Crítica à filosofia de Heidegger

Niilismo do sujeito moderno [1]

Autor: Matthew McManus

Heidegger ocupa uma posição curiosa como pensador de extrema-direita. Como Nietzsche, ele é inegavelmente um filósofo brilhante. O trabalho de Heidegger teve uma influência verdadeiramente surpreendente na cultura intelectual mais ampla, inclusive em todo o espectro político. Autores tão diversos como Jacques Derrida, Jordan Peterson, Richard Rorty e Alexander Dugin o descreveram como uma influência formativa. Por outro lado, porém, ao contrário de Nietzsche. Heidegger aderiu o seu nome e prestígio ao partido político mais sinistro de todos os tempos.

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Estagflação segundo Paul Krugman (Parte II)

O que se seguirá ao choque de Trump?

Paul Krugman – Blogue do autor no Substack – 24/08/2025

Na cartilha anterior sobre esse tema, explicou-se em que consiste a estagflação, a lógica por trás dela e sua história. Aqui está uma breve lista do que foi abordado os seguintes pontos:

A estagflação é uma combinação de inflação e alto desemprego

Para a inflação se enraizar na economia é preciso que as empresas e os trabalhadores aumentam seus preços porque esperam que todos os outros façam o mesmo;

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Estagflação segundo Paul Krugman (Parte I)

Apresenta-se abaixo um texto do prêmio Nobel acima nominado que trata do fenômeno da estagflação. A sua explicação se baseia quase que exclusivamente no processo de formação de expectativas e da ação do banco central. Eis que, para ele, grosso modo, se os preços aumentam muito no passado, os donos das empresas (ou seus gerentes), que detêm algum poder de monopólio, vão elevar muito os preços a menos que a economia entre em recessão.

Trata-se, evidentemente, de uma peça de economia vulgar combinada com uma psicotécnica A primeira fica na aparência dos fenômenos, aqui os movimentos dos preços; a segunda retrata as percepções subjetivas dos gerentes capitalistas, que gozam de alguma autonomia para determinar preços. Ora, neste blogue, já foi apresentada uma teoria científica mais rigorosa e ela foi formulada por Anwar Shaikh. Para os eventuais interessados, ela está tanto aqui  (…)  quanto aqui também.

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A desigualdade nos EUA (Parte IV)

Autor: Paul Krugman – As três primeiras postagem então aqui: Parte I, a Parte II e  a Parte III.

Quem disse isto que se segue? Se houver neste país homens suficientemente grandes para tomar o governo dos Estados Unidos, eles o tomarão. O que temos que determinar agora é se somos suficientemente grandes, se somos homens com larga grandeza, se somos suficientemente livres, para tomar posse novamente do governo que é nosso.

Não, não foi Bernie Sanders ou Alexandria Ocasio-Cortez. É uma citação de The New Freedom, ou seja, da plataforma de campanha de Woodrow Wilson na eleição presidencial de 1912.

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A desigualdade nos EUA (Parte III)

Autor: Paul Krugman. A Parte I está aqui e a Parte II está aqui.

Havia ficado estabelecido que a terceira parte da série de pequenos artigos sobre desigualdade nos Estados Unidos se concentraria no aumento das fortunas gigantes, algo que vem ocorrendo desde 2000. Contudo, agora vi que essa promessa precisa ser quebrada, por dois motivos. A primeira é que a pesquisa ainda está sendo feita.

A segunda é que surgiu algo mais atual para ser discutido. Eis que o Stone Center on Socio-Economic Inequality realizou seu workshop anual e ele versou sobre os números da desigualdade. O seminário contou com apresentações de pesquisadores e estudiosos mais jovens, mas também de alguns com mais idade. Aquele que aqui escreve foi convidado a dar uma palestra, relativamente não técnica, sobre coisas que atualmente estão em circulação.

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Uma história da direita política

Autor: Matthew McManus [1] (Terceira Parte – A primeira parte está aqui e a segunda está aqui.

Ao longo da história do pensamento de direita, diferentes figuras tentaram fundamentá-lo de maneiras variadas, algumas das quais são interessantes, contraditórias e às vezes pouco sensatas. Na mesma época em que Leo Strauss e Harry Jaffa estavam ressuscitando o conceito de direito natural e condenando o historicismo, Michael Oakeshott e Lord Patrick Devlin argumentavam que as raízes do conservadorismo britânico estavam no respeito e na veneração de uma longa história de tradições. Isso é precisamente o que tornou tais intelectuais bem  compreensíveis para o “homem no ônibus de Clapham”, já que esse tipo tinha pouco interesse em Platão ou Nietzsche, mas muita vontade de restringir a homossexualidade.

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O neoliberalismo morreu?

Autor: Eleutério F. S. Prado [1]

A questão é bem controversa. Segundo Nancy Fraser, o neoliberalismo não morreu; contudo, passou da fase progressista para uma fase reacionária (veja-se a nota Depois do neoliberalismo). Já para Branko Milanovic o mundo está entrando em uma nova era, mas o neoliberalismo não chegou ao fim. Segundo ele, os países ricos adotam agora uma política com dupla face:  abandonam a globalização neoliberal internacionalmente, mas continuam a promover um projeto neoliberal internamente (veja-se a nota O que vem depois da globalização?).

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A desigualdade nos Estados Unidos (Parte I)

Autor: Paul Krugman

Por que os ricos ficaram cada vez mais ricos?

Entre a Segunda Guerra Mundial e a década de 1970, as disparidades de renda na América do Norte eram relativamente estreitas. Algumas pessoas eram ricas e muitas eram pobres, mas a desigualdade geral entre os americanos em termos de riqueza, renda e status era baixa o suficiente para que o país tivesse uma sensação de prosperidade compartilhada. As coisas são muito diferentes hoje, pois a sociedade americana é assolada por extrema desigualdade, fragmentação econômica e guerra de classes.

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Crises geradas pelos criptoativos virão

Autor: Simon Johnson [1] – Project Syndicate – 4/08/2025

Tendo adotado uma importante legislação sobre moeda digital (a Lei GENIUS e a Lei CLARITY foram ou estão sendo aprovadas na Câmara dos Representantes), os Estados Unidos estão prestes a se tornarem um importante centro de atividades relacionadas às criptomoedas. Tomando literalmente o que o presidente Donald Trump, os Estados Unidos da América do Norte estão se tornando a “capital mundial da criptomoeda”. Mas aqueles que apoiam a nova legislação deveriam ter mais cuidado com aquilo que desejam.

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Alcançando ou ficando para trás

Autor: Eleutério F. S. Prado [1]

Introdução

O termo ‘desenvolvimento’ designa um processo que se inicia num passado distante, que tem certas leis tendenciais e que se projeta num futuro com algum grau de indeterminação. Contudo, os economistas não o usam desse modo; diferentemente, eles põem os países do mundo em dois estados distintos: ou eles são desenvolvidos ou estão ainda em desenvolvimento.

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