A depressão da economia capitalista no Brasil, como duramente se sabe, persiste já por três longos anos. Neste início de 2017, assombrados com as suas consequências sociais e políticas, as forças golpistas se mostram fortemente ansiosas para ver o seu fim e, assim, o início de uma recuperação.
Alguns economistas que atuam como gargantas do golpe – e funcionários de sua legitimação – anunciam apressados que a retomada é “pra já”. Sabe-se, na verdade, em geral, que as crises do capitalismo criam elas próprias as condições de sua superação porque, ao reduzirem os salários reais, ao destruírem os capitais ineficientes, etc., engendram uma recuperação da taxa de lucro. Ora, essa “purga” é necessária, mas não se afigura suficiente para a retomada dos investimentos. É preciso que surja também, no horizonte do cálculo capitalista, uma onda de novas oportunidades de lucro.
Ora, na economia brasileira atual, há ainda muitas empresas excessivamente endividadas e com excesso de capacidade ociosa. Ademais, o câmbio voltou a ficar valorizado e as taxas de juros cobradas nos empréstimos bancários às empresas produtoras de mercadorias são elevadíssimas. Ademais, um impulso de recuperação que poderia vir do investimento público encontra-se obstado porque o orçamento do Estado está constrangido a gerar excedentes financeiros. Em consequência, o que está de fato no horizonte da acumulação de capital no Brasil é, por um lado, a continuidade da desindustrialização e, por outro, uma relativa estagnação da economia mundial. Diante desse quadro econômico – ao qual se soma a severa instabilidade do quadro político –, qual seria a verdadeira perspectiva da economia capitalista no Brasil?
Indo ao fundo da questão, qual seria a perspectiva das classes sociais que se enfrentam no interior dessa “economia” gerenciada por economistas arrogantes que se orgulham de saber “Economics”? Segundo Luiz Filgueiras, professor da UFBA, no artigo que aqui se republica, diante do aprofundamento em curso das reformas neoliberais, os trabalhadores em geral devem esperar um agravamento das dificuldades para se reproduzirem enquanto tais, para ganharem uma vida às vezes bem miserável. E os capitalistas, “cheios de importância, sorrisos satisfeitos e ávidos por negócios”, devem esperar, no máximo e lentamente, um retorno do voo da galinha.
O artigo encontra-se aqui: Padrão de desenvolvimento e a natureza estrutural do Voo da Galinha
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