Para entender melhor o antissemitismo é interessante confrontar as teses de Moishe Postone e de Slavoj Zizek. O primeiro autor examinou esse tema com base numa interpretação original de O capital de Karl Marx, a qual ficou registrada no livro Tempo, trabalho e dominação social (Boitempo, 2014). Zizek, por sua vez, é bem conhecido por seu marxismo/hegelianismo heterodoxo influenciado por Jacques Lacan; a sua tese sobre a origem do antissemitismo, delineada nessa perspectiva, encontra-se em As dificuldades do real (capítulo 4 do livro Como ler Lacan, Zahar, 2010).
A compreensão desse fenômeno histórico continua bem importante. Na forma de um saber de fundo, pode ser empregado – aposta-se aqui – para compreender os neofascismos e mesmo os neonazismos que estão surgindo no capitalismo contemporâneo, em vários países do mundo. É com base numa dissociação entre o abstrato real e o concreto real da forma mercadoria – do dinheiro e do capital em consequência -, assim como por meio de uma personificação dos efeitos no mundo da vida social e pessoal do movimento efetivo desse abstração real, que o neofascismo mais uma vez se alevanta.
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