Limites do valor e do capitalismo
Eleutério F. S. Prado e José Paulo Guedes Pinto
O objetivo dessa nota vem a ser apresentar a questão do espaço histórico das categorias valor e trabalho abstrato. Isto é feito reinterpretando certos trechos da obra econômica de Marx, em especial O Capital e os Grundrisse.
Até o aparecimento do modo de produção capitalista, o valor não existia enquanto tal, pois ele não estava posto historicamente. Uma parte dos bens produzidos na antiguidade greco-romana se tornavam mercadorias e eram trocados por meio do dinheiro de modo regular; porém, durante esse período histórico, o valor se encontrava pressuposto. O mesmo continuou ocorrendo em todo período medieval. Para a dialética – é preciso enfatizar –, posição é determinação.
Quando surgiu o capitalismo na época moderna, o valor foi posto objetivamente na realidade social. Pois, só na época moderna se pode pensar com base na categoria de quantidade de trabalho socialmente necessária. Na forma capital, ele se tornou então sujeito do processo mercantil. Entretanto com o desenvolvimento desse modo de produção, ou seja, com o extraordinário aumento da produtividade do trabalho na grande indústria, o valor entra em crise, tornando-se desmedido.
A desmedida do valor explica a possibilidade do dinheiro mundial inconversível, o qual está na base da grande crise do capitalismo, ainda em andamento. Argumenta-se que a desmedida do valor produz intrinsecamente a desmedida do capital, especialmente na forma financeira. Há vários sinais de que o capitalismo está se tornando supérfluo para o desenvolvimento da sociedade. Ao contrário da opinião corrente, o socialismo é hoje uma possibilidade efetiva que está pressuposta no capitalismo contemporâneo, pois este perdeu a sua regulação sistêmica interna e se tornou descontrolado.
Resumo em inglês: ver abaixo. Texto em Portugues: Baixar Texto 23 na pasta “Economia Política”
Limits of the value and the capitalism
The purpose of this paper is to discuss the question of the historical space of value and abstract labor categories. This is done by reinterpreting certain parts of Marx’s economic work, especially the Grundrisse and Capital.
Until the appearance of the capitalist mode of production, the value did not exist as such because he was not posited historically. A part of the goods produced in the Greco-Roman times became merchandises and were exchanged by means of money on a regular basis; but during all this historical period the value was not posited; it was presupposed. The same occurred throughout the medieval period. For the dialectic – it must be emphasized – position is determination.
When capitalism emerged in modern times, the value was posited objectively in the social reality. Only in modern times one can think with the category of quantity of labor socially necessary. Capital as a social form became the real subject of the economic process. However with the development of this mode of production, ie, with the extraordinary rise in labor productivity brought by large industry, occurred the crisis of value and it became de-measured (according to Hegel’s logic, the measure turns out to be de-measure when it became more and more indeterminate).
This de-measure explains the possibility of the world money inconvertible, which underlies the actual great crisis of capitalism, still in progress. It is argued that value de-measure produces intrinsically capital de-measure, especially in its financial forms. There are several signs that capitalism is becoming superfluous for the development of society. Contrary to current opinion, socialism is now a real possibility, something that is presupposed in contemporary capitalism because it has lost its internal systemic regulation and has become uncontrollable.
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