Introdução
Autor: Eleutério F S Prado
Apresenta-se em sequência um texto de um autor pós-estruturalista que pensa na perspectiva das ideias de Jacques Derrida. Ele se chama Werner Hamacher e sua área de pesquisa está no encontro da Filosofia com a Literatura. O seu escrito versa sobre o que Karl Marx chama de linguagem das mercadorias. Para comentar basicamente certos aspectos do primeiro capítulo de O capital, ele se inspira no livro Espectros de Marx do filósofo contemporâneo já mencionado.
Como os eventuais leitores podem verificar, ele se concentra muito mais na linguagem de O capital do que no seu objeto de exposição, o modo capitalista de produção. Terry Eagleton afirma que esse tipo de preocupação, que escalou no final do século XX, é a contrapartida de uma época em que as esperanças de transformação social se esvaíram. Nessas circunstâncias, pensar o mundo como uma construção da linguagem pareceu interessante para muitos intelectuais de esquerda.
Note-se, entretanto, que essa “operação” de desconstrução, que enxerga o texto em busca de seus pressupostos – e não a sua referência objetiva -, desmaterializa Marx: segundo Pierre Macherey, nessa perspectiva, não é mais a matéria que põe o espírito, mas o espírito que parece pôr a matéria.
De qualquer modo, o que ele diz tem interesse para uma boa compreensão da Crítica da Economia Política. Por que Marx emprega aí o que se chama de prosopopeia? De qualquer modo, ele diz que o “pano fala”.
Língua amissa[1]
Autor: Werner Hamacher[2]
— O pano fala.
É Marx quem diz que o pano fala. E dizendo isso, ele fala a linguagem do tecido, ele fala “a partir de sua alma” com tanta certeza, em sua afirmação, quanto os economistas burgueses que ele critica. A linguagem de Marx é a linguagem do tecido quando ele diz “o tecido fala”. Mas, na linguagem de Marx, essa linguagem do pano é ao mesmo tempo traduzida na linguagem analítica – e irônica – da própria crítica da economia política que define as categorias da linguagem do pano.
Marx fala então, deve-se presumir, duas linguagens: a linguagem em que o tecido se expressa a si mesmo, se tece e se une a tecidos comparáveis e uma outra linguagem que fala sobre e além dessa linguagem do tecido, que afrouxa sua trama, que analisa sua relação com a outra, enredando-a em outra urdidura categorial. Mas trata-se realmente de duas línguas, de duas estruturas linguísticas diferentes ou de apenas de uma duplicação de uma e mesma estrutura?
A crítica da economia política fala outra linguagem, uma nova linguagem ou apenas um dialeto da linguagem do tecido? A duplicação de uma linguagem não pertence talvez à própria estrutura dessa linguagem – a crítica da economia política não fica sob o encanto dessa mesma economia?
Se Marx deve realmente falar uma segunda linguagem, outra linguagem, então essa nova linguagem marxiana ou marxista deve preencher pelo menos uma condição que não pode ser preenchida pela linguagem do tecido: ela deve revelar pelo menos uma categoria que ainda não tem lugar nessa linguagem da economia política, uma categoria que pode se trair nessa linguagem, que pode até dar testemunho de si mesma, mas que não pode pertencer ela mesma ao repertório, à matriz ou patriz dessa linguagem.
Esta outra, esta “alocategoria”[3] poderia – e até mesmo deveria – ter uma forma totalmente peculiar e incomensurável com as categorias da economia política, não sendo talvez nem mesmo uma forma dela. Não seria a linguagem “do” tecido, mas sim, por exemplo, uma linguagem na qual um tecido e “sua” linguagem passam a existir pela primeira vez. Não, talvez, uma coisa falante, talvez uma coisa que não – ou não simplesmente – fala, alguma coisa que, ainda não falante, ainda assim se promete como uma linguagem antes de se pôr a si mesma.
Se eu falo – se simplesmente “falo” – de tecido é por duas ou três razões:
a) porque, no capítulo que abre O capital – no primeiro volume denominado O processo produtivo do capital – sob o título Mercadoria, na seção A forma do valor ou calor de troca, Marx fala de tecido e afirma que o próprio tecido fala;
b) porque Jacques Derrida em Espectros de Marx fala de algo como um pano, um “écran”, como uma superfície de projeção para fantasmas;
c) e, finalmente, porque ambas as referências ao pano sustentam uma relação incômoda com uma das metáforas mais poderosas da tradição filosófica: a metáfora da cobertura, da velação, da mistificação e do fetiche. E assim, também da mesa-fetiche [Fetisch-Tisch] que no capítulo sobre O fetichismo das mercadorias e o seu segredo não só se põe sobre suas pernas e sobre sua cabeça, mas também dança. De seus “caprichos” Derrida tira consequências de longo alcance.
Tais consequências dizem respeito à estrutura do messiânico enquanto dimensão – incomensurável, com certeza – da mercadoria e de sua linguagem, seja ela mesa ou pano, tela ou fantasia; dizem respeito, pois, à promessa messiânica da mercadoria e, por conseguinte, tanto a linguagem da mercadoria quanto da promessa messiânica do capital que se anuncia em suas mercadorias.
O messiânico de que fala Derrida, o “messiânico sem messianismo”, é para ele – embora o faça relativamente a Marx que concede ao religioso um status especial entre os fenômenos ideológicos – não apenas um fenômeno religioso, mas de um que surge da estrutura da fenomenalidade mesmo – de sua nota espectral – e que, portanto, deve se trair no fenômeno arquetípico dominante do mundo econômico: a mercadoria.
A análise da mercadoria desenvolvida – poder-se-ia pensar numa que se delineasse segundo uma das ideias orientadoras da leitura de Marx por Derrida – deve ser uma análise de seu caráter espectral – e isso significa tanto a fenomenalidade da mercadoria quanto o excesso para além dessa fenomenalidade, sua espiritualidade para além de fenomenal e espectral. Isso significa também – e de fato além das fenomenologias e marxismos tradicionais – que essa análise expandida da mercadoria e do capital deve conter uma análise de seu poder messiânico ou (e aqui estou pensando na famosa formulação de Benjamin) de sua fraqueza messiânica. De forma alguma como um apêndice, não como um ornamento “ideológico” ou “propagandista”, não como uma proclamação ou como uma boa nova a ser apresentada além desta análise do mundo-mercadoria, mas como um elemento integrante e de fato “fundamental” dessa própria análise. O tecido-mercadoria não apenas fala, mas ele mesmo promete outra coisa; ele é a sua promessa de outra coisa: como fenômeno, ou seja, como todo fenômeno e todo mundo real e possível, é constituído doravante espectral e messianicamente.
O pano, então ele fala. Isto é o que Marx escreve. Ve-se, então, diz a seção dedicada à Forma relativa do valor,
tudo o que nossa análise do valor das mercadorias nos disse anteriormente nos é repetido pelo próprio tecido, assim que ele se associa a outra mercadoria, o casaco. Só que ele trai seus pensamentos em uma linguagem que é a única que lhe é familiar, a linguagem da mercadoria. Para nos dizer que o trabalho cria seu próprio valor em sua qualidade abstrata de ser trabalho humano, diz que o casaco, na medida em que vale tanto quanto o tecido e, portanto, é valor, consiste no mesmo trabalho que ele mesmo.
A linguagem-mercadoria traduzida – citada – pela linguagem da análise de Marx, essa linguagem-mercadoria ‘trai’ algo e, de fato, ‘trai’ o que comumente não se esperaria das mercadorias, não se esperaria, por exemplo, do tecido: ‘pensamentos’ . O pano não só fala, mas também pensa. Mas fala e pensa exclusivamente na troca com outras mercadorias, com sua própria espécie, em relação a elas e à possibilidade de encontrar nelas seu eco ou seu reflexo.
O pano é pragma (coisa)ou mesmo zóon lógon échon (animal que fala) apenas na medida em que é também um zóon politikon (animal político). Mas sua política, a política da mercadoria, está subordinada à estrita injunção de igualdade entre conceitos abstratos. A linguagem de troca de mercadorias é, portanto, restrita a um mínimo gramatical-sintático no qual apenas proposições de igualdade podem ser formadas.
Tais proposições afirmam regularmente que um quantum particular de uma coisa é igual a um quantum particular de outra coisa, independentemente de essa coisa existir ou não. Portanto, os enunciados da linguagem-mercadoria não são proposições de existência, mas proposições aritméticas de relação que podem reivindicar validade mesmo que a existência de um de seus membros não seja assegurada.
Elas podem, portanto – e a qualquer momento – conter uma sugestão que nunca foi validada por uma realidade ou que nunca poderá ser validada. No entanto, a alegação de validade universal dessa comunicação aritmética entre iguais significa que a linguagem-mercadoria é estruturada como uma sugestão funcional de igualdade, e que suas proposições de equivalência – e ela não conhece proposições que não possam ser reduzidas a proposições de equivalência – apenas falam, em princípio, fingindo a equivalência de seus elementos.
Ao falarem umas com as outras, as mercadorias prometem umas às outras a sua permutabilidade: o único meio em que podem se trocar umas com as outras e se transformarem umas nas outras. Ao falarem, as mercadorias prometem-se umas às outras na linguagem-mercadoria como a linguagem de sua comunicação universal. Suas proposições, por mais aritméticas e reduzidas que possam parecer, não são, portanto, constatativas sem serem ao mesmo tempo simulações, projeções, anúncios ou afirmações. Parecem ter, para retomar uma palavra popular e sugestiva, um caráter performativo.
Se a gramática das proposições na linguagem-mercadoria é limitada pelo horizonte de equivalência, se a pragmática dessas proposições é essencialmente a de uma ficção, ou seja, da realização de uma afirmação lógica ou de um anúncio histórico, então sua semântica também é circunscrita por um horizonte economicamente estreito: são todas proposições sobre valor.
No exemplo de Marx, o pano se entende com o casaco não sobre sua vida amorosa ou sobre o clima, mas apenas sobre a relação que o pano mantém com ele e, por meio dele, consigo mesmo como valor de troca. Em sua semântica, como em sua gramática e sua pragmática, a linguagem-mercadoria é uma linguagem abstrata e especulativa: ela desconsidera todas as determinações “naturais” e se baseia exclusivamente naqueles determinantes formais pertinentes à sua relação abstrata de simetria.
E por isso não consiste apenas numa linguagem de troca, mas também numa linguagem de virada, de inversão, de inversão especular. Nela, cada mercadoria é abstraída de sua individualidade e se apresenta como representante, expressão ou equação, como “quid pro quo” ou metáfora de uma substância geral, do trabalho. “Para nos dizer” – diz Marx –
Que o trabalho cria o seu próprio valor em sua qualidade abstrata de ser trabalho humano, ele [o tecido] diz que o casaco, na medida em que vale tanto quanto ele próprio, é, portanto, valor, consiste no mesmo trabalho que o produziu. Para nos informar que sua objetividade sublime como valor difere de sua existência rígida e engomada como corpo, diz que o valor tem a aparência de um casaco e, portanto, na medida em que o tecido é ele mesmo um objeto de valor, ele e as áreas do casaco como duas ervilhas.”
Para enunciar a diferença – a diferença própria de seu valor em relação a seu corpo – a mercadoria estabelece a sua igualdade com outra coisa. Ela se faz a si mesma, ela se produz como valor e se transforma em coisa de valor somente ao ser desconsiderada como coisa, pondo-se como valor por meio de sua equação abstrata e especulativa com outra mercadoria. Quando uma coisa – o tecido, por exemplo – socializa-se com outra coisa na forma da igualdade, equivalência, simetria e reversibilidade, ela – esse tecido – dá-se o que antes lhe faltava, dá-se um valor e, assim, aparece pela primeira vez no mundo da sociedade das mercadorias, aparece pela primeira vez no mundo, isto é, aparece pela primeira vez.
A sua transformação na outra de si é, portanto, o próprio trazer à tona o tecido, tornando-o objeto de troca e, por meio dessa troca, também de uso. Ao virar-se, como manda a lógica de sua linguagem, ao colocar-se, como diz Marx, “de cabeça para baixo”, ele se põe em primeiro lugar sobre si mesmo, sobre seus “próprios” pés: só se torna objeto desaparecendo como um objeto e se submetendo ao abstrato, ao especulativo, ao “supersensível”, “à sublime objetividade como valor”.
O valor de uso é doravante “o material pelo qual o seu próprio valor se expressa”; na verdade, ele é apenas um material pela graça do valor de troca. Ora, isso significa, como decreta a linguagem da mercadoria, que ele é apenas como valor. E esse valor, tal como se apresenta na “forma simples do valor”, na figura originária da linguagem-mercadoria, por sua vez não existe senão como tal, como sua “incorporação” no material do valor de uso.
O casaco, escreve Marx, é o “portador do valor”, embora essa propriedade nunca apareça como tal, mesmo quando o casaco está mais puído… Apesar de sua aparência abotoada, o tecido reconhece nele uma parente, uma esplêndida alma-mercadoria. E isso pode ser reconhecido de uma mercadoria em outra apenas de maneira não-sensível, uma vez que nunca se mostra como um aspecto “natural”, essa “alma-mercadoria” é, no entanto, encarnada: mesmo o tecido “como valor” sendo o mesmo que o casaco e, portanto, “tem a aparência de um casaco”, do mesmo modo “como duas ervilhas”.
A atualidade do valor geral e abstrato – uma realidade que lhe é conferida pelo que Marx chama de linguagem e alma da mercadoria – é desde seu início revertida, invertida no que Marx chama de sua forma natural: a linguagem de troca das mercadorias é uma linguagem de inversão [Vertauschung] da linguagem. E a realidade das mercadorias – é uma inversão que parece tanto mais inevitável quanto parece não haver outra linguagem e nenhuma outra realidade além da linguagem das mercadorias.
O pano, a mercadoria, fala também no homem. De acordo com a lógica da linguagem-mercadoria, “como ele não entra no mundo na posse de um espelho, nem como um filósofo fichtiano que pode dizer “eu sou eu’”, Pedro deve “ver e reconhecer” a si mesmo como um ser humano em Paulo e ganhar sua “forma de aparência” como Pedro apenas identificando-se como a encarnação de sua reflexão generalizadora. Somente no meio especulativo da linguagem das mercadorias, somente na linguagem da mercadoria como linguagem-espelho, podem Pedro e Paulo virem a ser eles mesmos, tornarem-se da mesma espécie do “gênero humano”, compartilharem esse gênero.
A linguagem mercantil é, portanto, o padrão de humanização que eleva todos os que dela se valem aos apóstolos Pedro e Paulo em sua igualdade e humanidade geral. Portanto, o “homem”, embora Marx conteste isso explicitamente, vem ao mundo com um espelho, pois antes que haja um outro especular e o eu apareça como sua encarnação ou reencarnação, ele não existe como “homem”. O eu-espelho cria o “eu” assim como o valor-espelho cria a mercadoria.
A dialética especulativa da autoconstituição segue assim o padrão especulativo da produção de mercadorias e de capital. Da mesma forma, a autoconstituição só é possível como a transformação [Verfuhrung] da forma pré-humana do “eu” em representante de sua abstração não humana, absolutamente formal. Eu, homem, coisa e mercadoria só apareço aparecendo como elemento da forma-valor e como formados pela forma-valor. A sua linguagem é apenas uma posição da forma, posição do valor, equalizadora – uma linguagem-mercadoria na qual eles são constituídos e conservados como mercadorias.
Sua linguagem os transforma – “humanos” assim como as “coisas” – em mercadorias. A linguagem-mercadoria, portanto, não significa que existam mercadorias que, além disso, sejam dotadas de uma linguagem particular; significa que elas são mercadorias apenas em virtude dessa linguagem e que somente essa linguagem os qualifica como mercadorias, as identifica e as forma. A linguagem-mercadoria as designa como mercadorias, pondo-as como sintagmas, como mercadorias performáticas.
Tanto em O capital como em seus escritos anteriores, Marx constantemente enfatiza que a mercantilização universal prevalecente com o desenvolvimento do capitalismo apresenta o resultado de uma complexa história de desenvolvimentos tecnológicos, econômicos e políticos. O que indica um progresso irreversível na liberação das forças produtivas, bem como a libertação da escravidão, da servidão, da desigualdade e da pobreza.
A linguagem mercantil não é apenas uma linguagem histórica – isto é, finita; é também, como mostra sua nota de rodapé sobre a gênese especulativa do “genus homo”, uma linguagem de equalização, socialização e autonomização e, portanto, da promessa de mais libertações dos pesos, por um lado, do isolamento e, por outro, da organização hierárquica – mesmo da libertação dos conceitos de liberdade determinados pela linguagem-mercadoria. Isto envolve sobretudo a promessa messiânica de libertação feita pelo judaísmo-cristianismo. A religião faz isso, insiste Marx em todos os seus escritos, dentro dos limites da proposição especulativa da linguagem-mercadoria.
O “Wertsein”, o “ser valor” do pano, ele escreve (na mesma seção sobre a forma relativa do valor), “manifesta-se em sua igualdade com o casaco, assim como a natureza ovelha do cristão é mostrada em sua semelhança com o Cordeiro de Deus.” O cristianismo celebra o “culto do homem abstrato”, assim como a linguagem mercantil celebra o culto do trabalho humano abstrato. A natureza da ovelha e a abstração de Deus se reconciliam no cordeiro como encarnação da equivalência formal: eles aparecem como iguais porque a própria igualdade aparece neles.
A linguagem mercantil é, portanto, não apenas uma linguagem da economia burguesa, não é apenas a linguagem da constituição do sujeito burguês abstrato e, portanto, a linguagem da ontologia da subjetividade, ela é ao mesmo tempo a linguagem da teologia, da ontoteologia e, especialmente – acrescenta Marx – “em seu desenvolvimento burguês, no protestantismo, no deísmo etc. O messianismo do cristianismo é, numa palavra, o messianismo da linguagem das mercadorias: incorpora um valor geral e transistórico. É neste sentido que se deve entender o seguinte comentário de Marx:
Observemos que, incidentalmente, a linguagem das mercadorias também tem, além do hebraico, muitos outros dialetos mais ou menos corretos. O alemão “Wertsein”, “ser valor” e “ser valioso”, por exemplo, revela menos surpreendentemente do que os verbos românicos “valere”, “valer”, “valoir”, que a equiparação da mercadoria B com a mercadoria A é a expressão de valor própria da mercadoria A. Paris vaut bien une messe!
Marx vê as línguas, incluindo o hebraico, a língua sagrada e a linguagem do comerciante, como dialetos da linguagem universal da mercadoria. O verbo românico “valere” articula sua mensagem política e econômica mais precisamente no enunciado de Henrique IV, unindo a conversão ao catolicismo com a conversibilidade do valor que é residir na capital francesa e suas funções políticas. Paris vaut bien une messe. Esta é a fórmula da transubstanciação teo-econômica, a fórmula do messianismo da linguagem-mercadoria.
NOTAS
[1] Primeiras páginas do artigo Lingua Amissa: The messianism of commodity-language and Derrida’s Specters of Marx. In: Ghostly demarcations – A symposium on Jacques Derrida’s Specters of Marx – Ed. Michael Sprinker, Verso 1999.
[2] Biografia: Hamacher estudou Filosofia, Literatura Comparada e Estudos Religiosos na Universidade Livre de Berlim e na École Normale Supérieure (Paris), onde entrou em contacto com Jacques Derrida — que o influenciou no movimento filosófico da Desconstrução. Foi professor de Língua Alemã e Ciências Humanas na Universidade Johns Hopkins, tendo também lecionado durante vários anos na Universidade de Nova Iorque. Atualmente é professor no Instituto de Literatura Geral e Comparada da Universidade de Frankfurt (Institut für Allgemeine und Vergleichende Literaturwissenschaft) e na European Graduate School em Saas-Fee, Suíça.
[3] Ou seja, categoria outra.