Declínio sexagenário: por quê?

No post anterior apresentou-se um artigo de Alan Freeman que mostra um declínio persistente do crescimento econômico dos países que formam o centro do sistema capitalista de produção e circulação de mercadorias. Os dados agregados da evolução do PIB de 17 países, dentre os quais se encontram EUA, Japão, Alemanha, França, Grã-Bretanha etc. exibem que, se este crescimento oscilava em torno de 6% das duas primeiras décadas entre 1950 e 2015, ele passou a cair desde então, de tal modo que, atualmente, oscila em torno de 2%. O gráfico em sequência que apresenta a taxa de crescimento anual médio para os países do Norte industrializado é autoexplicativo.


O que explica esse declínio persistente que a literatura ortodoxa chama de “estagnação secular”? Em busca de uma resposta, neste post apresenta-se os principais resultados de um artigo de Tsoufidis e Paitaridis publicado recentemente na revista Review of Radical Political Economics. Ele mostra – pensa-se aqui – que esse desempenho cadente tem uma causa estrutural clara: o declínio persistente da taxa de lucro líquida. Pois esta condiciona o nível do investimento e este o crescimento de longo prazo.

A nota se encontra aqui: Declínio sexagenário – por quê?

Para uma outra opinião, agora baseada mais na aparência, veja-se: A concentração de mercado está ameaçando a economia dos Estados Unidos

Uma certa economia política neoliberal

O neoliberalismo é um sistema normativo que pretende estender a lógica da concorrência capitalista para todas as relações sociais. Os neoliberais estão convencidos de que o mercado fornece um paradigma de sociabilidade adequado para a sociedade como um todo. Em consequência, esforçam-se continuamente mudar as instituições existentes de tal modo que elas passem a incentivar a lógica competição. Em sua perspectiva, por exemplo, os governantes e os governados devem se comportar como se fossem empresas.

Esta postagem discute um pouco como os neoliberais querem enfrentar o baixo crescimento da economia capitalista no Brasil. Para eles, ela cresce pouco porque as suas instituições – especialmente estatais – não favorecem a busca do auto interesse, a concorrência e o esforço produtivo. Para mudar essa situação, propõem uma série de políticas sociais e econômicas. E elas são do seguinte tipo: conter o crescimento das despesas primárias do governo; reduzir a carga tributária; desregular o mercado de força de trabalho; encurtar a cobertura da previdência social; abrir a economia para a competição internacional; garantir melhor o direito de propriedade etc.

Na nota que se está publicando junto dessa postagem, indica-se que essas propostas não só abrem caminho para a normatividade da competição desenfreada, mas também – e de modo central – buscam obter uma elevação da taxa de lucro por meio do aumento do aumento da eficiência do capital industrial na apropriação e na retenção de mais-valor. Ao examiná-las, busca-se mostrar aqui que essas políticas podem, sim, ter algum resultado no sentido de elevar a taxa de crescimento do PIB. Porém, elas terão efeitos deletérios na sociedade brasileira: reduzirão os salários reais, diminuirão os gastos sociais do Estado, piorarão a repartição da renda, agravarão as tensões sociais, produzirão barbárie, fortalecerão as alternativas fascistas.

O texto da nota está aqui: Uma certa economia política neoliberal