Niilismo, capital, fascismo

O termo niilismo foi empregado de várias formas na tradição cultural do Ocidente. Mesmo em Friedrich Nietzsche, em que se torna central, é de difícil compreensão já que foi usado de várias formas apenas aproximadas umas das outras ao longo de seus diversos textos.

Aqui se entende que niilismo se refere à “ruína da interpretação moral do mundo” depois do advento da racionalidade moderna, após o declínio da totalidade ética constituída pelo cristianismo na Idade Média. Segundo Max Weber, ele é o efeito de um desencantamento do mundo. Segundo Heidegger, ele traz como consequência o domínio da racionalidade técnica e instrumental do mundo.

Aqui se julga que essa irreligiosidade, que afetou o mundo da vida social e cultural, veio junto com um novo encantamento. Eis que a esfera econômica da sociedade moderna se destacou da sociedade, ganhou vida própria, tornando-se o domínio de um “deus” terreno. Em consequência, atribui-se aqui o advento do niilismo ao domínio crescente nessa sociedade do sujeito automático formado pela relação entre o capital e o trabalho assalariado.

De modo tentativo, considera-se então que o efeito do niilismo é incapacitar os valores humanistas que mal sobrevivem na sociedade moderna de conter as tendências à uma violência endêmica – assim como àquela que dá origem ao fascismo –, a qual passa a medrar nessa sociedade de forma incontida. Julga-se, então, que apenas um socialismo radicalmente democrático pode salvar a humanidade da barbárie que hoje se vê transpirar por todos os poros desse desencantamento.

Eis aqui o texto: Capital, niilismo, fascismo