Ainda sobre o keynesianismo

Como o postO que é keynesianismo?” foi bem recebido pelo círculo de leitores desse blog, publica-se outro sobre o mesmo tema. Trata-se da tradução de uma resenha que também apresenta o livro de Geoff Mann antes aqui discutido, No longo prazo todos estaremos mortos. Esta foi feita por Mike Beggs da Universidade de Sydney, tendo sido publicada no sítio do Jacobin. Ela examina as teses de Mann do ponto de vista da política transformadora possível nos países ricos do centro do sistema capitalista mundial. Na interpretação do autor deste post, ao fim e ao cabo, ela sugere que demandas keynesianas sejam agora retomadas pelos partidos de esquerda, não para manter o capitalismo, mas para criar as condições necessárias para superá-lo. É uma proposta num momento em que faltam propostas...

O texto se encontra aqui: A contra-revolução keynesiana

O que é keynesianismo?

Aqui, o keynesianismo é caracterizado como uma doutrina econômica e política – e não estritamente como uma teoria econômica – que se encontra fortemente comprometida com a sobrevivência do capitalismo. Trata-se nesse sentido, ao fim e ao cabo, de um liberalismo iliberal. 

A nota é baseada no livro recém-publicado de Geoff Mann cujo título rememora uma famosa frase de John M. Keynes: no longo prazo estaremos todos mortos. Segundo esse autor, essa assertiva indica iniludivelmente que esse modo de pensar e atuar se encontra atravessado por uma profunda ansiedade histórica. Eis que expressa algo mais profundo, isto é, que o keynesianismo é movido por esperança e medo em relação as turbulências econômicas e as inquietações sociais do capitalismo. Afigura, assim, o futuro como enigmático e incerto e, por isso, contenta-se em ser uma doutrina pragmática, praticamente otimista no presente, que tem por objetivo ir salvando o capitalismo de si mesmo – não em geral, mas particularmente no mundo euro-americano.

A nota se encontra aqui:O que é keynesianismo?

 

Austeridade e keynesianismo

Publica-se aqui a tradução de uma postagem muito interessante de Michael Roberts, a qual foi divulgada recentemente (13/07/2017) em seu blog The next recession. Ela se intromete criticamente no debate muito atual entre os economistas partidários da austeridade e os economistas keynesianos sobre a melhor forma de enfrentar uma recessão profunda – estagnação prolongada, depressão – tal como a que abateu a economia mundial a partir da crise de 2007/2008 e que vem se demorando até o presente. E o faz de uma perspectiva marxista.

O seu texto curto discute dois pontos centrais entrelaçados: 1º) a depressão é causada – ou aprofundada – pelas políticas de austeridade?; 2º) a política keynesiana de gastos públicos pode mesmo tirar o sistema econômico da depressão?  A sua discussão tem como referência principal a situação econômica da Europa, mas ela tem um rebatimento evidente e muito importante na situação atual da economia capitalista no Brasil.

Os economistas keynesianos costumam classificar a austeridade como mero produto de ideologia conservadora ou como decorrência desastrada de má teoria econômica. O texto de Michael Roberts contesta essa tese, assim como, também, a enorme pretensão da teoria keynesiana. Procura mostrar, por um lado, que as evidências empíricas e históricas não abonam uma grande eficácia do multiplicador dos gastos públicos. Sustenta, por outro lado, que a política de austeridade tem, sim, uma racionalidade e que esta é capitalista por excelência. Eis que visa rebaixar ao máximo o salário real seja diretamente, reduzindo os ganhos dos trabalhadores, seja indiretamente, comprimindo os gastos sociais do Estado.

Sustenta que a crise e a recessão prolongada ora observadas devem ser explicadas, em última análise, pela baixa da lucratividade e pelos óbices existentes à retomada da acumulação de capital – e não pela carência de demanda efetiva. Eis que essa última é consequência e não causa última das crises em geral. Sugere, em consequência, que a esquerda deve deixar de se guiar pelas miragens geradas pela teoria de John M. Keynes, passando a se orientar melhor pelos ensinamentos, muito mais sólidos, que vem de Karl Marx. Ele recomenda, também, que se leia o livro de José A. Tapia, cuja imagem de capa está aqui também reproduzida.

O texto de Michael Roberts se encontra aqui: A reversão da austeridade acaba com a depressão?

Financeirização e capitalismo

Figura TinaFinanceirização: Disciplina do Mercado ou Disciplina do Capital?

Quase todas as abordagens contemporâneas sobre a financeirização sustentam que ela resulta do neoliberalismo. E este é entendido como um retorno extemporâneo do rentismo. O domínio do setor financeiro globalizado sobre os sistemas econômicos nacionais não seria, assim, mais do uma distorção histórica que produz uma versão altamente perversa de capitalismo. Pois, além de ser muito mais instável, tal capitalismo superlativo engendra uma sensível piora na repartição da renda.  Ora, os economistas gregos John Milios e Dimitris Sotiropoulos contestam essa tese, mostrando num texto aqui traduzido que a financeirização é uma forma bem-sucedida de reforço da coerção do capital sobre o trabalho. E que surgiu para permitir, em face de certas barreiras históricas, a continuidade da reprodução desta relação social nas melhores condições possíveis.

O texto se encontra aqui: Financeirização – Disciplina do mercado ou disciplina do capital?

A luta pelo “comum”

Da regulação social democrática 

roda de conversaTentando repercutir a tese de que, na atual conjunta histórica, é preciso opor o “comum” à propriedade privada e, mesmo, à propriedade estatal, de que, ademais, é preciso opor a democracia dos iguais à dominância de classe e, mesmo, à democracia burguesa, procura-se desenvolver aqui uma crítica à regulação social democrática. Sustenta-se, em síntese, que ela se tornou, ao mesmo tempo, uma impossibilidade e um estorvo. A tese da defesa do “comum” vem de um texto de Pierre Dardot e Christian Laval que se encontra aqui: Propriedade, apropriação social e instituição do comum.  A tese crítica à regulação moderadora acima mencionada, por sua vez, encontra-se aqui:A regulação social democrática tornou-se anacrônica

Este post,  publicado em 18 de setembro, foi modificado em 20 de setembro de 2015.