Autor Samo Tomšič
A antissocialidade do capitalismo versus a sociabilidade da análise
Na citação inicial, antes apresentada, Lacan evoca a dialética hegeliana do senhor e do escravo, na qual o senhor é aquele que aposta sua existência numa luta de vida e morte. Enfrentando o risco, ele se põe como senhor não só de sua própria vida, mas também – e sobretudo – da vida dos outros que subordina. Ao transformar o adversário em seu escravo, o senhor simultaneamente triunfa sobre a morte. Mas Pascal não está preocupado com esse mito hegeliano da aposta inicial daquele que se transformará em mestre; na verdade, ele nos apresenta uma figura mais sofisticada e totalmente moderna do mestre.[1]
O mestre de Pascal não precisa apostar nada, porque o jogo que comanda delega o risco ao libertino, transformando-o num trabalhador compulsivo em prol de Deus. Transformado, o antes incrédulo deve trabalhar doravante para um Deus que é radicalmente indiferente ao sacrifício humano e cuja vontade não pode ser influenciada por nenhuma ação humana.
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