“E Marx não conheceu a internet…”

Jorge Novoa [1] e Eleutério F. S. Prado [2]

Crítica ou alavanca?

Que não se assustem os eventuais leitores! A frase inesperada, que aparece aqui como título da presente nota – e que encerra um anacronismo espantoso –, encontra-se num artigo de Marcos Dantas. Com mais precisão, ela está presente em seu escrito, Uma mercadoria ‘sui generis[3], o qual foi publicado aqui no portal A terra é redonda. Por meio dele, esse autor buscou entrar numa pequena, mas necessária, controvérsia.  

Apareceu aí com o objetivo aparente de criticar outro artigo, Crítica da teoria do valor atenção,[4] que fora publicado nesse mesmo portal, assinalando os equívocos do protoprojeto teórico anunciado no escrito Em busca de uma teoria do valor-atenção. [5]  Aí tão somente se dedicou algum esforço para corrigir um erro crasso, mas muito difundido, sobre uma suposta formação de valor econômico na esfera da comunicação.

Continuar lendo

Como funciona a propaganda fascista

Autor: Samir Gandesha [1]

Como se pode retomar atualmente a apresentação sociopsicológica de Adorno sobre a propaganda fascista? Existem basicamente três áreas nas quais as reflexões de Adorno são esclarecedoras: (1) populismo; (2) a análise dos “agitadores” contemporâneos; e, finalmente, (3) a indústria cultural. Antes de abordar estes temas é importante considerar primeiro as limitações de suas extraordinárias reflexões.

Como argumentei em outro lugar, as suposições sociológicas da apropriação de Freud por Adorno, especificamente o conceito de “capitalismo de Estado” de Pollock – segundo o qual o papel do Estado é administrar as tendências de crise do capitalismo – precisam ser repensadas no período caracterizado pela obsolescência do keynesianismo. Além disso, Adorno tinha uma confiança imediata no relato freudiano ortodoxo da teoria da pulsão e no conceito do conflito edipiano. Mas isso precisa também ser repensado e reconstruído para ir além, já que a ontologia atomística e hobbesiana de Freud não se encaixa particularmente bem com uma ontologia social que está em dívida com Hegel e Marx.

Continuar lendo