A liquidez e o afogamento

Autor: Michael Roberts – The next recession blog – 29/09/22

“Se não houvesse intervenção hoje, nesta manhã, os rendimentos dos títulos do governo britânico poderiam ter subido de 4,5% para 7-8%; nessa situação, cerca de 90% dos fundos de pensão do Reino Unido teriam ficado sem garantias colaterais… Eles teriam sido varridos do mercado”. Eis o que disse ontem um operador de títulos do Reino Unido.

Uma crise de liquidez eclodiu nos mercados de títulos britânicos após o anúncio do novo governo conservador de que gastaria até 60 bilhões de libras para manter um teto no preço da energia para famílias por até dois anos, para subsidiar os custos energéticos das empresas, assim como, também, para cortar os impostos sobre as rendas das famílias e das empresas.

O impacto total dessa grande generosidade (concedida principalmente para os ricos) no nível da dívida pública do Reino Unido nos próximos anos foi estimado em mais de 400 bilhões de libras ou quase 20% do PIB. Com a dívida pública do Reino Unido já se encontra em 100% do PIB, esse aviso soou como um alarme; caiu a confiança e os preços dos títulos do Reino Unido caíram. Pois, as taxas de juros (isto é, os rendimentos dos títulos) subiram vertiginosamente (veja-se isso no gráfico em sequência).

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Estagflação, estagnação ou inflação?

Nome original: O dilema dos bancos centrais

Michael Roberts – The next recession blog – 15/12/2021

“A inflação que obtivemos não foi a inflação que esperávamos”, disse o presidente do Federal Reserve, Jay Powell, em sua coletiva de imprensa, depois que o comitê de política monetária do Fed decidiu acelerar a “redução” de suas compras de títulos para zero em março de 2022. Sugeriu, então, que começaria a aumentar a taxa de juros básica do Fed, de zero para acima disso.

O que Powell quis dizer com a expressão “não foi a inflação que esperávamos”? Ele não se referiu apenas ao nível da taxa de inflação. A inflação de bens de consumo e serviços nos EUA está agora muito mais alta do que a previsão do Fed em setembro, quando ocorreu a sua última reunião. Isso também está ocorrendo com o chamado de “núcleo da inflação”, uma taxa que exclui os preços de energia e dos alimentos em alta acelerada. A inflação plena atingiu 6,5% em novembro, a maior taxa em quase 40 anos.

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