O “rentismo” e a léxis de O capital

Faz-se nesta nota um comentário sobre um ponto bem específico contido no livro mais recente de François Chesnais, Finance capital today. Como fica evidente já pelo título, esse autor pretende atualizar, com originalidade e cem anos depois, a tese de Rudolf Hilferding – e de Vladimir Lenin – sobre o caráter do capitalismo na era do imperialismo. Porém, apesar de sua pretensão evidente de se manter fiel aos escritos de Marx, considera que não pode escusar o emprego da expressão “capital rentista”. Ora, ao proceder assim, ele adiciona uma “nova categoria” à ordem de exposição de O capital. Esta postagem encaminha uma nota crítica que contesta a validade desse procedimento que não é só dele, mas de muitos marxistas. Argumenta-se que a ideia de um “capital rentista” provém de Keynes e viola fragrantemente a léxis de O capital.

A nota se encontra aqui: O rentismo e a léxis de O capital

Exame crítico da teoria da financeirização

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Resumo

A teoria da financeirização tornou-se chave na compreensão marxista da evolução contemporânea do modo de produção capitalista. Entretanto, tal como tem sido formulada, ela não está totalmente de acordo com a compreensão do próprio Marx sobre as funções do capital portador de juros e do capital fictício na acumulação de capital. Examina-se, por isso, num novo artigo principalmente a teoria da financeirização de François Chesnais. A sua conjectura sobre a evolução recente do capitalismo é vista criticamente porque ela se restringe a condenar a dominação parasitária do capital industrial pelo capital financeiro. A predominância da lógica das finanças na condução da acumulação, segundo ele, vem rebaixar as perspectivas de crescimento da economia capitalista e, assim, dos salários dos trabalhadores encaixados no sistema. Mostra-se no texto que essa formulação apenas renova uma tradição muito antiga em Economia Política, a qual consiste em condenar o chamado “rentismo”, deixando, contudo, de condenar fortemente o capitalismo enquanto tal. A nota, no entanto, não deixa de fazer também um comentário crítico da teoria da financeirização de José Carlos Braga, a qual diverge da teoria muito mais divulgada e conhecida de François Chesnais.

O texto complexo do artigo faz parte do número 39 da revista Crítica Marxista, recém publicado. Ver http://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/