Eis como, os autores – fazendo uso de um pensamento positivo moderado – consolam-se diante de uma situação que se afigura como desconsolada: “mantemos o otimismo; acreditamos no capitalismo; continuamos a crer que a globalização e a mudança tecnológica podem ser orientadas em benefício de todos”.
A situação social que descrevem em Mortos pela desesperança e o futuro do capitalismo (Deaths of despair and the future of capitalism. Princeton University Press, 2020) apresenta-se como desastrosa, indignante e cruel, mas ao invés de fazer uma crítica radical do sistema que, aliás, chamam pelo seu verdadeiro nome, preferem vê-lo apenas como mal administrado.
Anne Case e Angus Deaton, dois economistas consagrados da Universidade de Princeton (EUA), documentam nesse livro, de certo modo corajoso, os infortúnios, as ofensas sistêmicas e os bloqueios de perspectiva que os trabalhadores brancos menos instruídos (classe operária) vêm enfrentando na sociedade norte-americana.
Para mostrar que essa obra tem, sim, valor descritivo para compreender o que ocorreu nas últimas décadas com o sonho americano, leia-se a nota crítica se encontra aqui: Mortos por desesperança
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