Geopolítica da guerra contra o Irã (III)

Ben Norton [1] e Michael Hudson [2]

Entrevista

Ben Norton: Michael, obrigado por se juntar a mim. É sempre um verdadeiro prazer ter você como entrevistado.

Vamos falar sobre este artigo que você escreveu, no qual você argumenta que a guerra contra o Irã é parte de uma tentativa dos Estados Unidos de impor sua hegemonia unipolar ao mundo.

Vemos que estamos vivendo cada vez mais em um mundo multipolar. E o Irã, nesse mundo, tem desempenhado um papel importante como membro do BRICS, como membro da Organização de Cooperação de Xangai e como parceiro da China e da Rússia. O Irã também tem procurado contribuir para a desdolarização do sistema financeiro global.

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China destrona EUA como lider mundial em pesquisa

Autor : Imran Khalid [1]SinPermiso06/04/2025

Na última década, houve uma profunda mudança no mundo acadêmico global que alterou fundamentalmente a hierarquia da pesquisa científica. Antes considerada um ator periférico na ciência de ponta, a China agora subiu para a vanguarda da excelência acadêmica. Os últimos rankings do Nature Index revelam uma tendência impressionante: nove das dez maiores instituições de pesquisa do mundo são agora chinesas, com a Universidade de Harvard sendo a única presença ocidental no alto escalão.

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Globalização, capitalismo e hegemonia

Andrea Cavazzini [1] – Sin Permisso – 30/08/2024

A ascensão e o aguçamento da rivalidade entre a China e os Estados Unidos são frequentemente reduzidos a desejos pessoais de supremacia (Trump vs. Xi Jinping em particular), quando não são apresentados como uma simples reiteração da eterna batalha do Bem (Ocidente, democracia) contra o Mal (Oriente, despotismo). Pelo contrário, em seu último livro, o economista Benjamin Bürbaumer se propõe a descrever e explicar essa rivalidade. Eis que ela determina algumas das transformações mais importantes da ordem mundial atual, com base em uma análise do capitalismo e suas contradições.

O contexto global em que vivemos é amplamente marcado não apenas pela relação cada vez mais contenciosa entre a China e os Estados Unidos, mas também por uma aceleração da capacidade da China de modificar estrategicamente a ordem institucional – econômica, social e política – do mundo contemporâneo. É urgente elaborar análises o mais ricas possível dessa situação, para entender não apenas as metamorfoses das relações capitalistas e suas alternativas internas, mas também (obviamente) tentar decifrar as possíveis perspectivas de sua abolição.

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Outro império do mal?

Autora: Elizabeth Schmidt [1] – Sidecar – 24/07/2024

A crescente presença da China na África chamou a atenção global. À medida que seus acordos comerciais e investimentos eclipsaram os do Ocidente, políticos dos EUA e da UE deram o alarme: Pequim, dizem eles, está explorando os recursos do continente, ameaçando seus empregos e apoiando os seus ditadores; ademais, está deixando de lado as considerações políticas ou ambientais.

As organizações da sociedade civil africana fazem muitas das mesmas críticas, ao mesmo tempo em que apontam que os países ocidentais há muito se envolvem em práticas semelhantes. Na mídia anglófona, a maioria das avaliações das perspectivas da China é obscurecida pela retórica da Nova Guerra Fria, que enquadra Xi Jinping como um sujeito que visa dominar o mundo. Pede-se, assim, às forças da civilização que o detenham. Ora, como se poderia fazer uma análise mais sóbria? Como se deve entender o papel da África nessa matriz geopolítica hostil?

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