Estagflação segundo Paul Krugman (Parte II)

O que se seguirá ao choque de Trump?

Paul Krugman – Blogue do autor no Substack – 24/08/2025

Na cartilha anterior sobre esse tema, explicou-se em que consiste a estagflação, a lógica por trás dela e sua história. Aqui está uma breve lista do que foi abordado os seguintes pontos:

A estagflação é uma combinação de inflação e alto desemprego

Para a inflação se enraizar na economia é preciso que as empresas e os trabalhadores aumentam seus preços porque esperam que todos os outros façam o mesmo;

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Estagflação segundo Paul Krugman (Parte I)

Apresenta-se abaixo um texto do prêmio Nobel acima nominado que trata do fenômeno da estagflação. A sua explicação se baseia quase que exclusivamente no processo de formação de expectativas e da ação do banco central. Eis que, para ele, grosso modo, se os preços aumentam muito no passado, os donos das empresas (ou seus gerentes), que detêm algum poder de monopólio, vão elevar muito os preços a menos que a economia entre em recessão.

Trata-se, evidentemente, de uma peça de economia vulgar combinada com uma psicotécnica A primeira fica na aparência dos fenômenos, aqui os movimentos dos preços; a segunda retrata as percepções subjetivas dos gerentes capitalistas, que gozam de alguma autonomia para determinar preços. Ora, neste blogue, já foi apresentada uma teoria científica mais rigorosa e ela foi formulada por Anwar Shaikh. Para os eventuais interessados, ela está tanto aqui  (…)  quanto aqui também.

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Banco central “independent”

Autor: Michael Roberts –  The next recession blog – 27/08/2025

O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que demitira Lisa Cook, membro do Conselho de Governadores do Federal Reserve. Pois, ela cometera fraude ao hipotecar por duas vezes a sua residência principal, quando ainda era professora no estado de Michigan, antes de ingressar no Fed. Naturalmente, Cook rejeitou essas acusações. O economista keynesiano, em seu blog, Paul Krugman repercutiu:  mesmo que fosse verdade, essa acusação não seria adequada para solicitar a demissão imediata de alguém do Fed”.

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A desigualdade nos EUA (Parte V)

Autor: Paul Krugman.

Eis as quatro primeiras postagem sobre o tema: Parte I, Parte II, Parte III e Parte IV.

A minha frase favorita do filme Wall Street, saído em 1987, aparece quando Gordon Gekko ridiculariza o personagem Charlie Sheen por suas limitadas ambições: “Não estou falando de US $ 400.000 por ano trabalhando duro em Wall Street, voando de primeira classe e vivendo confortavelmente. ” Ora, ajustado pela inflação, 400 mil, em 1987, equivalem a cerca de US $ 1,1 milhão agora.

O que essa frase diz é que, mesmo em 1987, bem no início do grande aumento da desigualdade pós-1980, muitas pessoas que operavam no setor de finanças – ou seja, que trabalhavam em Wall Street – já recebiam quantias muito grandes e que, por isso, algumas delas estavam acumulando fortunas extraordinárias.

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A desigualdade nos EUA (Parte III)

Autor: Paul Krugman. A Parte I está aqui e a Parte II está aqui.

Havia ficado estabelecido que a terceira parte da série de pequenos artigos sobre desigualdade nos Estados Unidos se concentraria no aumento das fortunas gigantes, algo que vem ocorrendo desde 2000. Contudo, agora vi que essa promessa precisa ser quebrada, por dois motivos. A primeira é que a pesquisa ainda está sendo feita.

A segunda é que surgiu algo mais atual para ser discutido. Eis que o Stone Center on Socio-Economic Inequality realizou seu workshop anual e ele versou sobre os números da desigualdade. O seminário contou com apresentações de pesquisadores e estudiosos mais jovens, mas também de alguns com mais idade. Aquele que aqui escreve foi convidado a dar uma palestra, relativamente não técnica, sobre coisas que atualmente estão em circulação.

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A desigualdade nos Estados Unidos (Parte II)

Autor: Paul Krugman – A primeira parte está aqui.

A importância do poder do trabalhador [1]

Após a Segunda Guerra Mundial, as disparidades de renda na América permaneceram relativamente estreitas por mais de uma geração. Alguns eram ricos e muitos eram pobres, mas não havia a extrema desigualdade, a fragmentação econômica e a guerra de classes tal como veio a existir depois.

Então, começando por volta de 1980, a desigualdade aumentou, chegando a níveis incrivelmente altos tal como se vê atualmente. Como ficou documentado na postagem anterior (Parte I), não apenas o 1% superior na distribuição de renda se afastou dos 99% restantes, mas dentro do 1% superior o 0,1% superior, o 0,01% superior e o 0,001% superior também se afastaram daqueles que ganham menos do que eles.

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A desigualdade nos Estados Unidos (Parte I)

Autor: Paul Krugman

Por que os ricos ficaram cada vez mais ricos?

Entre a Segunda Guerra Mundial e a década de 1970, as disparidades de renda na América do Norte eram relativamente estreitas. Algumas pessoas eram ricas e muitas eram pobres, mas a desigualdade geral entre os americanos em termos de riqueza, renda e status era baixa o suficiente para que o país tivesse uma sensação de prosperidade compartilhada. As coisas são muito diferentes hoje, pois a sociedade americana é assolada por extrema desigualdade, fragmentação econômica e guerra de classes.

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As tarifas de Trump em questão

Apresenta-se abaixo um artigo que contrapõe duas grandes teses sobre a atual política tarifária dos EUA. Primeiro, ele resume as explicações de Stephen Miran, um autor ligado ao atual governo dos EUA, as quais expõem supostamente a lógica implícita dessa política; em sequência, ele contrapõe essas teses à posição crítica mantida por Paul Krugman. Para tanto, o artigo apresenta a seguinte questão: “as tarifas de Trump são a resposta certa para reestruturar o sistema de comércio global?”. Para depois concluir que “a teoria econômica e as evidências históricas sugerem que não”.

Alberto Ortiz Bolaños [1] – Publicação do autor [2] – 18/02/205

Desde a campanha eleitoral dos Estados Unidos, Donald Trump tem falado repetidamente sobre questões relacionadas à sua agenda make America great again e agora, como presidente, ele está começando a agir. Além das políticas de imigração contra pessoas sem documentos, os elementos essenciais de sua agenda incluem uma política tarifária ligada às questões de segurança e às  ameaças contra o abandono do dólar como ativo de reserva.

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