A crítica de Anwar Shaikh à Teoria Monetária Moderna

Procura-se neste post completar os dois anteriores que trataram da teoria da inflação na perspectiva da tradição clássica desenvolvida por Anwar Shaikh. Esta teoria, como já foi mostrado, está apresentada em detalhes em seu livro mais recente e que se denomina Capitalism – competition, conflict, crises.

Publica-se agora duas traduções de escritos do economista inglês Nick Johnson sobre o mesmo tema. Esse autor, formado na Universidade de Londres, escreve no blog The Political Economy of Development. Como os leitores deste blog poderão verificar por si mesmos, ele apresenta essa teoria de uma forma bem didática.

O primeiro escrito mostra de um modo claro e simples as teses que compõe essa nova teoria de inflação. Eis que, como já se indicou, ela se nutre da economia política clássica e da obra de Karl Marx para enfrentar esse “problema” econômico da contemporaneidade.

O texto está aqui: Teoria clássica de inflação de Anwar Shaikh

O segundo apresenta e resume uma crítica à Teoria Monetária Moderna (TMM) que é, como sabe, uma renovação contemporânea da velha teoria cartalista do dinheiro. Eis que essa crítica foi desenvolvida também por Anwar Shaikh a partir de sua própria teorização sobre a inflação renitente que “aflige” as economias atuais.

O texto está aqui: Teoria Monetária Moderna e Inflação – A crítica de Anwar Shaikh

 

Inflação na tradição clássica – II

No post anterior delineou-se de um modo ainda conceitual a teoria de inflação elaborada por Anwar Shaikh e que se encontra em seu livro Capitalism – competition, conflict, crises, de 2016. Preliminarmente, mostrou-se que essa teoria, que ele chama de “clássica”, está bem assentada na teoria do dinheiro de Karl Marx.

Enquanto o autor clássico refletiu quase que inteiramente da perspectiva do dinheiro-ouro, sem e com a sua substituição na circulação por moeda seja de metais menos nobres seja de papel, o autor contemporâneo teve de pensar a partir do dinheiro puramente fiduciário que atualmente domina em todas os sistemas econômicos nacionais. Mostrou-se nessa nota que essa realidade é bem compreensível a partir das categorias originais que se encontram na exposição do capital e da crítica da economia política do velho Marx.

Ao final, a nota anterior apresentou-se um esboço dessa nova teoria que parte da noção clássica de competição mercantil. E se prometeu retornar ao tema de modo mais exato.

Neste post volta-se a tratar da teoria de inflação de Shaikh, agora de uma maneira mais técnica. Mostra-se, então, que essa teoria parte da noção clássica de competição mercantil. Se o funcionamento turbulento dos mercados determina, em tempo real, os preços relativos das mercadorias, o que determina o seu nível em geral? Como esse nível se move para cima quase continuamente nos “tempos normais” atuais, como ele cresce desmedidamente nas hiperinflações, como se explicam as estagflações?

São essas as questões que o “modelo” de Shaikh procura responder. O ponto teórico central consiste em teorizar sobre os limites da oferta agregada diante de impulsos da demanda agregada. Ao invés do “pleno-emprego” que aparece nas teorias ortodoxas, para ele, o limite da oferta é dado pela a taxa de lucro. Como a taxa de acumulação não pode superá-la no longo prazo, assim, a partir de certo limite, o impulso de demanda deixa de gerar mais produção e passa a gerar mais inflação.

A nota se encontra aqui: Uma teoria de inflação na tradição clássica – Parte II