A entropia requer o decrescimento

Autor: Crelis Rammel[1]

Introdução

Uma fera voraz devora o equivalente a um monte Everest inteiro de recursos a cada 20 meses. Também acelera o seu metabolismo, pois vai reduzir esse prazo para apenas 10 meses nas próximas duas décadas.[2] Ao encher a barriga, a fera esgota seu ambiente e o sobrecarrega com resíduos, interrompendo os sistemas naturais de renovação de recursos e gestão de resíduos. Em última análise, aniquila seu próprio habitat. Refiro-me, naturalmente, ao capitalismo global.

Esse sistema exige acumulação contínua de capital e vacila quando se vê prejudicado nesse processo. A resposta típica à crise ecológica não consiste, portanto, em restringir o crescimento econômico, mas em depositar toda a esperança na eficiência, circularidade, desmaterialização, descarbonização e outras inovações verdes orientadas para o lucro dentro do capitalismo.

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Dilema energético: eficiência ou eficácia?

Autor: Cédric Durand

Blog Sidecar, 5/11/2021

A bifurcação ecológica não é um jantar de gala. Após um verão de eventos climáticos extremos e um novo relatório do IPCC confirmando suas previsões mais preocupantes, grande parte do mundo está agora sendo sacudida por uma crise de energia que prefigura crescentes problemas econômicos no futuro. Essa conjuntura enterrou o sonho de uma transição harmoniosa para um mundo pós-carbono, trazendo à tona a questão da crise ecológica do capitalismo. Na COP26, o tom dominante foi de impotência. As tragédias iminentes deixaram a humanidade encurralada entre as demandas imediatas de reprodução sistêmica e a aceleração dos distúrbios climáticos.

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