G 20: há solução para a dívida global?

Michael Roberts – The next recession blog – 20/11/2020

Neste fim de semana, está acontecendo a cúpula dos líderes do G20 – não fisicamente, é claro, mas por vídeo. Orgulhosamente sediada pela Arábia Saudita – um conhecido bastião da democracia e dos direitos civis! –, ela reunirá os líderes do G20 que se concentrarão em discutir o impacto da pandemia COVID-19 na economia mundial.

Como se sabe, os líderes estão alarmados com o enorme aumento nos gastos governamentais gerados pelas quedas abruptas da produção. Ora, isso ocorreu e vem ocorrendo porque os principais governos capitalistas foram forçados a gastar mais para amenizar o impacto da crise nas empresas, grandes e pequenas, e até mesmo na população trabalhadora em geral. As estimativas do FMI afirmam que o estímulo fiscal e monetário combinado fornecido pelas economias avançadas atingiu cerca de 20 por cento da soma de seus produtos internos brutos.

Os países de renda média no mundo em desenvolvimento não têm sido capazes de fazer o mesmo, mas ainda assim apresentaram uma resposta combinada igual a 6 ou 7% do PIB, ainda de acordo com o FMI. Para os países mais pobres, porém, a reação foi muito mais modesta. Juntos, eles injetaram gastos iguais a apenas 2% de sua produção nacional para fazer frente à pandemia. De qualquer modo, isso deixou as economias muito mais vulneráveis ​​à uma recessão prolongada, a qual levará potencialmente milhões de pessoas à pobreza.

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O choque do vírus e a doença da economia

O coronavírus não é responsável pela crise econômica que agora está aflorando. É apenas um fator de agravamento de um processo que se iniciara já no ano anterior. O crescimento econômico mundial está em processo de desaceleração desde  2019. Uma crise, maior ou menor, encontra-se na expectativa de todos aqueles que estão bem informados sobre os rumos do sistema econômico globalizado. 

O endividamento das empresas, governos e pessoas cresceu mais do que o produto mundial nos últimos anos e agora atinge níveis nunca dantes alcançados: chegou a 322% do PIB agregado de todas os países do mundo já no terceiro trimestre de 2019. Em termos absolutos, a dívida total atingiu cerca de US$ 253 trilhões de dólares.

A taxa de lucro vem caindo nos últimos anos. Como o nível das dívidas das empresas cresceu, uma queda do PIB, que por si só já eleva a capacidade ociosa, deve reduzir ainda mais essa taxa. As empresas zumbis, ou seja, aquelas que são incapazes de investir, vão se transformar em candidatas à falência. O resultados de suas operações são suficientes apenas para servir a dívida acumulada no passado. Muitas delas, provavelmente, vão para o lixo da história.  

Publica-se neste post um artigo de Michael Roberts que apresenta esse quadro com mais detalhes sobre a situação da economia mundial no presente momento.  

O seu artigo está aqui: Roberts – Coronavirus, dívidas e depressão