Rumo à estagnação completa

Dois fatos futuros já são sabidos nesse momento de velório nacional por causa de uma “gripezinha” que se mostra, dia após dia, hora após hora, minuto após minutos, como uma doença genocida:

a) os governantes da pátria amada e idolatrada, considerando-se o conjunto das nações de rendas médias e altas, serão considerados como os mais desastrados no enfrentamento da difusão da pandemia do novo coronavírus na sociedade;

b) os danos na malha produtiva produzidos pela atual crise da economia capitalista no Brasil, como consequência dessa má gestão, mas também da política econômica dos últimos trinta anos e, em particular, aquela imediatamente pregressa, serão os maiores dentre todas essas mesmas nações.

Para tomar ciência de um argumento que afirma a possibilidade de que ocorra uma estagnação completa da economia capitalista no Brasil, leia-se o artigo que aqui  vai, mas que já foi publicado pelo jornal de internet Outras Palavras: Rumo à estagnação completa

A agonia (e morte?) do desenvolvimento no Brasil

Quando se olha o comportamento da economia capitalista no Brasil nos últimos setenta anos de uma perspectiva que fica apenas na observação dos dados empíricos, é absolutamente nítido que dois grandes períodos aparecem: um deles que vai até 1980, o qual não pode deixar de ser considerado como de alto crescimento e um outro, que se inicia em 1990, o qual está caracterizado por uma quase-estagnação. A década dos anos 1980 é de crise e de transição entre esses dois padrões de crescimento do produto interno bruto (PIB).

O primeiro período mencionado é usualmente chamado de nacional desenvolvimentista. O segundo tem sido caracterizado como liberal periférico, já que nele domina o neoliberalismo.

Contudo, esse segundo período pode também ser dividido em dois outros. Empregando uma terminologia já em uso, mas ainda não fixada na historiografia, o período que vai de 1990 a 2015 pode ser caracterizado como neoliberal progressista. Entretanto, após esse último ano, a gestão da economia capitalista no Brasil tornou-se – é preciso diferenciar – neoliberal reacionário.

Ao contrário do que acontecia anteriormente, este último período passou a apontar a barbárie – e não mais para a civilização. Trata-se, sem dúvida, do advento de uma regressão, de uma decadência.

A que se deve esse comportamento da taxa de crescimento do PIB? Por que o Brasil ficou para trás no assim chamado processo de globalização? O neoliberalismo reacionário contraria o desenvolvimentismo ou, mais do que isso, ele representa o abandono do projeto de desenvolvimento nacional que orientou a economia brasileira nos últimos 70 anos?

É preciso, portanto, que as forças potenciais da civilização – que moram ainda nas classes trabalhadoras em sentido bem amplo –, passem a acreditar e apostar numa mudança mais profunda da sociedade. E, nessa perspectiva, o socialismo democrático e o ecossocialismo surgem como alternativas promissoras. Se o presságio acima se confirmar, sobrevirá a barbárie e o fim de nossa humanidade possível. Veja-se que, em certos espaços da sociedade brasileira, isto já está acontecendo e de modo bem evidente.

O texto está aqui: A agonia (e a morte?) do desenvolvimento no Brasil

 

Como arruinar um país em três décadas

Os leitores desse blog, lendo o título, devem imaginar que o post vai falar do Brasil. Não, ele não vai mencionar a economia capitalista instalada na terra brasilis. Vai discorrer sobre a situação precária da economia italiana no interior da zona do Euro. Entretanto, os leitores que, de fato, lerem a pertinente nota de Servaas Storm sobre o caso da economia capitalista na Itália, certamente pensarão que um texto muito semelhante poderia ser escrito sobre o Brasil.

Logo, ao lerem “Itália”, devem, portanto, pensar no Brasil.

Segundo o texto que esse autor apresenta, as políticas de austeridade defendidas e aplicadas pelos economistas neoliberais estão abrindo uma caixa de Pandora na Itália e na Europa em geral. Pode ser esta uma tese keynesiana típica já que recomenda uma atitude de acomodação diante da possibilidade da rebelião. Mas ela tem a sua verdade.

Ninguém pode dizer onde isso vai acabar. Os economistas (incluindo os italianos) carregam uma enorme responsabilidade em tudo isso, tanto porque são muito culpados pelo caos quanto porque não conseguem chegar a soluções estratégicas racionais para resolver as crises em curso. “Talvez”, escreveu John Maynard Keynes, “seja historicamente verdade que nenhuma ordem social pereça, salvo por sua própria mão” (Keynes, 1919). Economistas racionais têm que provar que o veredicto de Keynes está errado, começando na Itália – pelo menos porque a confusão do Brexit parece estar além da redenção.

Se a situação econômica de alguns países do Norte inspira esse tipo de alerta, o que a situação de alguns países do Sul não deveria suscitar? O Brasil se encontra quase estagnado desde a década dos anos 1990, com um pequeno surto de crescimento entre 2004 e 2010.

A partir de 2011 entrou no caminho da recessão devido a um aperto dos lucros e uma queda da demanda agregada, fatos que ocorreram no primeiro governo Dilma. A partir de 2015 entrou no rumo da depressão justamente em razão das políticas de austeridade implementadas por Levy, Meirelles e Guedes. Ora, essas políticas servem principalmente ao capital financeiro e não ao capital industrial. Como continua assim, é preciso também perguntar: onde isso vai acabar?

O texto se encontra aqui: Como arruinar um país em três décadas

O mergulho da galinha

O padrão de crescimento de longo prazo da economia capitalista no Brasil tem sido caracterizado como “voo de galinha”. Em postagem anterior, discutiu-se porque ela subiu no poleiro, voou mais alto e despencou. Nesta, questiona-se se ela mergulhou na lagoa dos patos por moto próprio ou porque foi malconduzida.

Como bem se sabe, ela se encontra quase-estagnada desde o começo dos anos 1980, quando se esgotou o empuxo dado pela industrialização por substituição de importações. Desde então, o seu ritmo de expansão tendeu ao medíocre, ao rastejante. Essa tendência, entretanto, foi aparentemente contrariada no período entre 2004 e 2010. O impulso para voar mais alto, entretanto, não durou…

Agora, ao final da segunda década do século XXI, está já claro que o padrão saltitante, às rés do chão, está sendo retomado – mesmo se este ainda demora, mesmo se a galinha está com enorme dificuldade de sair da depressão. Nesta postagem, discute-se um pouco mais sobre as causas do mergulho ocorrido a partir de 2010. O que explica, afinal, em primeiro lugar, a nova década perdida possível? O desequilíbrio orçamentário do governo ou a queda da taxa de lucro?

O artigo se encontra aqui: O mergulho da galinha – por si ou por causa dela?