A destruição de Milei. Criativa?

Michael Roberts – The next recession blog – 10/12/2024

Faz um ano que o autoproclamado “anarcocapitalista” Javier Milei se tornou presidente da Argentina. Ele assumiu o poder em um país em que a inflação anual estava em 160%, mais de quatro em cada 10 pessoas estavam abaixo da linha da pobreza e o déficit comercial era de US $ 43 bilhões. Além disso, havia uma dívida assustadora de US$ 45 bilhões com o Fundo Monetário Internacional, além de US$ 10,6 bilhões a serem pagos ao credor multilateral e aos credores privados.

O governo peronista anterior falhou miseravelmente em entregar expansão econômica, uma moeda estável e inflação baixa. Ademais, também não conseguiu acabar com a pobreza e reduzir a desigualdade. A taxa oficial de pobreza da Argentina subiu para 40% no primeiro semestre de 2023. De acordo com dados disponíveis de desigualdade mundial, o 1% mais rico dos argentinos tinha 26% de toda a riqueza pessoal líquida, os 10% mais ricos tinham 59%, enquanto os 50% mais pobres tinham apenas 5%! Em termos de renda, o 1% mais rico obtinha 15%, os 10% mais ricos arrumavam 47% e os 50% mais pobres ficavam apenas com 14%.

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Não, não é fascismo

Autor: Eleutério F. S. Prado [1]

Às vezes, certas palavras se transformam em etiquetas que podem ser coladas em qualquer lugar que pareça interessante. É o que vem acontecendo com a palavra “fascista” que é usada por gente de esquerda quando enfrenta opiniões e ações controversas de gente de direita. Trata-se, é bem evidente, de uma tática de fácil emprego em entreveros políticos, mas que pode pecar por falta de rigor teórico: nem toda posição política de direita, ainda que adversa, pode ser denotada como fascista – mesmo quando se insurge como igualmente perversa.

Aqui não se quer considerar esse uso corriqueiro da palavra “fascista”, mas um outro que se afigura bem comum atualmente e que se vale de um embasamento bem mais austero. E ele se encontra, por exemplo, no artigo A ascensão global da extrema direita, de Sérgio Schargel, que veio à luz recentemente no sítio A terra é redonda. Os argumentos aí apresentados foram introduzidos por meio da seguinte epígrafe: “mais do que nunca, precisamos chamar e classificar o bacilo da extrema direita por seu nome verdadeiro: fascismo”.

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