Argentina em crise: a motoserra quebrou

Autor: Michael Roberts

The next recession blog – 29 de setembro de 2025

Na semana passada, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, ofereceu uma linha de swap de US $ 20 bilhões ao governo de Javier Milei. Prometeu comprar títulos da Argentina, já que o governo Trump tem a pretensão de fortalecer o seu aliado ideológico. As medidas interromperam temporariamente uma forte queda nos mercados argentinos de câmbio, de ações e de títulos. Essa derrocada fora desencadeada pelo rápido esgotamento das reservas estrangeiras do país; uma corrida ao dólar passou a ocorrer porque o governo Milei vinha mantendo o peso cada vez mais supervalorizado para conter a volta da inflação.

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A terapia de choque do governo Milei

Nick Johnson é um economista britânico versado mais fortemente no keynesianismo. Mas, às vezes, ele apresenta resultados que provém do marxismo em seu blog. Nessa postagem, ele interpreta o choque econômico ocorrido recentemente na Argentina de Javier Milei.

Para tanto, ele resume, primeiro, a teoria inflacionária de Robert Rowthorn. A causa da inflação, para esse autor, é estrutural, mas ela é viabilizada por uma política econômica que poderia ser chamada de “relaxamento monetário e fiscal”.

Em sequência, ele examina a “choque” do governante anarcocapitalista, que atende pelo nome acima mencionado. E chega a uma posição dentro da tradição radical na compreensão da inflação.

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Do anarcocapitalismo à auteridade

Michael Roberts – The next recession blog – 15/04/2025

No dia 14 de abril, o FMI anunciou que concordou em emprestar ao governo argentino Milei mais US$ 20 bilhões (além das dívidas existentes contraídas no passado) para ajudar o governo a cumprir suas obrigações de dívida e restaurar as suas reservas cambiais em rápida queda. O acordo de empréstimo liberará US$ 12 bilhões iniciais, com mais US$ 3 bilhões chegando no final do ano.  

O governo diz que deve receber US$ 28 bilhões somente em 2025, incluindo US$ 15 bilhões de dinheiro do FMI, US$ 6 bilhões de outros credores multinacionais, US$ 2 bilhões de bancos globais e US$ 5 bilhões da extensão de um swap cambial com a China. Milei se gabou de que “o que o seu governo terá uma montanha de dólares“; eis que tema meta de dobrar as reservas cambiais brutas para US$ 50 bilhões.

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Cortando o Estado, mas mantendo a Segurança

Autor: Pablo Pryluka [1]- Argentina sob a motosserra de Milei

A ascensão de Javier Milei à presidência da Argentina veio com todos os tipos de promessas de reparação econômica, política e cultural. Em um discurso de campanha, no período que antecedeu as eleições de outubro de 2023, Milei afirmou que, caso seu partido, La Libertad Avanza, chegasse ao poder, “a Argentina poderia alcançar padrões de vida semelhantes aos da Itália ou da França em quinze anos. Se você me der vinte anos”, continuou ele, “a Alemanha” será alcançada. E se você me der trinta e cinco anos, os Estados Unidos serão alcançados.

Quando ele de fato assumiu o cargo em dezembro daquele ano, ele o fez com uma agenda política ousada, mas com pouco apoio do Congresso. La Libertad Avanza conquistou apenas 15% dos assentos na Câmara de Deputados e 10% no Senado, ambos dominados por peronistas, de um lado, e Juntos por el Cambio, a coalizão que levou Mauricio Macri à presidência em 2015, do outro. As promessas foram grandes, mas, embora vitoriosa, Milei teve um espaço apertado para manobrar. 

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O choque Milei

Autor: Romaric Godin [1] – Esquerda.net – 15/12/2024

Um ano após a sua chegada ao poder, o Presidente argentino Javier Milei apresenta um balanço econômico que considera lisonjeiro. Mas a realidade é a de uma recessão violenta, que levou um em cada dois argentinos à pobreza, para desenvolver uma lógica extrativista neocolonial.

Após um ano no poder, Javier Milei já mudou a economia argentina. Do seu ponto de vista, a sua estratégia de choque, que consistiu em desvalorizar o peso argentino pela metade, pouco depois de ter chegado ao poder, e em reduzir drasticamente as despesas públicas, é um sucesso de que se gaba em cada uma das suas viagens ao estrangeiro. Sempre, claro está, através de uma escolha cuidadosa dos números.

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A destruição de Milei. Criativa?

Michael Roberts – The next recession blog – 10/12/2024

Faz um ano que o autoproclamado “anarcocapitalista” Javier Milei se tornou presidente da Argentina. Ele assumiu o poder em um país em que a inflação anual estava em 160%, mais de quatro em cada 10 pessoas estavam abaixo da linha da pobreza e o déficit comercial era de US $ 43 bilhões. Além disso, havia uma dívida assustadora de US$ 45 bilhões com o Fundo Monetário Internacional, além de US$ 10,6 bilhões a serem pagos ao credor multilateral e aos credores privados.

O governo peronista anterior falhou miseravelmente em entregar expansão econômica, uma moeda estável e inflação baixa. Ademais, também não conseguiu acabar com a pobreza e reduzir a desigualdade. A taxa oficial de pobreza da Argentina subiu para 40% no primeiro semestre de 2023. De acordo com dados disponíveis de desigualdade mundial, o 1% mais rico dos argentinos tinha 26% de toda a riqueza pessoal líquida, os 10% mais ricos tinham 59%, enquanto os 50% mais pobres tinham apenas 5%! Em termos de renda, o 1% mais rico obtinha 15%, os 10% mais ricos arrumavam 47% e os 50% mais pobres ficavam apenas com 14%.

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