“Se o conhecimento humano avança, não há como antecipar hoje, o que tão-somente se saberá amanhã”. Como é bem sabido, essa é uma sentença fundamental do livro A miséria do historicismo de Karl Popper (Cultrix/USP, 1980). Como se afigura bem evidente, por meio dela, este metodólogo da ciência faz uma afirmação sobre o saber da história; ele afirma simplesmente que não é possível conhecer o futuro antes que ele sobrevenha. E, como base, nessa proposição, ela vai criticar todos aqueles que parecem conhecer aquilo que estaria reservado no futuro para a humanidade.
Ora, para pensar a história, pode-se examinar por simplicidade um simulacro dela, focando o famoso paradoxo da transformação do cabeludo no careca: se um homem é cabeludo aos vinte anos e careca ao sessenta, em que momento de sua vida pessoal, entre esses dois momentos, ele se transformou de cabeludo em careca? No preciso instante em que isto aconteceu, esse homem era, simultaneamente, cabeludo e careca? Não seria esta última uma afirmação arrevessada que contém em si mesma uma contradição formal, a qual é proibida pelo entendimento e mesmo pela razão dialética? A lógica aristotélica colapsa quando quer apreender o movimento em geral?
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