Adam Smith, 300 anos depois

Michael R. Kratke [1]14/03/2024

Os liberais ainda o reverenciam hoje; como se sabe, vários think tanks  radicais pró-mercado são nomeados e referenciados por ele. O Instituto Adam Smith, em Londres, foi e continua sendo um dos mais importantes focos do neoliberalismo. Como costuma acontecer com os grandes autores, a sua extensa obra é pouco lida hoje. Na melhor das hipóteses, presta-se atenção apenas a trechos como aquele que fala da “mão invisível” do mercado. Adam Smith, que nasceu há trezentos anos em Kirkcaldy, perto de Edimburgo, é um dos pensadores mais incompreendidos da era moderna. Grande parte de seu patrimônio literário foi queimado por vontade própria, um total de 18 cadernos escritos à mão muito apertadamente.

Morreu aos 67 anos mundialmente famoso. Viveu e trabalhou na Escócia, em Glasgow e Edimburgo, mas também passou alguns anos em Londres. Viajou para a França e Suíça por mais de dois anos e conheceu a elite intelectual de seu tempo em Paris. Em casa, seus contemporâneos o consideravam o arquétipo do professor distraído que, pelo menos uma vez, andou pela rua principal monologando consigo mesmo. Mas esse cavalheiro um tanto peculiar lidou com as maiores mentes de seu tempo, com David Hume, bem como com Voltaire, Diderot, Turgot e Quesnay.

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Por que não cresce? Traição da mão invisível!?

Faz-se um esforço neste post para entender por que a economia capitalista no Brasil não consegue se recuperar do afundamento ocorrido em 2015-2016. Esse esforço se baseia numa premissa central: eis que a depressão e a recessão são fatos econômicos bem diferentes entre si.

Normalmente, as recessões típicas que acontecem de tempos em tempos não chegam a inverter o sinal do crescimento, apenas o rebaixa. Em sequência, após um período de alguns poucos meses, o sistema econômico tende a entrar em recuperação por si mesmo.

Já as depressões se caracterizam de início por reduzir fortemente o nível da produção mercantil, produzindo assim um decrescimento significativo (da ordem de 10% ou mais), do qual resulta um excesso generalizado de capacidade ociosa e baixa lucratividade. Nessa situação, a recuperação possível se torna muito difícil sem a intervenção do Estado.

Sob essa premissa se investiga a rentabilidade da economia capitalista no Brasil durante o período que vai de 2010 a 2018. Mostra-se, então, que ela se encontra num nível muito baixo e que está onerada por um altíssimo custo de capital. Ora, se essa foi, como sempre, uma barreira que o próprio capital pôs para si mesmo, o custo de um eventual retorno à “normalidade” será pago pela redução do salário real.

O texto em pdf se encontra aqui: Por que não cresce? – Traição da mão invisível!?