Sociabilidade associal: Marx e Freud

Autor: Eleutério F. S. Prado [1]

Essa nota tem um caráter experimental. Faz-se aqui uma nova tentativa de encontrar um nexo entre as concepções de Karl Marx e Sigmund Freud, as quais são e não deixaram de ser heterogêneas entre si mesmas. E ela se segue à tentativa feita no artigo Capitalismo e pulsão de morte (2024). Sem pretender contrariá-lo, retoma-se a sua linha de pensamento e as suas teses principais. Ora, esse novo ensaio se tornou necessário face ao desafio encontrado na leitura de um artigo de Samo Tomšič que versa sobre o caráter antissocial da sociabilidade capitalista (2024).

Segundo Tomšič ambos esses autores investigam e expõem características centrais da sociedade moderna, mesmo se um deles enfoca essencialmente a sociabilidade da relação de capital e o outro a constituição da psique humana-social nessas condições históricas. Eis como ele apresenta o problema:

Embora eles certamente permanecessem atados ao espírito de seu tempo, (…) Marx e Freud desenvolveram métodos e conceitos fundamentais que lhes permitiram vislumbrar por traz do “véu fenomenológico” que cobre a realidade econômica, social e subjetiva, tal como ela aparece ao aparato sensual e intelectual do observador humano consciente. Eis que esse desvelamento apresentou, seja no contexto crítico seja no contexto clínico, a presença de “excedentes” afins, os quais transcendem as circunstâncias históricas em que foram descobertos. O realismo desses dois pensadores se mostra bem importante precisamente quando as crises sociais se tornam mais intensas”. (Tomšič, 2024, p. 89).

Para Tomšič, pois, a vida individual e coletiva sob o capitalismo está regida pela produção de “excedentes” supostamente homólogos entre si. Eis que provêm de tendências persistentes que comandam o modo de subsistir, respectivamente, na psique e na sociedade. Se a sociabilidade da relação de capital e, assim, do trabalho assalariado, se funda na produção incessante de mais-valor, a vida psíquica encontra-se fundada na obtenção de certo ganho psíquico que também se mostra compulsivo. Ora, o termo Lustgewinn usado por Freud para se referir a esse excedente psíquico recebeu depois outra notação: “Lacan traduziu-o eventualmente por mais-gozar, em referência explícita à categoria econômica de mais-valor” (Tomšič, 2024, p. 91).

Ora, para encontrar o sentido dessas afirmações é preciso desenvolver uma rodada de argumentos. E ela tem de começar por uma reconstrução da dinâmica psíquica encontrada nos textos de Freud. Confia-se aqui na apresentação dessa dinâmica feita por Herbert Marcuse em Eros e Civilização (1981).

Contradições do psiquismo

Vida e morte, dor e prazer, amor e ódio etc. são determinações reflexivas da existência animal e social que devem ser assumidas como tais, ou seja, como contradições dialéticas, para que o pensamento não caia em incoerências. Freud, ao contrário, sem medo de nelas tropeçar, amarrou invariavelmente o discurso da psicanálise a princípios primeiros que lhe tiraram a possibilidade manter fluidez lógica. Como os textos desse autor, em consequência, são ninhos de impasses, é preciso apreendê-los de modo reconstrutivo (Caropeso, 2020). Eis como começa a exposição de Marcuse:

O conceito de homem que emerge da teoria freudiana é a mais irrefutável acusação à civilização ocidental – e, ao mesmo tempo, a mais inabalável defesa dessa civilização. Segundo Freud, a história do homem é a história da sua repressão. A cultura coage tanto a sua existência social como biológica, não só parte do ser humano, mas também sua própria estrutura instintiva. Contudo, essa coação é própria precondição do progresso. (Marcuse, 1981, p. 33).

Ora, em que consiste essa estrutura instintiva? A primeira noção necessária para compreendê-la vem a ser princípio do prazer: “na teoria psicanalítica, não hesitamos em supor” – Freud diz logo na abertura de seu escrito mais controverso – “que o curso dos processos psíquicos é regulado automaticamente pelo princípio do prazer, ou seja, (…) pela evitação do desprazer ou geração de prazer” (Freud, 2010, p. 162). A segunda noção básica apresenta o motor desse processo: “pulsão seria um impulso, presente em todo organismo vivo, tendente à restauração de um estado anterior, a que o vivo teve de abandonar por influência de forças externas perturbadoras” (Freud, 2010, p. 202).

Na versão final de sua teoria, Freud fala em duas pulsões:  uma primária que chama de pulsão de vida e que inclui os impulsos eróticos e os esforços de conservação; uma derivada que denomina de pulsão de morte e que está associada à agressividade contra si mesmo ou contra os outros. As restrições à livre realização da primeira, que ocorrem já na vida natural do homem primordial, implicam na segunda. Eis que a agressividade é acionada sempre que a busca serena do prazer sofre impedimentos. Para além desse estado inicial, para que a civilização se inicie e se mantenha, as gratificações buscadas pelo homem animal têm de ser domesticadas; elas precisam ser restringidas, adiadas e transformadas para que surja o homem civilizado. É assim que surge o homem “racional”, um ser dotado de ego (morada da razão), id (morada das pulsões) e superego (morada das normas sociais) – grosso modo.   

Freud descreveu, com bem mostra Marcuse, essa mudança evolutiva como transformação do princípio de prazer em princípio de realidade.  

A interpretação psicanalítica revela que o princípio de realidade impõe uma mudança não só na forma e tempo fixado para o prazer, mas também na sua própria substância. A adaptação do prazer ao princípio de realidade implica a subjugação e diversão da força destrutiva da gratificação instintiva, de sua incompatibilidade com as normas e relações estabelecidas da sociedade e, por conseguinte, implica a transubstanciação do próprio prazer. (Marcuse, 1981, p. 35).

Apesar do caráter não-histórico das noções freudianas, elas foram desenvolvidas no interior de uma sociabilidade específica e num certo momento histórico e geográfico. Para apresentar a sua historicidade implícita, Marcuse, extrapolando os conceitos formulados pelo próprio Freud, cria dois outros complementares: mais-repressão e princípio do desempenho. Adiciona o primeiro para mostrar que os modos de produção até agora existentes, baseados em classes sociais antagônicas, impõem mais repressão do que aquela necessária numa forma de vida comunitária, já num nível avançado de desenvolvimento das forças produtivas.  Adiciona o segundo para apreender o modo de subsunção do homem à civilização no modo de produção de capitalista.

Ao introduzirmos o termo mais-repressão focalizamos o nosso exame nas instituições e relações que constituem o corpo social do princípio de realidade (…) na civilização contemporânea. Temos, pois, de descrevê-la de acordo com o [seu] princípio de realidade específico (…), [o qual] designamos por princípio de desempenho a fim de dar destaque ao fato de que, sob o seu domínio, a sociedade é estratificada de acordo com os desempenhos econômicos concorrentes dos seus membros. (Marcuse, 1981, p. 51)

Dito de outro modo, o capitalismo subjuga o prazer que os homens podem obter fazendo com que atendam às suas próprias necessidades, vindas do “estômago ou da fantasia”, num sistema em que as relações sociais se dão por meio de relações de mercadoria e, assim, de dinheiro e de capital. Ao fazê-lo, ativa a agressividade e a conduz, ao mesmo tempo, para o trabalho e para a competição seja pelo trabalho seja pelo produto do trabalho: valor de uso e valor, mas sobretudo mais-valor. Põe, assim, os homens como suportes seja da força de trabalho seja dos meios de ganhos (sejam eles de produção ou de acesso à renda), os quais assumiram já, respectivamente, as formas de simples mercadoria e de capital. Sob essa sociabilidade concorrencial, os homens vivem sob alienação; eis que a engrenagem social os faz trabalharem para sobreviver sem que eles dela tenham um bom conhecimento.  

A sociabilidade associal

 As reflexões psicanalíticas de Freud ocorreram no capitalismo europeu do final do século XIX. De qualquer modo, posto esse quadro mínimo, é preciso voltar agora ao texto de Samo Tomšič que versa sobre as condições da vida social sob esse modo de produção e que busca apreendê-las buscando um fulcro comum nas concepções de Marx e Freud.

“Em tempos tão críticos, as obras de Marx e Freud não se mostram redutíveis às estreitas estruturas históricas em que nasceram (…). Assolados pela crise no presente, as suas obras reinventam agora potenciais emancipatórios. Ao mesmo tempo, elas demonstram que continuam ambas a causar um certo mal-estar – o Unbehagen freudiano. Eis que, repetidamente, nos confrontam com um aspecto problemático de nossa realidade social, o qual se prefere muitas vezes remover, ignorar e, de fato, reprimir – a saber, a agressividade, hostilidade e crueldade inerentes ao modo de produção capitalista”. (Tomšič, 2024, p. 89).

Sendo assim, o que Marx apresenta nesse sentido? Em síntese, ele expõe em O capital e em obras conexas como ocorre o processo de reprodução da estrutura de relações sociais que constitui o modo de produção capitalista. Se nos modos anteriores as relações de produção eram diretas, neste último elas são indiretas, encontram-se mediadas por mercadorias. As formas sociais objetivadas, em consequência, se mostram como fetiches que prendem os homens e os mantêm nessa ilusão real, de tal modo que eles permanecem alienados. Se Marx em sua obra prima, parte da mercadoria, o seu objetivo maior é explicar o evolver da relação de capital, ou seja, a produção de valor e de mais-valor, a circulação de capital e a repartição do mais-valor entre as classes sociais.

“Marx demonstrou rigorosamente que, no capitalismo, a violência, a agressividade e a crise não devem ser tomadas como desvios de uma norma inerente à socialidade capitalista, como se tivessem sido corrompidas pela ganância individual, estatal ou corporativa. Pelo contrário, são consequências lógicas da organização da produção do capitalismo em torno da produção continua de mais-valor. O capitalismo é um desequilíbrio organizado, uma violência sistêmica contínua, uma obsessão com o aumento constante do valor, algo que mais tarde na história foi batizado de “crescimento econômico”. (Tomšič, 2024, p. 90).

Por outro lado, o que Freud apresenta nesse mesmo sentido? Segundo Tomšič, o psicanalista vienense, ao cuidar de seus analisandos, também foi confrontado com as consequências de uma sociabilidade marcada por concorrência, agressividade e violência. Se assim tomou ciência do sofrimento humano, enfrentou também as agruras porque passam as mentes dominadas pelas normas e injunções de um superego exigente e cruel.

“Apesar de seu caráter especulativo (…), os escritos culturais maduros de Freud abordam de forma inequívoca a questão-chave das tendências contraculturais dentro da cultura, tendências que Freud também reuniu na noção de pulsão (Trieb). (…) Freud propôs vários nomes para apontar essa dimensão problemática e antissocial da pulsão – a controversa pulsão de morte e a pulsão um tanto menos proeminente, mas não menos crucial, de agressividade. Eis que são duas manifestações da mesma força violenta que Freud associa explicitamente a instituições culturais, como religião e moralidade, mas também à economia social”.[2] (Tomšič, 2024, p. 91).

Ambos esses autores, portanto, mostraram que as condições de vida sob o capitalismo estão dominadas por uma lógica compulsiva que se mostra como acumulação ilimitada ou “produção pela produção” no caso de Marx e como compulsão à repetição na busca de satisfação no caso de Freud, a qual Lacan, indo além do seu antecessor verdadeiramente ilustre, chamou de “mais-gozar” (plus de jouissance). Eis que o sistema da relação de capital exige o adiamento constante do prazer associados às pulsões de vida, pois permite apenas um ganho associado às pulsões tanatórias, que esse último autor chamou de gozo (jouissance). Se uma certa lógica assim se apresenta num caso e no outro, é porque ela tem um caráter comum que Hegel conceituou como má infinitude.[3]

A temática de Marx em O Capital e o amplo envolvimento de Freud com o meio cultural, tal como ocorre em O mal-estar na civilização, cruzam-se, portanto, na conceituação de um objeto excedente homólogo, bem como na formulação de um diagnóstico surpreendentemente semelhante, segundo o qual vivemos em um sistema social que organiza o antissocial. Pois, ao funcionar, ele desmantela ativamente os laços que mantêm unidas a sociedade e a subjetividade para extrair delas excedentes igualmente antissociais – mais-valor e mais-gozar, respectivamente. (Tomšič, 2024, p. 92).

Dito de outro modo, como o sistema da relação de capital, ou seja, o capitalismo, é baseado no individualismo possessivo e na competição generalizada, ele dever ser apreendido, segundo Tomšič, como sistema da sociabilidade antissocial. Se a reação ao modo de vida que impõe pode consistir em indignação e solidariedade, espontaneamente ele gera ressentimento e vitimismo. Veja-se, então, como Tomšič expõe o problema.

Usina de ressentimento

Marx, em O capital, no final do capítulo sobre a transformação do dinheiro em capital,indicou que subsiste uma contradição entre o social e o individual no capitalismo. Os indivíduos proprietários e auto-interessados não formam uma comunidade: “A única força que os unem e os põe em relação mútua é a de sua utilidade própria, de sua vantagem pessoal, de seus interesses privados”. E essa disposição, segundo a doutrina liberal apologética, é vantajosa: “justamente porque cada um se preocupa apenas consigo mesmo e nenhum se preocupa com o outro que todos, em consequência de uma harmonia preestabelecida das coisas ou sob os auspícios de uma providência todo-astuciosa, realizam em conjunto a obra de sua vantagem mútua, da utilidade comum, do interesse geral” (Marx, 2023, p. 323). Assim, ela esconde sob uma harmonia imaginária a desarmonia que grassa no capitalismo enquanto tal.

A expressão mais superficial desse caráter antissocial é a relação de competição que vigora na esfera econômica, que é imposta como o paradigma do vínculo social na organização capitalista do ser social. Desde Nietzsche, essa relação está associada a um afeto antissocial específico, o ressentimento, que ressoa também em Freud já que ele problematiza o aumento da agressividade na condição cultural moderna.

No entanto, ao contrário da perspectiva de Nietzsche, o afeto em questão não é simplesmente uma reação “patológica” ou “psicológica” à desigualdade, à injúria e à injustiça. De um ponto de vista mais estrutural, o ressentimento é uma manifestação psíquica e corpórea das relações econômicas de competição, que expressa o funcionamento compulsivo dessas relações em indivíduos e grupos sociais.

Como o ressentimento envenena as diferenças, o ser social que põe está marcado pela hostilidade mútua. Se o ser social carrega a significação de “ser-com” e eventualmente de “ser em comum”, então o ressentimento sinaliza a subversão antissocial do ser social em “ser-contra”, um modo de ser que corresponde ao esforço capitalista pela “privatização” total do social e do comum, ou mais geralmente, um esforço para expropriar os sujeitos políticos de seus corpos, suas vidas e, finalmente, de toda estrutura que lhes forneceria condições (materiais e imateriais) para a reprodução da vida. (Tomšič, 2024, p. 93-94).

As condições existenciais do capitalismo, em que a igualdade e a liberdade são apenas falsas aparências socialmente necessárias para que ele subsista, elas produzem continuamente frustração, sofrimento e sentimento de injustiça. Ora duas reações são em princípios possíveis. A primeira delas vem a ser a indignação que clama pela crítica social e pela política radical e que suscita, por meio dela, a transcendência do individualismo em nome da solidariedade; a segunda consiste no ressentimento que pressupõe uma incapacidade para ir além dessas condições competitivas e essencialmente assimétricas. Se o ressentimento consiste também em afeto que responde ao sentimento de injustiça, ele mistifica sobre as suas causas e se mostra covarde no enfrentamento do problema. Ao abdicar da crítica e da solidariedade e, assim, da satisfação que a boa luta proporciona, o indivíduo ressentido passa a extrair gozo, ou seja, uma satisfação insatisfeita e compulsiva, do próprio sofrimento.

Uma vez que a injustiça é desacoplada de sua causa real, ela fomenta uma economia libidinal em que o ressentimento sinaliza a extração de prazer do sofrimento. O ressentimento, portanto, para repetir, oferece ao sujeito uma “outra satisfação” (Lacan); ele sinaliza que uma economia libidinal exploradora foi organizada no contexto das causas estruturais obscuras do sofrimento. O outro lado – e, portanto, a verdade oculta – do ressentimento é “Lustgewinn”, o prazer como um produto excedente, resultante de suportar sofrimento e injustiça.

Isso significa também que precisamos reconhecer no ressentimento uma modalidade do que Freud, em sua discussão sobre a resistência do analisando à psicanálise, chama de “fuga para a doença” (Flucht in die Krankheit) e “lucro da doença” (Krankheitsgewinn). Esse lucro é obtido graças ao “esquecimento” (repressão), o qual impede o sujeito de elaborar as causas estruturais do seu sofrimento.

Ambos os fenômenos clínicos, para Freud, exemplificam e radicalizam a resistência inconsciente, o que significa que eles representam a resiliência da estrutura problemática na qual o sujeito está inserido. No ressentimento, podemos, portanto, observar um afeto sistêmico, na junção do subjetivo e do estrutural, que representa a expressão material da resistência sistêmica no sujeito, impedindo-o de afrouxar e, eventualmente, transformar a problemática economia antissocial. (Tomšič, 2024, p. 97-98).

Posto isso, com mais uma citação de trecho do artigo de Tomšič, encerra-se esse texto que não tem qualquer outra pretensão além de ser uma forma de apreender a sua mensagem. Se Nietzsche, na perspectiva de seu individualismo heroico, pensou o ressentimento como inveja de outros ou como roubo de satisfação, felicidade e vida plena por parte de outros, a crítica da economia política o encara como o afeto por excelência do sujeito sistemicamente assujeitado que sabe pouco e se omite de querer saber mais sobre a natureza dos seus grilhões.

O ressentimento não é simplesmente um estado afetivo, presente em todo sistema social injusto, mas o afeto sistêmico chave do capitalismo. Eis que reflete o fato de que o indivíduo do capitalismo está sempre já preso na posição de impotência. O grande problema do ressentimento é – repetindo – que ele mistifica ativamente as causas reais da miséria social, obscurece assim a visão das relações estruturais de exploração e alimenta falsas etiologias de sofrimento. (Tomšič, 2024, p. 98).

Referências

Caropreso, Fátima – Estrutura conceitual e impasses teóricos em Além do princípio do prazer. In: Volutas, 2020.

Freud, Sigmund – Além do princípio do prazer. In: Freud (1917-1920). São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Marcuse, Herbert – Eros e civilização – Uma interpretação filosófica do pensamento de Freud. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

Marx, Karl – O capital – Crítica da Economia Política. Livro I. São Paulo: Boitempo, 2023.

Prado, Eleutério F. S. – Marx contra Lacan – Psique, alienação e práxis. São Paulo: Lutas Anticapital, 2014.

______________ – Capitalismo e pulsão de morte. In: Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, nº 68, 2024.

Tomšič, Samo – The antisociality of capitalism (some preliminary reflections). In: Libidinal economies of crisis times, ed. Ben Gook. Bielefeld: Transcript Verlag, 2024.


[1] Professor aposentado da FEA/USP. Correio eletrônico: eleuter@usp.br; Blogue na internet: https//eleuterioprado.blog.

[2] Vale lembrar que a pulsão de morte representa a violência dirigida para dentro, para a psique humana (o exemplo freudiano clássico é o masoquismo moral e sexual), enquanto a pulsão de agressividade representa a violência externalizada, cuja manifestação máxima é a guerra; se essa última foi objeto principal de investigação de Freud, ele também considerou várias formas de violência econômica, incluindo a colonial e a ambiental.

[3] Como se mostrou em outro lugar, não há na verdade homologia entre o mais-valor de Marx e o mais-gozar de Lacan (Prado, 2014, p. 167-184).