Eis que se tornou necessário examinar criticamente as teses sobre o “neoliberalismo” e sobre a sua “crise” dos conhecidos economistas políticos Gérard Duménil e Dominique Lévy. Pois, essas teses estão profundamente equivocadas.
Veja-se que esses dois autores franceses vêm escrevendo sistematicamente, quase sempre em conjunto, sobre esse tema, havendo desenvolvido uma particular compreensão do evolver do capitalismo contemporâneo. Em resumo, para eles, o neoliberalismo consiste apenas numa estratégia das classes capitalistas para recuperar a hegemonia que havia sido perdida no período em que prevalecera a socialdemocracia e o keynesianismo. Ora, isto parece fazer sentido à primeira vista – à primeira vista somente.
Como enxergam o desenvolvimento do capitalismo contemporâneo sob uma perspectiva que privilegia a luta de classes pela apropriação de renda, eles não vão muito além de uma crítica classista ao neoliberalismo. Apreendem-no, assim, como um processo que se resolve na esfera da circulação do capital e não como um processo que a si mesmo se engendra na própria esfera da produção do capital. Assim, ao invés de tomar o capital como sujeito automático do modo de produção, ao invés de privilegiar a lógica fetichista da acumulação de capital que faz das classes suportes das relações sociais, caem numa sociologia vulgar que assume as classes como sujeitos políticos plenamente atuantes e, assim, já sempre efetivos e constituídos enquanto tais. Se eles se apresentam como marxistas tout court é porque ainda não superaram o nível já ultrapassado do marxismo tradicional.
Eis aqui o texto: De uma critica classista ao neoliberalismo
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