Inflação na tradição clássica – II

No post anterior delineou-se de um modo ainda conceitual a teoria de inflação elaborada por Anwar Shaikh e que se encontra em seu livro Capitalism – competition, conflict, crises, de 2016. Preliminarmente, mostrou-se que essa teoria, que ele chama de “clássica”, está bem assentada na teoria do dinheiro de Karl Marx.

Enquanto o autor clássico refletiu quase que inteiramente da perspectiva do dinheiro-ouro, sem e com a sua substituição na circulação por moeda seja de metais menos nobres seja de papel, o autor contemporâneo teve de pensar a partir do dinheiro puramente fiduciário que atualmente domina em todas os sistemas econômicos nacionais. Mostrou-se nessa nota que essa realidade é bem compreensível a partir das categorias originais que se encontram na exposição do capital e da crítica da economia política do velho Marx.

Ao final, a nota anterior apresentou-se um esboço dessa nova teoria que parte da noção clássica de competição mercantil. E se prometeu retornar ao tema de modo mais exato.

Neste post volta-se a tratar da teoria de inflação de Shaikh, agora de uma maneira mais técnica. Mostra-se, então, que essa teoria parte da noção clássica de competição mercantil. Se o funcionamento turbulento dos mercados determina, em tempo real, os preços relativos das mercadorias, o que determina o seu nível em geral? Como esse nível se move para cima quase continuamente nos “tempos normais” atuais, como ele cresce desmedidamente nas hiperinflações, como se explicam as estagflações?

São essas as questões que o “modelo” de Shaikh procura responder. O ponto teórico central consiste em teorizar sobre os limites da oferta agregada diante de impulsos da demanda agregada. Ao invés do “pleno-emprego” que aparece nas teorias ortodoxas, para ele, o limite da oferta é dado pela a taxa de lucro. Como a taxa de acumulação não pode superá-la no longo prazo, assim, a partir de certo limite, o impulso de demanda deixa de gerar mais produção e passa a gerar mais inflação.

A nota se encontra aqui: Uma teoria de inflação na tradição clássica – Parte II