Publicado originalmente em inglês na revista Brazilian Journal of Political Economy, no número de julho/setembro de 2020.
Introdução
Karl Marx escreveu numa das notas de rodapé do primeiro capítulo de O capital que “os economistas têm um modo peculiar de proceder. Para eles há apenas duas espécies de instituição, as artificiais e as naturais. As instituições do feudalismo são artificiais, as da burguesia naturais” (Marx, 1983, p. 77n). No entanto, se forneceu uma boa resposta para o enigma de saber por que essa duplicidade se impõe aos economistas em particular, não explorou todas as suas consequências. Pois, não presenciou a matematização da economia política que passou a ocorrer apenas no último quartel do século XIX.
É preciso observar que essa distinção é operada na linguagem. Portanto, as noções de natural e de artificial são ambas representações, as quais estão formadas por dualidades de significantes e de significados. Enquanto termos linguísticos são ambos artificiais, mesmo se não podem ser pensados como convenções, mas como signos que emergiram ao longo dos séculos de forma não intencional no próprio processo de formação da língua. Enquanto significados apontam – e por apontar mostram já lacunas e incerteza – para o que é próprio da natureza e para o que é próprio do homem. Ora, as instituições se encaixam sempre nesse último caso – e não do primeiro deles. São os homens que criam as instituições, ainda que possam fazê-las com consciência ou, até de modo mais comum, inconscientemente.
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