Aonde nos leva o declinio do império norte-americano?

Autor: Richard D. Wolff [1] – Counterpunch – 09/09/2024

As evidências sugerem que os impérios muitas vezes reagem aos períodos em que entram em declínio expandindo demais seus mecanismos de sobrevivência. Ações militares, problemas de infraestrutura e demandas de bem-estar social podem então se combinar ou entrar em conflito. Acumulam-se assim custos e efeitos de reação que o império em declínio não consegue administrar. Políticas destinadas a fortalecer o império – e isso já aconteceu na história – agora o minam.

As mudanças sociais contemporâneas dentro e fora do império podem reforçar, retardar ou reverter o declínio. No entanto, quando os líderes negam a sua existência, isso pode acelerar o processo. Nos primeiros anos dos impérios, os líderes e os liderados podem reprimir aqueles entre eles que enfatizam ou que apenas ousam mencionar o declínio. Os problemas sociais também podem ser negados e/ou minimizados; se admitidos, podem ser atribuídos a bodes expiatórios convenientes – imigrantes, potências estrangeiras ou minorias étnicas – em vez de serem associados ao declínio imperial.

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Capitalismo cadente e a raiva das massas

Autor: Richard D. Wolff [1] – Counterpunch – 14/08/2024

Na esteira de sua enorme derrota em 30 de junho de 2024, quando 80% dos eleitores rejeitaram o presidente “centrista” francês Emmanuel Macron, ele disse que entendia a raiva do povo francês. No Reino Unido, o conservador e perdedor Rishi Sunak disse o mesmo sobre a raiva do povo britânico; o líder trabalhista Starmer diz agora que compreende por que a raiva está explodindo em seu país. É claro que essas frases desses políticos geralmente significam pouco ou mesmo nada; elas não implicam numa mudança de rumo substantiva.   

Esses líderes europeus e seus partidos continuam a calcular qual seria a melhor forma de recuperar o poder depois que o perderam. Nisso, eles são como os democratas norte-americanos após o desempenho de Biden em seu debate com Trump, agora em 2024, ou como os republicanos nos EUA após a derrota de Trump, em 2020. Em ambos os partidos, um pequeno grupo de líderes e de doadores toma sempre todas as decisões importantes, mas organiza depois o teatro político para ratificá-las “democraticamente”. Mesmo uma surpresa como a de Kamala Harris, que substituiu Biden na corrida eleitoral, é apenas um pequeno desvio no rumo costumeiro da política contemporânea.

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Por que o capital está deixando os EUA?

Author: Richard D. Wolff [1] – Counterpunch – 21/07/2023

No início, o capitalismo norte-americano estava centrado na Nova Inglaterra. Depois de algum tempo, a busca pelo lucro levou muitos capitalistas a deixar aquela área e se transferirem para Nova York e para os estados do meio do Atlântico. Grande parte da Nova Inglaterra ficou com fábricas abandonadas e cidades deprimidas – o que é evidente até hoje. Eventualmente, os empregadores se mudaram novamente, abandonando Nova York e o meio do Atlântico para o Meio-Oeste.

A mesma história foi se repetindo à medida que o centro do capitalismo se deslocava para o Extremo Oeste, o Sul e o Sudoeste. Termos descritivos como “cinturão da ferrugem”, “desindustrialização” e “deserto manufatureiro” se aplicavam cada vez mais a espaços antes habitados pelo capitalismo norte-americano.

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