O impedimento (impeachment) de um presidente da república está, desde o dia 3 de dezembro de 2015, novamente na pauta das preocupações dos brasileiros. Depois de um processo eleitoral muito acirrado, movido por muito dinheiro, legal e ilegal, e por muita mentira, flagrante e oculta de quase todos os partidos, da situação e da oposição, surge uma tentativa de interromper o mandato da atual presidente da republica. É importante tentar saber o porquê. Uma contribuição encontra-se aqui: Impedimento e neoliberalismo. O post sugere que a governança tecnocrática – inspirada fortemente na racionalidade neoliberal -, aproveitando as fraquezas políticas e os desvios éticos do lulismo e do petismo, quer tornar ainda mais rasa e frágil a democracia no Brasil.
Entretanto Eleotério, o governo Dilma, com a força de alguns ministérios ultraliberalizantes e de um pacto com o capital financeiro, não realiza o projeto ultraliberalizante que você menciona?
O PT que está no governo não é puramente neoliberal, mas opera no campo neoliberal. Ele combina esta orientação à direita com uma política distributivista à esquerda – daí a enorme contradição. Basta ver que ele aceitou as regras da concorrência política contemporânea que está também marcada pelo neoliberalismo. Ele aceitou as formas de financiamento e de fazer política por meio do marketing. Há, entretanto, alas do PT que são críticas.
Caro Eleotério!
Mesmo havendo esta enorme contradição, combinando à direita e à esquerda, é possível afirmar que a política distributiva à esquerda só se realiza porque garante enormes lucros para o capital financeiro. Isso pode ser observado pela baixíssima fatia do orçamento destinada ao programas sociais em contrapartida às enormes fatias aos banqueiros, fundos, etc. O fato de não ser puramente neoliberal, como você sugere, dificulta a compreensão dos elementos viscerais ultraliberalizantes que definem os “pés” do governo. É possível dizer que as políticas distributivas, realizadas pelos governos do PT, caracterizam o projeto neoliberal?
Caro Dauto
Considero o PT-Governo ambíguo. Eles oscila entre social-democracia e o neoliberalismo. As políticas distributivas do PT estão tendo a oposição de partidos como o PSDB, o DEM e, agora também, do PMDB (Temer). Não são, portanto – penso – neoliberais.