Efeitos das transferências fiscais para os capitalistas

[1] Autor: Prabhat Patnaik [2] – Blog Ideas – 25 de novembro de 2024

É comum, atualmente, que os governos forneçam transferências fiscais aos capitalistas, seja por meio de redução das taxas de impostos corporativos ou fornecendo subsídios diretos; com essas medidas, eles visam incentivar um maior investimento por parte dos capitalistas, estimulando, assim, a economia.

Durante a primeira presidência de Donald Trump, houve um corte na alíquota do imposto corporativo com esse objetivo. Na Índia, o governo Modi, como é bem sabido, deu enormes concessões fiscais com o mesmo objetivo. Mesmo um conhecimento mínimo de economia, no entanto, mostra que tais transferências para capitalistas são contraproducentes em um regime neoliberal.

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Mais uma contradição prospera no capitalismo

Autor: Prabhat Patnaik

Nos Estados Unidos ainda há quatro milhões de pessoas que permanecem desempregadas em relação à situação antes da pandemia; e, no entanto, a tentativa do governo Biden de estimular a economia já entrou em crise com o ressurgimento da inflação não apenas naquele país, mas também em outras partes do mundo capitalista. 

O Federal Reserve Board (o equivalente ao banco central dos EUA) planeja em breve aumentar as taxas de juros (atualmente próximas de zero). Ademais, mesmo a expansão fiscal será difícil de sustentar diante da inflação. Tudo contribui, portanto, para truncar a recuperação que vem ocorrendo. 

Em outras palavras, mesmo no principal país capitalista do mundo, cuja moeda é “tão boa quanto o ouro” e que, portanto, não precisa temer qualquer fuga de capital debilitante, a capacidade do Estado de estimular a atividade dentro de suas próprias fronteiras encontra-se seriamente constrangido.

Esta é uma nova contradição básica que surgiu no capitalismo mundial e que merece atenção séria. Segundo John Maynard Keynes, o mais importante economista burguês do século XX, embora o capitalismo espontâneo fosse um sistema falho que mantinha grandes massas de trabalhadores desempregadas, a intervenção do Estado poderia consertar essa falha. Ora, esse prognóstico já havia sido contraditado pela globalização de finanças. 

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Aversão ao pleno-emprego?

O economista marxista indiano Prabhat Patnaik procurou defender ainda o sistema de acumulação centralizado que ainda é usualmente chamado de socialismo ou de socialismo real. “O velho regime socialista” – diz ele em seu escrito (em inglês) denominado Por que o socialismo não tem crises de superprodução? – “tem sido objeto de muita difamação”…

Segundo ele, o socialismo, ao contrário do capitalismo, visa o pleno-emprego. Pois, os capitalistas, ao contrário dos líderes socialistas, segundo ele ainda, têm aversão à máxima ocupação da força de trabalho. Será que essa tese é verdadeira? Ou ela provém, em última análise, de uma infiltração do individualismo metodológico no campo do marxismo?

No post aqui apresentado procura-se mostrar por que o sistema de acumulação descentralizado, ou seja, o capitalismo, não se instala no pleno-emprego e por que o sistema de acumulação centralizado, incorretamente chamado de socialismo, nele permanece.

Apesar dessa diferença de comportamento macroeconômico, argumenta-se aqui que ambos esses sistemas enquanto sistemas são guiados pela acumulação de capital. E, se assim é, procura-se mostrar por que ocorre essa apontada diferença?

A resposta do blog está aqui: Capitalismo, socialismo e pleno-emprego