Dialética e desconstrução enquanto críticas da metafísica

Eleutério F. S. Prado [1]

Para poder entender certas controvérsias contemporâneas é preciso compreender minimamente o que é ontologia, metafísica, dialética e desconstrução. Como esse objetivo se constrói aqui um texto usando outros que serão expressamente indicados. E isso já mostra que não se reivindica qualquer originalidade no que vem escrito em sequência. Na verdade, copia-se trechos de outros escritos.

Inicia-se com a conceituação de ontologia e metafísica encontrada num escrito de François Talbot [2]:

“A palavra “ontologia” não foi cunhada em grego, mas sim no latim dos escolásticos. Surgiu no início do século XVII e seu uso rapidamente se difundiu. É formada pelas raízes “ontos”, que significa “do ser” em grego, e “logos, que significa “palavra” ou “saber” também em grego. “Ontologia”, portanto, designa simplesmente “o saber do ser”, a ciência do que é. O termo, então, passou a ser tomado como sinônimo de “metafísica”.

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A ideologia do capital posto em plataformas

Autor: Eleutério F. S. Prado [1]

Nesse artigo pretende-se examinar criticamente a tese sobre o atual desenvolvimento e sobre o futuro do capitalismo, apresentada por Peter Thiel em seu livro De zero a um.[2] Formado em Filosofia e Direito e grande investidor em tecnologias digitais, esse intelectual engajado previu nele que o futuro desse sistema econômico, baseado que está na relação de capital, será formidável.

Além de ter se tornado um controvertido bilionário que milita como empresário no Vale do Silício, esse autor é conhecido por apoiar a criação de “cidades de liberdade”. Nelas – imagina ele – o capitalismo é extremado e se desvencilha do Estado e da política, mas não evidentemente da polícia. Eis que a segurança em tais cidades será feita por robôs munidos de inteligência artificial, os quais terão a função de expulsar ou eliminar os intrusos e os indesejados.  

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Universidades como fábricas

Autor: Eleutério F. S. Prado[1]

Faz-se aqui uma introdução a um pequeno e certeiro artigo de Branko Milanovic[2] que foi publicado no portal Sin permiso em 05/05/2024, com esse mesmo título. Eis o que constata: sob a hegemonia do neoliberalismo, vem ocorrendo uma subjugação franca e brutal de todas as relações sociais às relações de mercado, inclusive as que se dão em uma universidade.

Apresenta-se em sequência, uma tradução do seu escrito que fala do comportamento repressivo das autoridades universitárias diante do levante de grupos de estudantes nos Estados Unidos em favor da causa palestina. Ao fim de sua acusação – ela diz que as universidades estão sendo administradas como fábricas – segue-se um comentário que visa mostrar que esse tipo de “governança” é imanente ao neoliberalismo, ora hegemônico. Veja-se, portanto, de início, o que ele próprio escreveu em seu blogue:

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Sim, é suicidarismo

Eleutério F. S. Prado [1]

Essa nota dá continuidade a outra que foi publicada em 12/2023 aqui em A terra é redonda, mas que não foi bem notada. Sob o propósito de caracterizar o extremismo neoliberal, ela recebera originalmente um título negativo, “não, não é fascismo”. O escrito, entretanto, saiu com um título afirmativo que também se mostrou bem justo, “extremismo neoliberal suicidário”. Ninguém deu bola, mas a questão é importante para o que vem vindo no século XXI com o ocaso do capitalismo.

O artigo tinha uma mensagem: eis que é preciso evitar usar a etiqueta “fascista” para caracterizar todos os extremismos de direita. Pois, esse costume impede uma melhor compreensão dessa prática política que, desde os anos 1980, vem buscando dar sustentação ao sistema fundado na relação de capital.

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Ruy Fausto: dentro e fora do marxismo

Ruy Fausto faleceu no dia 1º de maio de 2020. Mesmo se ele se afastou do marxismo no correr de sua vida intelectual, continua a ser reconhecido como um filósofo original que mostrou certas chaves cruciais para melhor ler a obra de Karl Marx. Ao fazê-lo, abriu especialmente para os economistas o horizonte da crítica da economia política, sem a qual a ciência do capitalismo permanece um saber que esconde os seus fundamentos.

É evidente, o autor de Marx: Lógica e Política, dedicou quase toda a sua vida de professor universitário e pesquisador na área de Filosofia ao desenvolvimento de uma crítica rigorosa do marxismo herdado, a qual se fundamenta na logicidade da dialética de Hegel e Marx.

Como aquele que assina esse blog aprendeu com ele um pouco da lógica dialética que está implícita nos textos do filósofo alemão, julga então que não poderia faltar nesse momento. O texto que essa introdução encaminha aponta para o núcleo da contribuição de Ruy Fausto, que continua a ser de conhecimento necessário para o aprofundamento da compreensão não só do marxismo, mas também – é preciso dizer – para a política contemporânea.

O texto está aqui:  Dentro e fora do marxismo