Bitcoin e outros falsos

O dinheiro digital, tal como bitcoin, é mesmo dinheiro? Se a pergunta é mantida nesse nível de generalidade, sem qualquer referência histórica, advirá dela uma reposta necessariamente errada. A pergunta certa que demanda uma resposta historicamente adequada é a seguinte: o bitcoin é dinheiro no capitalismo? Claus Peter Orlieb, um dos críticos do valor que escreve na revista Exit, dá uma resposta bem interessante para essa pergunta inesperada. Pois, ela desafia o senso comum das pessoas comuns e dos economistas vulgares do sistema tal como ele aí está.

Segundo ele, o bitcoin é uma espécie de dinheiro falso que não mais se disfarça numa aparência de dinheiro verdadeiro. Eis que, segundo ele, o próprio dinheiro fiduciário que circula agora nas economias capitalistas em geral, é também dinheiro falso (o autor desta introdução usaria o termo fictício). É, sim, falso, com uma diferença em relação ao que figura como dinheiro digital: por receber a chancela do Estado, ele se encontra devidamente disfarçado como dinheiro real. A partir dessa compreensão, ele tira também uma conclusão inusitada…

Eis que, para ele, o dinheiro-papel, que deixou de ser signo do ouro, não é um desenvolvimento “normal” ou “mais verdadeiro” do dinheiro, mas, ao contrário, uma forma histórica verdadeiramente irracional.

 Ver aqui: Do dinheiro digital e outros falsos

Dinheiro fictício I

Imagem do dolarDo dinheiro-ouro ao dinheiro fictício

No século XIX, o dinheiro aparecia sobretudo como dinheiro-ouro. Para Marx, que apreendia então a realidade econômica de seu tempo, o dinheiro-ouro era efetiva base dos sistemas monetário e de crédito. No final do século XX e no começo do século XXI, o dinheiro figura estritamente como dinheiro fiduciário. Ora, o desenvolvimento histórico do capitalismo teria mostrado, finalmente, que a sua teoria do valor e do dinheiro seria falsa?  Os marxistas têm se debatido continuamente com essa questão. O artigo procura mostrar que existe uma resposta para essa indagação. E que ela advém por meio de uma adequada apreensão da dialética da mercadoria e do dinheiro que se encontra em O Capital.

O artigo que desenvolve essa tese foi publicado na Brazilian Journal of Political Economyhttp://www.rep.org.br/PDF/142-2.PDF

Uma coisa transcendental

???????????????????????????????????????? Michael Heinrich virá ao Brasil em março para uma conferência. Ele é autor de um livro importante, bem rigoroso e muito didático, não traduzido para o português, que se chama Uma introdução aos três volumes de O Capital de Marx. Para divulgar um pouco o seu trabalho, este blog publica uma tradução de um pequeno artigo de sua lavra sobre o conceito de dinheiro na obra de Marx, o qual foi publicado antes em alemão e em inglês. Para apresentá-lo, ele menciona, comparativamente, como esse objeto social é apreendido pela escola neoclássica e pela escola keynesiana. Heinrich mostra que o dinheiro, em Marx, aparece como uma coisa com qualidades transcendentais. Indica, então, porque o capital é um importante desenvolvimento do dinheiro e porque ele engendra as suas próprias crises. Depois disso, explica a conexão entre crise econômica e crise financeira. Leia esse pequeno trabalho clicando aqui: Uma coisa com qualidades transcendentais.

Depressão ou colapso?

CO marxismo oracular de Robert Kurz

Em 1995, Robert Kurz escreveu, na revista alemã Krisis, um texto sobre a crise e a depressão econômica – e sobre o eventual colapso do capitalismo –, o qual, desde então, circula intensamente na rede mundial de computadores. Eis aqui o seu título em português: A ascensão do dinheiro aos céus – Os limites estruturais da valorização do capital, o capitalismo de casino e a crise financeira mundial. Com o objetivo de testar as ideias de Robert Kurz aí expostas, não sem antes fazer um esforço para resumir as suas teses sobre a evolução futura do capitalismo, procura-se verificar se as informações estatísticas disponíveis e que podem ser encontradas na literatura econômica sobre o tema vêm ou não corroborá-las. Foca-se a economia norte-americana em que se localiza o coração do capital mundial. Para acessar o texto como um todo é preciso baixá-lo aqui:  O marxismo oracular de Robert Kurz.

Dinheiro mundial inconversível

Dinheiro Interrogaçao

Volta-se nessa postagem ao artigo anteriormente divulgado sobre o dinheiro mundial inconversível. No texto anterior, primeiro, procurou-se apresentar a controvérsia brasileira sobre esse tema, a qual ressoou principalmente nas páginas da Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP). Em sequência, buscou-se desenvolver uma nova forma de compreender a emergência do dinheiro mundial sem valor intrínseco, que vem sendo considerado, como bem se sabe, um enigma para o pensamento marxista. Reapresentamos, agora, o artigo porque foi possível fazer certos aperfeiçoamentos conceituais que o tornaram – assim pensamos – mais rigoroso. A nova versão trabalha melhor – e explicitamente – as ilusões simétricas e complementares do fetichismo e do convencionalismo inerentes à compreensão do dinheiro no capitalismo. Para ler o artigo basta Da controvérsia brasileira sobre o dinheiro mundial inconversível.

Dinheiro mundial inconversível

Da controvérsia brasileira sobre o dinheiro mundial inconversível

Resumo

 

Esta nota faz um retorno à controvérsia brasileira sobre o dinheiro mundial inconversível, travada entre 1998 e 2002, da qual participaram diretamente Gentil Corazza, Reinaldo Carcanholo, Claus Germer e indiretamente Leda Paulani. Enquanto os três primeiros discutiram por meio de artigos publicados na Revista da SEP, a última forneceu à controvérsia um material de fundo, por meio de sua tese de doutoramento que versou sobre o dinheiro. Nesse retorno não se examinará os argumentos contidos na controvérsia numa perspectiva de história do pensamento econômico. Eles serão examinados numa visada crítica que procura discutir certas ambiguidades aí presentes. O objetivo final é recuperar um debate importante, propondo uma nova solução para o enigma do dinheiro mundial inconversível presente na teoria marxista.

Para ler a nota como um todo basta Baixar texto 26 aqui.

 

Abstract

This note returns to the Brazilian controversy about the inconvertibility of the dollar as world money, occurred in between 1998 and 2002, attended directly by Gentil Corazza, Reinaldo Carcanholo and Claus Germer, and indirectly by Leda Paulani. While the first three discussed through articles published in the Journal of the SEP, the last one provided a background for the controversy through his doctoral thesis which reflected about money as a concept. This return does not consider the arguments contained in the controversy from a history of economic thought viewpoint. They will be examined in a critical perspective that seeks to discuss certain ambiguities found there. The ultimate goal is to recover an important debate, proposing a new solution to the riddle of the inconvertibility of the dollar as world money in Marxist theory.