Geopolítica da guerra contra o Irã (III)

Ben Norton [1] e Michael Hudson [2]

Entrevista

Ben Norton: Michael, obrigado por se juntar a mim. É sempre um verdadeiro prazer ter você como entrevistado.

Vamos falar sobre este artigo que você escreveu, no qual você argumenta que a guerra contra o Irã é parte de uma tentativa dos Estados Unidos de impor sua hegemonia unipolar ao mundo.

Vemos que estamos vivendo cada vez mais em um mundo multipolar. E o Irã, nesse mundo, tem desempenhado um papel importante como membro do BRICS, como membro da Organização de Cooperação de Xangai e como parceiro da China e da Rússia. O Irã também tem procurado contribuir para a desdolarização do sistema financeiro global.

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Geopolítica da guerra contra o Irã (II)

Autores: Ben Norton [1] e e Michael Hudson [2]


Por que os Estados Unidos estão tão preocupados com o Irã?

O presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu que Washington quer uma mudança de regime em Teerã, que deseja derrubar o governo iraniano. Trump apoiou uma guerra contra o Irã em junho, na qual os EUA e Israel bombardearam diretamente o território iraniano.

Trump afirmou que negociou um cessar-fogo após 12 dias. Aliás, ele chama de Guerra dos 12 Dias a que os EUA e Israel travaram contra o Irã. Mas é muito difícil acreditar que esse cessar-fogo seja mantido.

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A miséria do Irã sob bombas

Autor: Michael Roberts – The next recession blog21/06/2025

Israel e Irã trocaram ataques com aviões e mísseis depois que o primeiro desses dois países lançou uma grande ofensiva na semana passada.  O presidente dos EUA, Trump, propôs um intervalo de duas semanas para negociar um acordo de “rendição” com o Irã; caso isso não for possível, ele prometeu que se juntará de novo a Israel no bombardeio do país persa. O povo iraniano tem sofrido muito com os bombardeios, mas eles só acrescentam mais dor ao longo sofrimento do seu povo. Trata-se de uma dimensão horrível que se soma a longa crise econômica pela qual tem passado o próprio Irã.

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Geopolítica da guerra contra o Irã (I)

Autor: Michael Hudson [1] – Couterpunch – 23/06/2025

A lógica neoconservadora

 Os opositores da guerra com o Irã dizem que a guerra não é do interesse americano, visto que o Irã não representa nenhuma ameaça visível para os Estados Unidos. Esse apelo à razão não apreende a lógica neoconservadora que vem guiando a política externa dos EUA por mais de meio século e que agora ameaçou engolir o Oriente Médio na guerra mais violenta desde a Coréia.

Essa lógica é tão agressiva, tão repugnante para a maioria das pessoas, tão violadora dos princípios básicos do direito internacional, das Nações Unidas e da Constituição dos EUA, que subsiste uma timidez compreensível dos donos dessa estratégia para explicar o que está em jogo. Contudo, ela aponta para a necessidade de derrotar o Irã e dividi-lo em regiões étnicas distintas.

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