A agonia (e morte?) do desenvolvimento no Brasil

Quando se olha o comportamento da economia capitalista no Brasil nos últimos setenta anos de uma perspectiva que fica apenas na observação dos dados empíricos, é absolutamente nítido que dois grandes períodos aparecem: um deles que vai até 1980, o qual não pode deixar de ser considerado como de alto crescimento e um outro, que se inicia em 1990, o qual está caracterizado por uma quase-estagnação. A década dos anos 1980 é de crise e de transição entre esses dois padrões de crescimento do produto interno bruto (PIB).

O primeiro período mencionado é usualmente chamado de nacional desenvolvimentista. O segundo tem sido caracterizado como liberal periférico, já que nele domina o neoliberalismo.

Contudo, esse segundo período pode também ser dividido em dois outros. Empregando uma terminologia já em uso, mas ainda não fixada na historiografia, o período que vai de 1990 a 2015 pode ser caracterizado como neoliberal progressista. Entretanto, após esse último ano, a gestão da economia capitalista no Brasil tornou-se – é preciso diferenciar – neoliberal reacionário.

Ao contrário do que acontecia anteriormente, este último período passou a apontar a barbárie – e não mais para a civilização. Trata-se, sem dúvida, do advento de uma regressão, de uma decadência.

A que se deve esse comportamento da taxa de crescimento do PIB? Por que o Brasil ficou para trás no assim chamado processo de globalização? O neoliberalismo reacionário contraria o desenvolvimentismo ou, mais do que isso, ele representa o abandono do projeto de desenvolvimento nacional que orientou a economia brasileira nos últimos 70 anos?

É preciso, portanto, que as forças potenciais da civilização – que moram ainda nas classes trabalhadoras em sentido bem amplo –, passem a acreditar e apostar numa mudança mais profunda da sociedade. E, nessa perspectiva, o socialismo democrático e o ecossocialismo surgem como alternativas promissoras. Se o presságio acima se confirmar, sobrevirá a barbárie e o fim de nossa humanidade possível. Veja-se que, em certos espaços da sociedade brasileira, isto já está acontecendo e de modo bem evidente.

O texto está aqui: A agonia (e a morte?) do desenvolvimento no Brasil

 

Do totalitarismo implícito

Este post encaminha uma nota em que se examina a tese de um cientista político norte-americano (Sheldon Wolin) sobre a natureza da democracia nos Estados Unidos. Ela argui – contra toda a opinião estabelecida no “mundo ocidental” – que o sistema político dos Estados Unidos da América do Norte se encontra completamente dominado pelo poder das grandes corporações e que, por isso, não é de fato democrático – mas, ao contrário, totalitário.

Segundo esse autor, entretanto, trata-se de um totalitarismo invertido. Pois, nos regimes totalitários reconhecidos como tais a economia estava subordinada à política. Mas nos regimes totalitários apenas aparentemente democráticos ocorre o contrário: a política está, ainda que sub-repticiamente, subordinada à economia, isto é, ao comando dos lobbies corporativos que atuam sempre em detrimento dos interesses da grande maioria.

Aqui se procura argumentar, primeiro, que esse autor tem uma compreensão inadequada da função do sistema econômico na sociedade moderna. Em que, em consequência, não vê que a economia dominava a política também nos regimes totalitários que chama de “clássicos”.  Ademais, busca-se sustentar que existe, sim, um potencial totalitário, mas que ele se encontra implícito nos atuais países apresentados como simplesmente democráticos.  Trata-se, entretanto, de um poder que não se torna total, pelo menos enquanto não está ameaçado, porque está contido por forças sociais contra-arrestantes, as quais se originam de uma certa anarquia conflituosa que é inerente ao próprio capitalismo.

A nota se encontra aqui: Do totalitarismo invertido – e implícito

O artigo original: Sheldon Wolin e o totalitarismo Invertido

Pesadelo resistente

O atual momento histórico não está marcado pela perspectiva do avanço e do progresso. Ao contrário, um pesadelo de regressão parece rondar o Brasil e mesmo o mundo como um todo. Para não assistir passivamente ao desenrolar dos fatos é preciso começar compreendendo o que está acontecendo na sociedade humana cada vez mais unificadaCe cauchemar qui n finit pas pela relação de capital. Com o propósito de fornecer um esclarecimento nesse sentido, foi publicado na França mais um livro de Pierre Dardot e Christian Laval: Este pesadelo que não termina – como o neoliberalismo derrota a democracia. Explicando os efeitos deletérios da racionalidade neoliberal, ele pode contribuir para que seja possível encontrar uma forma de resistir ativamente ao sombrio dos tempos presentes. Uma resenha desse texto político, escrito e publicado sob um sentimento de urgência, é aqui apresentada como uma indicação de leitura.

E essa resenha se encontra aqui: Este pesadelo que não termina