aos meios de subsistência de milhões de americanos. O seu impacto foi muito pior do que poderia ter sido por vários motivos. Primeiro, o governo dos Estados Unidos, assim como os outros governos, nada fez para se preparar para a pandemia COVID-19. 

Como outras postagens explicaram, os governos foram devidamente alertados de que patógenos perigosos para a vida humana – e para os quais não havia imunidade – estavam aparecendo. Outras pandemias antes do COVID-19 já haviam aparecido. Mas a maioria dos governos não gastou em prevenção (pesquisa de vacinas, por exemplo) ou em proteção (provisão de recursos robustos para a saúde e sistemas de teste e rastreamento). 

Continuar lendo

O voo de Ícaro da economia norte-americana

A economia capitalista nos Estados Unidos da América do Norte, pelo critério do PIB, cresceu 2,2% no primeiro, 4,2% no segundo e 3,4 no terceiro trimestre de 2018. Por meio do do grau de desemprego vê-se que está quase na situação de ótimo, pois este chegou a 3,7% da força de trabalho em outubro de 2018, um valor expressivo e bem abaixo da média histórica de 5,7% entre 1948 e 2018. Teria ela, finalmente, superado a “grande recessão” – uma recuperação muito lenta que se seguiu à supercrise de 2008? Esta não parece ser a opinião de um conjunto expressivo de economistas ortodoxos que escreveram pequenos artigos no portal Project Syndicate. Como o que dizem se mostra bem interessante, apresenta-se um resumo interpretativo do conteúdo desses textos que se caracterizam por se manterem na tradição macroeconômica dominante.

O post se encontra aqui: O voo de Ícaro da economia norte-americana

EUA: crescimento em queda

EUA - A aguia caí

EUA – A águia cai

Descendo a ladeira:

A queda do crescimento nos Estados Unidos

 

O artigo examina o processo histórico de aumento da produtividade do trabalho no capitalismo mais desenvolvido, ou seja, primeiro, na Grã-Bretanha e, depois, nos Estados Unidos. Para fazê-lo, toma por base um estudo do economista neoclássico Roberto Gordon, o qual desafia o consenso vigente entre os economistas, pois afirma que o crescimento não é um processo contínuo e que este, em consequência, não durará para sempre. No artigo, apresenta-se em primeiro lugar a explanação desse autor para a evolução da produtividade do trabalho nos últimos séculos. Em suma, ela está baseada no efeito catraca das inovações tecnológicas as quais ocorreram durante as ondadas das revoluções industriais.  Apresenta-se, depois, uma explanação alternativa para a grande transformação do capitalismo e seu provável esgotamento com base nas concepções de Marx sobre os processos de produção da manufatura e da grande indústria. Procura-se, então, ir além das formulações originais de Marx. Examina-se, então, o processo de produção da pós-grande indústria, tendo em mente apreender as características específicas do capitalismo contemporâneo.

O texto se encontra aqui: Descendo a ladeira – A queda do crescimento nos Estados Unidos

Ou aqui:  Sitio da SEP