Autor: Eleutério F. S. Prado [1]
Esta nota dá continuidade à anterior (publicada neste blog em 19/12/2021) que tratou do tema Pulsão da morte – Compulsão do capital, com o objetivo de buscar incorporar criticamente as descobertas da psicanálise na crítica da economia política. Aqui, considerando insuficiente o que foi dito naquela nota a respeito da noção freudiana de pulsão da morte, volta-se ao tema. A conjugação desses dois saberes afigura-se importante para compreender o devir possível da sociedade.
Em resumo, pode-se dizer que se havia chegado à conclusão naquele pequeno estudo que a pulsão da vida era conservativa e que a pulsão da morte, ambas como noções provindas de Freud, era consumativa. Ademais, concluíra-se lá que esse autor atribuirá um caráter unilateral à pulsão da morte; pois, como não há morte sem vida e vida sem morte, vida e morte formam uma contradição. Em consequência, a mesma pulsão poderia ser tomada tanto como pulsão de mais-viver quanto como pulsão de mais-morrer. Ora, a prevalência de uma ou outra dependeria de condições sociais determinadas.
Nessa ótica, a pulsão da morte, tal como apresentada pelo psicanalista clássico, caracterizaria, na verdade, o sujeito sujeitado a uma compulsão interna e/ou externa que o domina – uma mortificação. Agora, quer-se testar melhor essa hipótese para ver se ela se sustenta. E, para tanto, vai-se comparar aqui interpretações críticas dessa noção: uma delas se encontra no livro Gozando com aquilo que não se tem de Todd McGowan (2013) e a outra se acha no livro O trabalho do gozo de Samo Tomšič (2019). Um texto de Slavoj Žižec será também usado para corroborar a tese contida nesta nota.
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