O termo financeirização pode ser usado para descrever a expansão das atividades financeiras vis-à-vis das atividades industriais ocorrida já no final do século XX, mais precisamente a partir da década dos anos 1970. Ora, esse emprego suscita uma pergunta imediata: por que ela ocorreu?
Como já se mencionou nesse blog, o pensamento crítico fornece duas respostas alternativas para essa questão.
Uma delas diz que a financeirização ocorreu em virtude de uma forte reorientação da política econômica – a qual deixou de ser keynesiana para ser tornar neoliberal naqueles anos caracterizados pela crise e pelo baixo crescimento econômico. Esta mudança possibilitou, em particular, a liberação das finanças dos constrangimentos até então existentes à sua expansão. Esta, então, tornou-se formidável em virtude do processo da globalização. O post de 1º de outubro trouxe um texto de Grace Brakeley, A última encarnação do capitalismo, que apresentou sinteticamente essa primeira resposta.
A segunda resposta afirma que financeirização, em última análise, decorreu das tendências inerentes ao evolver do modo de produção capitalista, em especial da lei da tendência à queda da taxa de lucro. A crise dos anos 1970, decorrente do rebaixamento da rentabilidade do capital nos países centrais, em particular, nos EUA, suscitou que a condução da política econômica passasse a visar um crescimento econômico cada vez mais liderado pela expansão do capital de finanças.
Neste post traz-se um texto de Michael Roberts (em espanhol) que faz a crítica da primeira alternativa e que apresenta, também, uma versão sucinta da segunda resposta possível acima mencionada. Para ele, a expansão das finanças ocorreu – e costuma ocorrer historicamente – sempre que se torna necessário contrariar a tendência à queda da taxa de lucro e, assim, com ela, à queda do ritmo do processo de acumulação de capital. Nesse sentido, ele crítica a financeirização enquanto uma chave de uma teoria das crises no capitalismo.
O texto, publicado originalmente na revista Sinpermiso, encontra-se aqui: Financiarizacion o rentablilidad?
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