O choque do vírus e a doença da economia

O coronavírus não é responsável pela crise econômica que agora está aflorando. É apenas um fator de agravamento de um processo que se iniciara já no ano anterior. O crescimento econômico mundial está em processo de desaceleração desde  2019. Uma crise, maior ou menor, encontra-se na expectativa de todos aqueles que estão bem informados sobre os rumos do sistema econômico globalizado. 

O endividamento das empresas, governos e pessoas cresceu mais do que o produto mundial nos últimos anos e agora atinge níveis nunca dantes alcançados: chegou a 322% do PIB agregado de todas os países do mundo já no terceiro trimestre de 2019. Em termos absolutos, a dívida total atingiu cerca de US$ 253 trilhões de dólares.

A taxa de lucro vem caindo nos últimos anos. Como o nível das dívidas das empresas cresceu, uma queda do PIB, que por si só já eleva a capacidade ociosa, deve reduzir ainda mais essa taxa. As empresas zumbis, ou seja, aquelas que são incapazes de investir, vão se transformar em candidatas à falência. O resultados de suas operações são suficientes apenas para servir a dívida acumulada no passado. Muitas delas, provavelmente, vão para o lixo da história.  

Publica-se neste post um artigo de Michael Roberts que apresenta esse quadro com mais detalhes sobre a situação da economia mundial no presente momento.  

O seu artigo está aqui: Roberts – Coronavirus, dívidas e depressão

Austeridade e keynesianismo

Publica-se aqui a tradução de uma postagem muito interessante de Michael Roberts, a qual foi divulgada recentemente (13/07/2017) em seu blog The next recession. Ela se intromete criticamente no debate muito atual entre os economistas partidários da austeridade e os economistas keynesianos sobre a melhor forma de enfrentar uma recessão profunda – estagnação prolongada, depressão – tal como a que abateu a economia mundial a partir da crise de 2007/2008 e que vem se demorando até o presente. E o faz de uma perspectiva marxista.

O seu texto curto discute dois pontos centrais entrelaçados: 1º) a depressão é causada – ou aprofundada – pelas políticas de austeridade?; 2º) a política keynesiana de gastos públicos pode mesmo tirar o sistema econômico da depressão?  A sua discussão tem como referência principal a situação econômica da Europa, mas ela tem um rebatimento evidente e muito importante na situação atual da economia capitalista no Brasil.

Os economistas keynesianos costumam classificar a austeridade como mero produto de ideologia conservadora ou como decorrência desastrada de má teoria econômica. O texto de Michael Roberts contesta essa tese, assim como, também, a enorme pretensão da teoria keynesiana. Procura mostrar, por um lado, que as evidências empíricas e históricas não abonam uma grande eficácia do multiplicador dos gastos públicos. Sustenta, por outro lado, que a política de austeridade tem, sim, uma racionalidade e que esta é capitalista por excelência. Eis que visa rebaixar ao máximo o salário real seja diretamente, reduzindo os ganhos dos trabalhadores, seja indiretamente, comprimindo os gastos sociais do Estado.

Sustenta que a crise e a recessão prolongada ora observadas devem ser explicadas, em última análise, pela baixa da lucratividade e pelos óbices existentes à retomada da acumulação de capital – e não pela carência de demanda efetiva. Eis que essa última é consequência e não causa última das crises em geral. Sugere, em consequência, que a esquerda deve deixar de se guiar pelas miragens geradas pela teoria de John M. Keynes, passando a se orientar melhor pelos ensinamentos, muito mais sólidos, que vem de Karl Marx. Ele recomenda, também, que se leia o livro de José A. Tapia, cuja imagem de capa está aqui também reproduzida.

O texto de Michael Roberts se encontra aqui: A reversão da austeridade acaba com a depressão?

Depressão ou colapso?

CO marxismo oracular de Robert Kurz

Em 1995, Robert Kurz escreveu, na revista alemã Krisis, um texto sobre a crise e a depressão econômica – e sobre o eventual colapso do capitalismo –, o qual, desde então, circula intensamente na rede mundial de computadores. Eis aqui o seu título em português: A ascensão do dinheiro aos céus – Os limites estruturais da valorização do capital, o capitalismo de casino e a crise financeira mundial. Com o objetivo de testar as ideias de Robert Kurz aí expostas, não sem antes fazer um esforço para resumir as suas teses sobre a evolução futura do capitalismo, procura-se verificar se as informações estatísticas disponíveis e que podem ser encontradas na literatura econômica sobre o tema vêm ou não corroborá-las. Foca-se a economia norte-americana em que se localiza o coração do capital mundial. Para acessar o texto como um todo é preciso baixá-lo aqui:  O marxismo oracular de Robert Kurz.