Prêmio Nobel ou Prêmio Ignóbil

Segue-se abaixo uma análise crítica, mas ainda convencional, da teoria imprestável dos fundos emprestáveis que deveria estar morta há cerca de um século, mas que sobrevive na cabeça dura de alguns economistas do sistema. E que ainda dá prêmio para os mais distinguidos dentre eles por terem cargos na administração do capitalismo.

Autor: Peter Bofinger [1]

Fonte: Europa Social – 17/10/2022

O Prêmio Riksbank deste ano em ciências econômicas em memória de Alfred Nobel homenageia Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig. Na opinião da Real Academia Sueca de Ciências, os laureados “melhoraram significativamente nossa compreensão do papel dos bancos na economia”. Em minha opinião, trata-se, na verdade, de um prêmio para um “erro popular”.

Mas qual é o papel dos bancos na economia? A academia descreve assim esse papel: “Para entender por que uma crise bancária pode ter consequências tão enormes para a sociedade, precisamos saber o que os bancos realmente fazem: ora, eles recebem dinheiro de pessoas que fazem depósitos e o canalizam para os mutuários”. De acordo com essa visão, os bancos são, portanto, puros intermediários ou negociantes de poupança entre as famílias poupadoras e as empresas investidoras. É uma visão amplamente difundida na economia hoje, mas há muito tempo existe uma teoria completamente diferente da função dos bancos.

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Dinheiro em Keynes: questões lógicas

IS-LM ModelComo se sabe, Keynes define o capitalismo como uma economia monetária de produção, ou seja, como um arranjo institucional destinado à produção de bens que funciona mediante trocas necessariamente mediadas pelo dinheiro. Isto não impede que seja capaz de pensar uma economia capitalista “não monetária”. Ora, essa incongruência e outras que se encontram em seu texto sugerem que se examine a teoria monetária desse autor de uma perspectiva lógica. Pois, é possível que lhe falte uma concepção justa sobre a natureza do dinheiro no capitalismo. Por que esse autor é capaz de pensar o capitalismo como uma economia monetária e, ao mesmo tempo, como uma economia não monetária? Ora, isto não tem uma raiz profunda no terreno metodológico? Não é o próprio modo de racionar de Keynes que gera necessariamente uma visão dicotômica do sistema econômico?  Como pensar desse modo parece absurdo do ponto de vista da teoria marxiana do capitalismo, o texto procura investigar essa questão. Chega à conclusão que há uma diferença profunda entre esses dois autores, sugerindo que eles não podem e não devem ser confundidos como tem acontecido frequentemente nos escritos de economia política. O texto se encontra aqui: Dinheiro em Keynes – Questões Lógicas