Neste post se apresenta criticamente o livro de Anselm Jappe, A sociedade autofágica – capitalismo, desmesura e autodestruição (Antígona, 2019). Como se pode ver pelo próprio título, esse autor não apresenta um futuro otimista para a sociedade humana fundada no capitalismo. Para ele, a civilização alcançada, agora agoniza e cambaleia no sofrido planeta Terra.
Para apresentar a sua concepção, Jappe se vale de uma metafora: o mito grego de Erisícton, que fora supostamente rei de Tessália numa época distante. Vendo o mundo como parte integrante de seu domínio ilimitado, ele abate uma árvore sagrada para empregá-la na construção de seu palácio.
Eis que o seu ego narcisista desse monarca não tem qualquer limitação e, por isso, não é capaz de cultivar o razoável, o bom senso em sua relação com o mundo. Deméter, a deusa das colheitas, diante desse grave delito, despertou nele, como castigo, uma fome insaciável.
Para satisfazê-la, esse rei passou então a comer tudo o que encontrava em sua volta; depois de destruir a natureza e, assim, o seu próprio reino, como a sua fome não tinha limites, sem qualquer alternativa, ele passou a comer a si mesmo.
Ora, algo parecido com isso o que se delineia no horizonte da sociedade humana no vigésimo primeiro milênio da civilização ocidental que se orgulha de ser racional e livre? Ou será que essa compreensão esconde uma metafísica real, aquela da acumulação insaciável de capital?!
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