A terapia de choque do governo Milei

Nick Johnson é um economista britânico versado mais fortemente no keynesianismo. Mas, às vezes, ele apresenta resultados que provém do marxismo em seu blog. Nessa postagem, ele interpreta o choque econômico ocorrido recentemente na Argentina de Javier Milei.

Para tanto, ele resume, primeiro, a teoria inflacionária de Robert Rowthorn. A causa da inflação, para esse autor, é estrutural, mas ela é viabilizada por uma política econômica que poderia ser chamada de “relaxamento monetário e fiscal”.

Em sequência, ele examina a “choque” do governante anarcocapitalista, que atende pelo nome acima mencionado. E chega a uma posição dentro da tradição radical na compreensão da inflação.

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Keynesianismo e o problema da lucratividade

O autor da nota publicada em sequência, que se perfila como keynesiano, examina as consequências da política econômica keynesiana na lucratividade do capital – o que é raro nesse ramo da literatura sobre macroeconomia. No entanto, ele não toca na questão das relações entre a acumulação de capital, o aumento da produtividade do trabalho e da queda da produtividade aparente do capital e, assim, da tendência ao declínio da taxa de lucro.   

Eis o artigo:

Autor: Nick Johnson – Fonte: The political economy of development – 2/07/2025

O que salva o capitalismo hoje pode enfraquecê-lo amanhã. As políticas governamentais que sustentam o pleno emprego correm o risco de sustentar o capital improdutivo [de valor excedente] e atrasar a destruição criativa. Mas existe uma solução progressiva para esse problema?

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Protecionismo e desequilíbrios comerciais

Neste artigo, Nick Johnson tenta combinar as teses de Nicholas Kaldor e Michael Pettis para justificar as tarifas como parte de um esforço para reequilibrar o comércio internacional atualmente desbalanceado principalmente em favor da China. Ele sugere, que as tarifas devem ser complementadas com políticas de renda. Nesse sentido, ele julga que o salário real deve aumentar na China, mas curiosamente não sugere que ele deve ser reduzido nos Estados Unidos. Ao fim e ao cabo, as suas sugestões parecem ingênuas já que não levam em conta, comparativamente, o desenvolvimento da produtividade do trabalho vis-à-vis a evolução dos salários reais nas últimas décadas e, assim, a evolução da lucratividade. Ora, diante dessa evolução, as perspectivas de lucratividade dos diferentes ramos da produção são cruciais.

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Da política econômica inominável

Neste post publica-se uma nota que defende o desenvolvimentismo e que se caracteriza, sobretudo, por fazer aflorar uma intensa – e doída – ironia. Eis que faz a resenha de um estudo recente sobre as políticas econômicas que efetivamente produziram e que podem produzir o alçamento (catching up) e que, de modo inesperado, recebeu a chancela do FMI.

A nota aqui traduzida foi publicada originalmente em inglês, no blog The Political Economy of Development. Nela, Nick Johnson discute um artigo de Cherif e Hasanov cujo título, traduzido, fica assim: O retorno de uma política que não deve ser nomeada, princípios de política industrial.

A nota é ventilada neste blog porque essa política, no Brasil, tornou-se de fato “inominável”. Não por demérito próprio, mas por causa do demérito de seus críticos atrozes. Eles preferem, no fundo, que o País permaneça na condição de nação “liberal-dependente”.

A principal conclusão que a nota quer mostrar se encontra numa citação. E esta diz respeito à condição necessária, mas não suficiente, para que uma política desenvolvimentista possa ser implementada. Esta condição é, ademais, acaciana. Para que ocorra é preciso, sim, um “acordo nacional”: “Uma combinação de poder e de instituições mutuamente compatíveis e, ademais, que seja sustentável em termos de viabilidade econômica e política”.

Ora, é justamente esse “acordo nacional” que falta de modo inelutável, pois se tornou (talvez?) impossível num país que passou por uma desindustrialização e financeirização como o Brasil nos últimos 40 anos. Uma alternativa precisa, por isso, ser criada… mas esta tem de ser verdadeiramente democrática (os socialismos que existiram ou que ainda existem não podem, portanto, ser tomados como modelos).

A nota está aqui: A política que não deve ser nomeada