Dilema energético: jogo de soma zero

Autor: Cédric Durand – 17/11/2021 – Blog Sidecar da NLR

Em minha recente intervenção no blog Sidecar, desenvolvi o argumento de que as perturbações econômicas desencadeadas pela alta dos preços de energia – especialmente no mercado de gás – podem estar conectadas às políticas climáticas dos governos. Adam Tooze, respondendo em seu Chartbook # 51 , desafia essa tese que chamei de “dilema energético”. O que Tooze rejeita sem ambiguidade é o mote de que as empresas de combustíveis fósseis ocidentais avaliaram a perspectiva de mudanças nas políticas relacionadas ao clima em seu comportamento de investimento e que isso contribuiu para as tensões no lado da oferta que vieram à tona neste outono. Embora eu concorde que evidências mais fortes são necessárias para chegar a uma conclusão definitiva, ainda assim tenho várias reservas sobre o ensaio de Tooze.

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Dilema energético: outra explicação

No texto em sequência Adam Toose contesta a tese de Cédric Durand de que uma contradição – a acumulação de capital requer elevação da oferta de energia, mas a crise climática opera para diminui-la – está presente na transição energética. Num poste a ser brevemente publicado, Cédric Durand fornece a sua resposta.

Autor: Adam Toose, 20/11/2021, Chartbook

Em 2021, os preços da energia em todo o mundo dispararam dando origem ao boato sobre a existência de uma “crise energética”.

Por que a oferta de carvão, petróleo e gás ficou tão aquém da demanda? Depois de um artigo no New Statesman e uma troca de ideias com Richard Seymour, volto à questão novamente. E não apenas porque a indústria de energia é complicada e fascinante, mas porque a resposta que dei é crucial para localizar onde se está na batalha pela transição energética.   

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Dilema energético: eficiência ou eficácia?

Autor: Cédric Durand

Blog Sidecar, 5/11/2021

A bifurcação ecológica não é um jantar de gala. Após um verão de eventos climáticos extremos e um novo relatório do IPCC confirmando suas previsões mais preocupantes, grande parte do mundo está agora sendo sacudida por uma crise de energia que prefigura crescentes problemas econômicos no futuro. Essa conjuntura enterrou o sonho de uma transição harmoniosa para um mundo pós-carbono, trazendo à tona a questão da crise ecológica do capitalismo. Na COP26, o tom dominante foi de impotência. As tragédias iminentes deixaram a humanidade encurralada entre as demandas imediatas de reprodução sistêmica e a aceleração dos distúrbios climáticos.

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