Dinheiro Fictício II

ouro-e-dolarO artigo “Do dinheiro-ouro ao dinheiro fictício” foi publicado, em inglês, pela revista Brazilian Journal of Political Economy (antes Revista de Economia Política). Agora postamos aqui a sua versão em português. O artigo tenta mostrar que a emergência do dinheiro puramente fiduciário pode ser explicada rigorosamente a partir de Marx. Ou seja, que essa explicação advém por meio de um adequado desenvolvimento da dialética da mercadoria e do dinheiro que se encontra em O Capital. Essa forma contemporânea de dinheiro, no entanto, não pode ser pensada como “signo do ouro”, ela é dita “fictícia”: eis que representa apenas valor esperado – e não valor efetivo.

Essa versão se encontra aqui: do-dinheiro-ouro-ao-dinheiro-ficticio

Dinheiro fictício I

Imagem do dolarDo dinheiro-ouro ao dinheiro fictício

No século XIX, o dinheiro aparecia sobretudo como dinheiro-ouro. Para Marx, que apreendia então a realidade econômica de seu tempo, o dinheiro-ouro era efetiva base dos sistemas monetário e de crédito. No final do século XX e no começo do século XXI, o dinheiro figura estritamente como dinheiro fiduciário. Ora, o desenvolvimento histórico do capitalismo teria mostrado, finalmente, que a sua teoria do valor e do dinheiro seria falsa?  Os marxistas têm se debatido continuamente com essa questão. O artigo procura mostrar que existe uma resposta para essa indagação. E que ela advém por meio de uma adequada apreensão da dialética da mercadoria e do dinheiro que se encontra em O Capital.

O artigo que desenvolve essa tese foi publicado na Brazilian Journal of Political Economyhttp://www.rep.org.br/PDF/142-2.PDF

Finança e imperialismo

The City, front cover of Verso bookEstá saindo um livro importante sobre o tema “finança e imperialismo”. Ele foi escrito por Tony Norfield. Originário de uma tese de doutorado na SOAS da Universidade de Londres, está sendo publicado pela Verso sob o título de The City – London and the global power of finance (em português:  A City Londres e o poder global das finanças). Nesse livro, a produção e a finança capitalista não são enxergadas como duas esferas analiticamente separáveis e que podem ser assim avaliadas distintamente como geradoras de bem-estar – um “erro” que costuma ser cometido por keynesianos e marxistas. Ao contrário, elas são vistas como esferas que formam uma unidade indissolúvel, uma simbiose de capitais funcionantes e financeiros, a qual existe e cada vez se integra mais para melhor extrair o mais-valor na economia capitalista. Como forma de indicar a sua leitura para os pesquisadores brasileiros da área, publica-se uma tradução da resenha do livro feita pelo notável blogueiro inglês que é conhecido pelo nome de Michael Roberts.

 

Michael Roberts bloga em https://thenextrecession.wordpress.com/

Tony Norfield bloga em http://economicsofimperialism.blogspot.co.uk/

 

A resenha se encontra aqui: O imperialismo britânico e poder global da finança.

Método de “O Capital”

Imagem do MarxFinalmente, depois de muito procurar, o autor deste blog encontrou um texto muito importante de Marcos Lutz Müller sobre o método de Marx. Eis o que diz o seu primeiro parágrafo: “A progressiva perda de especificidade metodológica do conceito de dialética, paralela à generalização do seu uso e à sua ampliação semântica, desembocou, hoje, nas versões não ortodoxas ou humanistas do marxismo, numa comprometedora diluição teórica do conceito, reduzido, muitas vezes, a um adjetivo pleonástico que qualifica um substantivo inexistente, ou, no marxismo-leninismo convertido em visão de mundo, no seu alinhamento ideológico, que evita voluntariamente aquela diluição pela invocação dogmática das três leis de Engels, reabilitadas em 1956.” Para ajudar a difundi-lo, a partir de agora, este texto está também publicado aqui: Muller – Exposição e Método Dialético em Marx

Horizonte do capitalismo

Ascensão e DeclinioPerscrutando o horizonte histórico do capitalismo

 Após vários séculos de desenvolvimento capitalista, não teriam se realizadas já certas condições objetivas para a superação desse modo de produção? As relações de produção que o caracterizam não estariam entravando o desenvolvimento das forças produtivas? A questão não é certamente fácil de responder. Entretanto, mesmo sem pretender chegar a uma conclusão definitiva, é possível observar certa tendência à estagnação, a qual se manifesta especialmente nas economias ditas desenvolvidas. Após sugerir, como base na noção de “causação cumulativa”, que a histórica do capitalismo pode ser dividida numa fase de ascensão e numa fase de declínio, examinam duas grandes evidências empíricas: aquela que mostra uma queda secular da taxa de lucro e aquela que examina a passagem histórica da grande onda de crescimento da produtividade do trabalho.  O artigo concluí que chegou o momento de repensar o pós-capitalismo, isto é, um novo socialismo, agora profundamente democrático, como uma possibilidade real, ou seja, como um parto necessário que talvez seja possível fazer acontecer.

O artigo está aqui: Perscrutando o horizonte histórico do capitalismo

 

Estagnação secular

Lagarde - Pequeno (2)A estagnação secular e o futuro do capitalismo

Este artigo examina uma tese bem polêmica do economista keynesiano Lawrence Summers sobre o futuro imediato do capitalismo. Tomando como referência a situação atual dos países desenvolvidos, esse autor tem sustentado que o sistema produtor de mercadorias – o qual chama de economia de mercado – entrou em estado de estagnação secular. Mesmo sem o desejar, ao fazê-lo, ele põe em questão a existência futura do capitalismo no século XXI. Argumenta-se, então, que esse autor constata os sintomas, mas é incapaz de descobrir a verdadeira doença congênita que está corroendo por dentro esse modo de produção. Mostra-se, então, que as suas “sacadas” apenas podem receber uma fundamentação adequada e rigorosa com base na teoria do valor e da acumulação de Karl Marx – uma velha teoria do século XIX.

O artigo foi publicado na Revista do NIEP e se encontra aqui: A estagnação secular…

http://www.marxeomarxismo.uff.br/index.php/MM/article/view/76

 

A grande desvalorização II

UMA NOTA COMPLEMENTAR

Examinou-se na nota anterior de mesmo nome, limitadamente, a tese central da corrente de pensamento marxista que se autodenomina de “crítica do valor”. De acordo com essa tese, a terceira revolução industrial, iniciada na década dos anos 60 do século XX, trouxe consigo um limite que o capitalismo não poderá superar: o decrescimento na produção de mais-valor decorrente do crescimento acelerado da produtividade do trabalho. Eis o que diz um autor destacado dessa corrente: “o capitalismo está chegando à sua crise final porque, com o crescimento da produtividade, agora a produção social total (global) de mais-valor apenas pode decrescer no longo prazo” (Ortlieb, 2014, p. 78). Nesta nota, complementar à primeira, pretende-se prosseguir e aprofundar aquele exame, discutindo agora certas condições necessárias para avaliá-la diante do desenrolar efetivo da realidade histórica contemporânea.

Numa nota futura pretende-se discutir como os autores dessa corrente apreendem a relação entre a queda da massa de mais-valor e o protagonismo do capital financeiro no capitalismo contemporâneo.

A nota complementar se encontra aqui: Queda da Massa de Mais-valor II

A grande desvalorização I

Imagem - La grande dévalorisation

Dois autores do grupo de pesquisadores da “crítica do valor”, Ernst Lohoff e Norbert Trenkle escreveram, em alemão, um livro muito interessante de interpretação da grande depressão, iniciada em 2008. Traduzido para o português, o título da obra fica assim: A grande desvalorização – porque a especulação e a dívida do Estado não são as causas da crise. O texto original foi publicado em 2012 e uma tradução para o francês apareceu em 2014: La grande dévalorisation… Nesta postagem, publica-se, primeiro, um resumo elaborado por eles mesmos da tese central do livro, o qual recebeu o seguinte título: A grande descarga de capital fictício. A versão aqui apresentada é despretensiosa, mas pretende estar de acordo com o texto original; ela foi elaborada a partir de uma tradução francesa do resumo escrito em alemão, a qual foi feita por Paul Braun. Ver http://www.palim-psao.fr/article-sur-l-immense-decharge-du-capital-fictif-par-ernst-lohoff-et-norbert-trenkle-108796981.html 

A interpretação da crise encontrada nesse livro está fundada numa conhecida tese de Robert Kurz segundo a qual, após a eclosão da terceira revolução industrial, o capitalismo entrou já na rota inexorável de seu próprio colapso. Pois, com ela, a produção social total de mais-valor, ao invés de crescer persistentemente como exige a lógica da acumulação de capital, passou a diminuir continuamente. Por isso, o grupo como um todo enxerga na enorme expansão financeira atual uma conclusão das contradições do próprio capital: por um lado, decorre de uma necessidade imanente da autovalorização do capital e, por outro, ocorre por meio de criação explosiva de capital fictício, capital fundado na apropriação possível de um mais-valor que, supostamente, será produzido no futuro. Como a massa de mais-valor está, segundo eles, declinando, o gigantesco volume de capital fictício assim criado não poderá se realizar enquanto tal. A valorização possível tornou-se, pois, impossível. Esses autores constatam, assim, que a relação de capital encontrou um limite que se revelará, ao fim e ao cabo, por mais que dure a agonia do sistema, como insuperável. O Reino de Hades é, pois, o seu destino…

Para explicar criticamente essa tese, publica-se também o pequeno texto Queda secular da massa de mais-valor – apenas uma nota explicativa.

A primeira encontra-se aqui: Da imensa descarga de capital fictício

A segunda encontra-se aqui: Queda da Massa de Mais-valor I

Dinheiro mundial inconversível

Dinheiro Interrogaçao

Volta-se nessa postagem ao artigo anteriormente divulgado sobre o dinheiro mundial inconversível. No texto anterior, primeiro, procurou-se apresentar a controvérsia brasileira sobre esse tema, a qual ressoou principalmente nas páginas da Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP). Em sequência, buscou-se desenvolver uma nova forma de compreender a emergência do dinheiro mundial sem valor intrínseco, que vem sendo considerado, como bem se sabe, um enigma para o pensamento marxista. Reapresentamos, agora, o artigo porque foi possível fazer certos aperfeiçoamentos conceituais que o tornaram – assim pensamos – mais rigoroso. A nova versão trabalha melhor – e explicitamente – as ilusões simétricas e complementares do fetichismo e do convencionalismo inerentes à compreensão do dinheiro no capitalismo. Para ler o artigo basta Da controvérsia brasileira sobre o dinheiro mundial inconversível.

Da crise e da inflação

Uma abordagem marxista

Desenvolve-se aqui uma nota sem grande pretensão de originalidade, tendo em mente preencher uma lacuna na literatura marxista circulante no Brasil, com uma finalidade didática. Investiga-se impacto e as consequências de certas mudanças tecnológicas nas taxas de lucros setoriais de uma economia capitalista em que prevalece, inicialmente, taxa de lucro uniforme. O objetivo do exercício teórico é estudar certas contradições inerentes ao processo de acumulação de capital. A partir delas, examinam-se, então, duas manifestações básicas dessas contradições: a crise de realização e a inflação. Para continuar lendo, basta Baixar aula 8 aqui