Criptoativos, tokens e dominio global

Autora: Hélène Rey [1]

Inovações tecnológicas estão em vias de sacudir o sistema monetário e financeiro internacional. Como isso vai acontecer, dependerá de quem definirá os padrões a serem adotados, o setor público ou o setor privado. Também serão importantes as regulamentações, a cooperação internacional e a resiliência das novas tecnologias aos riscos cibernéticos. Os efeitos que terão sobre os fluxos de capital são difíceis de avaliar, mas já se sabe que terão impactos significativos nas contas fiscais, na fragmentação geoeconômica, na volatilidade da taxa de câmbio e no grau de internacionalização das principais moedas.

Continuar lendo

Uma análise da estagnação das economias europeias

Autores: Ozan Mutlu [1] e Lefteris Tsoufidis [2]

Introdução

Este estudo tem como objetivo medir empiricamente as principais variáveis consideradas pela economia política clássica e marxista em países europeus — França, Alemanha e Reino Unido[3] — abrangendo o período 1995-2023. Ao fazê-lo, procura explicar as causas do fraco desempenho do crescimento desde a grande recessão de 2008-2009.

Como essas economias são significativas na economia global, examinar as suas trajetórias é essencial não apenas para entender, em particular, as suas atuais situações econômica, mas também para apreender as suas tendências globais mais amplas. Eis que o resto do mundo, com exceções, experimentou também um crescimento fraco desde 2007. As projeções para os próximos anos, de acordo como o FMI, continuam apontando para tendências de lentidão.  

Continuar lendo

Armadilha do dólar ou Império por convite?

A economia política global do sistema do dólar é uma prisão da qual os outros países querem sair ou uma gaiola dourada em que muitos países querem permancer?

Adam Tooze – Fonte: blog do autor – 20/07/2025

Se alguém quisesse construir um cenário prejudicial às pretensões americanas de liderar o mundo economicamente, ele teria de parecer com o que está sendo construído pelo governo Trump.

Eis que ele está reforçando a sensação de longa data de que a posição do dólar americano como moeda de reserva mundial e principal moeda do comércio internacional se tornou anacrônica; na verdade, o seu predomínio está em franco desacordo com a diminuição da importância dos Estados Unidos na economia mundial.

Continuar lendo

Alcançando ou ficando para trás

Autor: Eleutério F. S. Prado [1]

Introdução

O termo ‘desenvolvimento’ designa um processo que se inicia num passado distante, que tem certas leis tendenciais e que se projeta num futuro com algum grau de indeterminação. Contudo, os economistas não o usam desse modo; diferentemente, eles põem os países do mundo em dois estados distintos: ou eles são desenvolvidos ou estão ainda em desenvolvimento.

Continuar lendo

Para onde vai a China?

Subtítulo: “Da qualidade à quantidade”: como ver o desenvolvimento histórico da China para além do véu da macroeconomia.

Autor: Adam Tooze [1] – Sin Permiso [2] – 28/06/2025

Introdução

No ambiente econômico global, existem poucos fatores mais importantes do que a situação e as perspectivas futuras da economia chinesa. Em termos de paridade de poder de compra, é a maior economia do mundo, com uma participação de 20% do PIB global. Medida em termos de taxas de câmbio atuais, o PIB da China perde apenas para os Estados Unidos.

A China influencia a economia mundial, primeiro, porque é um enorme mercado para exportações de outros países; em segundo lugar, porque é um centro dinâmico de exportações.

Continuar lendo

BRICS versus EUA: energia e desenvolvimento

A competiçãoentre o BRICS e os EUA envolve dois sistemas energético e dois modelos de desenvolvimento; eles competem pela primazia não apenas no Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas em todo o mundo

Autores: Kate Mackenzie e Tim Sahay [1]

Uma revolução tecnológica global está em andamento, com a China no comando. Os líderes da China chamam isso de mobilização de “novas forças produtivas qualitativas”, referindo-se a “grandes mudanças não vistas em um século.” No Ocidente, em que o crescimento tem se tornado cada vez mais lento, cada avanço que ganha as manchetes é lido como outro “momento Sputnik”.

Continuar lendo

Fim do privilégio exorbitante da América?

Destruindo a fé dos mercados no dólar

Desmond Lachman [1]Project Syndicate7 de julho de 2025

Desde seu retorno ao cargo, o presidente dos EUA, Donald Trump, vem destruindo sistematicamente a fé nos mercados, no dólar e na economia dos EUA. Se ele se recusar a atender à essas advertências, como parece provável, os EUA devem se preparar para uma crise do dólar e do mercado de títulos no período que antecede as eleições de meio de mandato do próximo ano.

Continuar lendo

Geopolítica da guerra contra o Irã (III)

Ben Norton [1] e Michael Hudson [2]

Entrevista

Ben Norton: Michael, obrigado por se juntar a mim. É sempre um verdadeiro prazer ter você como entrevistado.

Vamos falar sobre este artigo que você escreveu, no qual você argumenta que a guerra contra o Irã é parte de uma tentativa dos Estados Unidos de impor sua hegemonia unipolar ao mundo.

Vemos que estamos vivendo cada vez mais em um mundo multipolar. E o Irã, nesse mundo, tem desempenhado um papel importante como membro do BRICS, como membro da Organização de Cooperação de Xangai e como parceiro da China e da Rússia. O Irã também tem procurado contribuir para a desdolarização do sistema financeiro global.

Continuar lendo

Geopolítica da guerra contra o Irã (II)

Autores: Ben Norton [1] e e Michael Hudson [2]


Por que os Estados Unidos estão tão preocupados com o Irã?

O presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu que Washington quer uma mudança de regime em Teerã, que deseja derrubar o governo iraniano. Trump apoiou uma guerra contra o Irã em junho, na qual os EUA e Israel bombardearam diretamente o território iraniano.

Trump afirmou que negociou um cessar-fogo após 12 dias. Aliás, ele chama de Guerra dos 12 Dias a que os EUA e Israel travaram contra o Irã. Mas é muito difícil acreditar que esse cessar-fogo seja mantido.

Continuar lendo

A miséria do Irã sob bombas

Autor: Michael Roberts – The next recession blog21/06/2025

Israel e Irã trocaram ataques com aviões e mísseis depois que o primeiro desses dois países lançou uma grande ofensiva na semana passada.  O presidente dos EUA, Trump, propôs um intervalo de duas semanas para negociar um acordo de “rendição” com o Irã; caso isso não for possível, ele prometeu que se juntará de novo a Israel no bombardeio do país persa. O povo iraniano tem sofrido muito com os bombardeios, mas eles só acrescentam mais dor ao longo sofrimento do seu povo. Trata-se de uma dimensão horrível que se soma a longa crise econômica pela qual tem passado o próprio Irã.

Continuar lendo