Autor: Cédric Durand[1]
O teórico Fredric Jameson diz que “o mercado é… o Leviatã em pele de cordeiro”; “a sua função não consiste em encorajar e perpetuar a liberdade, mas sim em reprimi-la”. [2] A ideologia do mercado se sustenta numa aparência de liberdade, mas, na verdade, proíbe os seres humanos de tê-la, ou seja, que eles possam tomar coletiva e conscientemente o seu destino econômico nas próprias mãos, alegando que tal iniciativa só pode levar à tragédia. Segundo ela, nós temos a sorte de poder deixar as coisas para o Deus oculto da mão invisível, o mercado smithiano que transforma vícios privados em virtudes públicas e que, supostamente, transforma o choque de interesses em algo harmonioso?[3]
Esse mito leva a uma abdicação da liberdade de deliberar e, assim, do poder organizar o futuro. Implica também no abandono da possibilidade de rever os planos em conjunto conforme se desenrola o inesperado. Por meio do projeto neoliberal de livre mercado, as sociedades abandonam o domínio das coisas ao longo do tempo para confiar nos mecanismos impessoais das finanças.
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